A marca Coquetel Molotov, que já foi um programa de rádio e uma revista, este ano comemora 20 anos de festival No Ar Coquetel Molotov. A organização promete entregar ao público uma edição histórica, que acontecerá neste sábado, 21, no Centro de Convenções da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife (PE).
O festival continua sendo um dos eventos mais aguardados no circuito de festivais nacionais e os ingressos estão à venda na Sympla. A edição comemorativa de 20 anos do No Ar Coquetel Molotov terá mais de 12 horas de programação musical e apresentações de 35 artistas com um line up composto de 60% de artistas negros.
A diversidade não é só de ritmos, o Molotov é um festival inclusivo e comprometido com a iniciativa Keychange, que coloca 60% de artistas femininas na programação, além de ter o compromisso com pautas de inclusão com equipe técnica e curadoria composta por pessoas LGBTQIAPN+ e PCDs.
A estrutura do festival conta com três palcos e, no Molotov, que é o principal do evento, o público assistirá aos shows dos headliners. No palco Natura é onde pode ser vista a curadoria visionária, pela qual o festival é conhecido, trazendo à tona talentos emergentes e nomes inéditos.
O palco KMKAZE, que chega à sua segunda edição, é onde o público vai curtir musica eletrônica, com a curadoria de Libra Lima, o mesmo sucesso do ano anterior. “Mapeamos artistas da música experimental e autoral eletrônica brasileira. A experiência do palco 360° cria essa estufa sonora que transporta o público para dentro das pesquisas dos artistas presentes no kamikaze, que este ano trazem o que há de mais novo e audacioso entre as experimentações da nova cena nordestina e nacional”, afirma Libra Lima, a Dj Idlibra.
Futuro Black
Pela primeira vez na programação do Molotov, haverá a participação de uma feira exclusiva de afroempreendedores, a Futuro Black. Serão 25 lojas do ramo da Moda, arte, gastronomia, beleza e mais. A Futuro Black é uma empresa social que impulsiona vidas negras. Fundada em 2021 pelo jornalista e empreendedor social Thiago Augusto, a iniciativa tem um banco de talentos de pessoas pretas e promove eventos, cursos e consultorias como ferramentas de não reprodução de preconceitos e estereótipos com relação a população negra dentro e fora do mercado de trabalho. Em 2023, foi inaugurada a loja física da Futuro Black que trabalha com afroempreendedores do ramo da beleza, moda afro-brasileira e sustentabilidade.
Negócios
Na semana pré-festival, o Pátio de São Pedro, na região central do Recife, vai abrigar entre os dias 18 e 20 de outubro o Coquetel Molotov Negócios, um evento de caráter formativo que reúne artistas, produtores, curadores e agentes criativos da música para palestras, debates e pitchings. A programação ocorre dividida nas casas que compõem o complexo cultural do Pátio com ações na Casa do Carnaval, Núcleo Afro e Memorial Chico Science. E após as atividades diurnas, o público pode ainda desfrutar de showcases gratuitos com artistas locais e convidados à noite.
Sustentabilidade e Acessibilidade
Por trabalhar com diversas iniciativas de responsabilidade ambiental, o festival No Ar Coquetel Molotov possui o Selo Evento Neutro de Responsabilidade Compartilhada. As emissões de carbono de toda a programação do evento são quantificadas e compensadas com uma calculadora de emissões on-line para o público poder acompanhar. Cada tonelada de CO² emitida no festival é compensada com a compra de 1 crédito de carbono de projetos brasileiros certificados valorizando a “mata em pé” incentivando a preservação e o não desmatamento de áreas verdes.
O No Ar tem ainda a crescente preocupação em se tornar um evento 100% acessível. Nesta edição, o Coquetel Molotov terá listas PCD gratuita que garante que estas pessoas historicamente excluídas de eventos de lazer e cultura possam participar do festival. Além disso, o evento conta com intérpretes de libras no palco e monitores presentes pelo local. Este é um festival que democratiza o acesso de pessoas LGBTQIAPN+ tanto nos palcos, em sua equipe de trabalho, quanto no público – através de uma política de gratuidade de ingressos para pessoas trans.
Conheça os artistas negros
Gaika
O multifacetado músico londrino Gaika apresenta o seu último disco “Drift”. A experiência do artista no dance hall e o interesse por samples significam que, como produtor e MC, ele pode se inspirar em muitas fontes. Em sua apresentação, Gaika vem se somar aos ritmos afrobrasileiros do Afoxé Oyá Alaxé. Esta agremiação de cultura popular nasceu dentro do Ilê Obá Aganjú Okoloyá – Terreiro de Mãe Amara – terreiro de tradição nagô fundado em 1945. A pedido da Orixá Oyá (orixá representada pelos ventos e raios), o Afoxé Oyá Alaxé foi fundado em 2004 pela Yakekerê do Ilê Obá Aganjú Okoloyá e mestra da cultura popular Maria Helena Sampaio.
Marcelo D2
É incrível pensar que Marcelo D2 chega pela primeira vez ao festival No Ar Coquetel Molotov e traz consigo na mala o show de seu novo disco, “IBORU”. Traduzido livremente do Yoruba, o título significa “que sejam ouvidas as nossas súplicas”, sendo este o nome da turnê e manifesto da renovação do compromisso de Marcelo D2 com a cultura popular. Após três décadas de uma carreira consistente, marcada pela busca da inovação, Marcelo D2 agora se volta à própria história para propor uma sonoridade que une o grave do 808 à cadência e a formação clássica do samba de terreiro. A incursão neste estilo não se dá por acaso, vide que, há dois anos, D2 se iniciou no Ifá, religião de matriz africana, e hoje busca a batida perfeita com novas referências. “IBORU, que sejam ouvidas nossas súplicas” é um reconhecimento aos que vieram antes e um convite a quem quer celebrar nas rodas da vida.
Luedji Luna
A pedidos do público Luedji Luna do está de volta ao palco do No Ar. A cantora baiana volta ao Recife para celebrar um novo momento em sua carreira e apresentar músicas do seu novo álbum, “Bom mesmo é estar debaixo d’água – Deluxe” e os maiores sucessos da sua discografia. Dona de uma das vozes brasileiras mais potentes da atualidade, Luedji Luna coleciona aos 34 anos prêmios e se tornou referência da música popular brasileira contemporânea. Em sua arte, Luedji traduz tudo em que acredita fala de pautas raciais, feministas e mergulha em sua ancestralidade.
FBC
Lançando seu novo trabalho com o disco “O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta”, FBC explora as fases da dance music enquanto promove rimas sobre o amor e suas complexidades. Seu disco anterior, “Baile”, causou furor nas redes sociais, levou FBC a programas de TV e apareceu no badalado telão da Times Square, em Nova York. Parceira de feats de sucesso como “Facim” e “Quando o DJ toca”, a cantora pernambucana UANA fará participação especial no show de FBC, sendo esta a primeira vez dos dois juntos num palco no Recife.
N.I.N.A
Um dos principais nomes em ascensão na cena do Grime e Drill no país, N.I.N.A se destacou pelo seu primeiro álbum, “Pele”, lançado ano passado. Oriunda da Cidade Alta, no Rio de Janeiro, N.I.N.A. fez parte da décima terceira edição do Poesia Acústica ao lado de nomes como MC Cabelinho, Xamã e L7nnon. A cantora conquista seu próprio público e vira sensação na cena carioca com seus versos cheios de rima e potência, ela já figura como atração principal em grandes eventos.
Afroito
Revelação pernambucana, Afroito é considerado a nova aposta da música contemporânea e popular. Em seu disco de estreia, “Menga“, o artista reverencia o coco e a ancestralidade na música. Morador da periferia de Olinda (PE) e adepto ao culto dos orixás, o músico traz em suas canções a influência de mestres do gênero, como Selma do Coco, Mestre Ana Lúcia, Aurinha do Coco e Mestre Galo Preto.
MC Luanna
Com rimas ligeiras, MC Luanna apresenta o seu universo com confiança. Nascida na Bahia e residente em São Paulo, a rapper é conhecida por trazer para o rap e trap brasileiro composições que exaltam a sagacidade da mulher preta e de favela. Com o lançamento de “Maldita” (2022), seu primeiro EP, no qual retratou os processos de amadurecimento e afetividade das jovens pretas e periféricas, e “44” (2022), mixtape em que mergulhou na dualidade de sua vida pública e privada, a artista já conquistou mais de 1,5 milhão de ouvintes mensais no Spotify.
ÀTTØØXXÁ
A “batedeira baiana” ÀTTØØXXÁ chega ao festival pela primeira vez. O grupo mistura pagodão, o com o que há de mais contemporâneo na produção do “bass culture” mundial, do sound system à música eletrônica. Com o lançamento do seu novo álbum, “Groove” (2023), a banda inicia uma nova incursão musical, na qual faz intersecções do groove com o pagodão, a black music e o balanço do Brasil, o que dá pluralidade da sua produção. Em sua segunda passagem pelo festival, o grupo baiano recebe a rapper amazonense Anna Suav e o músico pernambucano Ciel.
Bixarte
Bixarte vem com o show “Traviarcado”, apostando em ritmos latinos, etnopop, trap, batidas do Kettu e influências de R&B. Com participações marcantes de artistas trans na produção das faixas, o disco traz à tona a necessidade básica das pessoas enxergarem as travestis e pessoas trans como seres humanos. O álbum de Bixarte reforça a influência dos terreiros de Kettu com menção a Exú e Pombogira – Maria Padilha – a dama da madrugada, rainha da encruzilhada, senhora da magia, o que vai ao encontro da exaltação do prazer feminino em ser livre em suas escolhas.
Brisa Flow
Brisa Flow é uma artista transdisciplinar, que mistura rap com cantos ancestrais, jazz, eletrônico e neo/soul. MC da cultura hip-hop e filha de artesãos araucanos, ela defende a música indígena contemporânea e usa sua arte para combater o epistemicídio. Seu show “Boogarins toca Clube da Esquina” atraiu grande interesse do público e foi apresentado ao vivo pela primeira vez no palco do festival MECA Inhotim, em 2022. Com a repercussão positiva, a banda decidiu expandir o projeto em 2023, trazendo releituras únicas do clássico álbum de 1972. Formada em 2012 e contando com seis álbuns de estúdio e uma indicação ao Grammy Latino, o quarteto psicodélico de Goiânia é responsável por um som inebriante, que acumula fãs pelo mundo afora.
O Quartinho
Promovendo uma mistura através de referências como o rock alternativo e o brega, a banda pernambucana O Quartinho procura trazer uma identidade musical nova e criativa. O grupo formado por Cadu, Pedro Vilela, Manoel Malaquias, Lajamba, Bezerra e Fernando Alakejá busca inspirações nas experiências sonoras e afetivas vividas no Recife. Junto a eles neste show especial está Katarina Nápoles, vocalista da banda recifense Guma.
Tuyo
O trio formado por Machado, Lio e Lay Soares tem uma sonoridade difícil de rotular. Tuyo passeia pelo folk, desde o lo-fi hip-hop até o synth pop. Desde o EP de estreia, “Pra doer” (2017), passando pelo primeiro disco, “Pra curar” (2018), a banda recria a própria subjetividade não apenas em seus lançamentos, mas também nos palcos. Em 2021, a história do trio se cruzou com a do Coquetel quando eles estiveram presentes nas gravações para a websérie da 17ª edição do festival.
Mateus Fazeno Rock
Cria de favela de Fortaleza, o multiartista Mateus Fazeno Rock busca contrapor às formas hegemônicas de criar rock, sob as influências do grunge, punk, funk nacional, rap, reggae, dub e R&B. Recentemente o músico lançou o seu segundo disco, “Jesus Ñ voltará” (2023), que conta com participações de artistas como Jup do Bairro, Brisa Flow, Mutante, Big Léo e Má Dame.
Bebé
Considerada pela CNN Brasil como uma das 10 cantoras que vão mudar o cenário da Música Brasileira, Bebé Salvego já foi comparada às divas do Jazz como Billie Holiday e Sarah Vaughan. Lançou em 2021 seu primeiro álbum autoral “Bebé” com uma proposta de nova estética sonora, sendo indicada na Categoria “Revelação do Ano” pela Women Music Events Awards 2022. Em seu show a cantora recebe o jovem compositor alagoano, Bruno Berle que tem dado o que falar no meio da música independente desde o lançamento de seu álbum, “No reino dos afetos” (2022). O músico une lo-fi à canção popular brasileira e, em menos de um ano alcançou a surpreendente marca de 2 milhões de plays nas plataformas, tendo sido aclamado pela crítica nacional e internacional.
Irmãs de Pau
E quem também vem se destacando na cena e aporta no festival são as Irmãs de Pau. A dupla que bombou com o disco de estreia, “Dotadas”, está pronta para fazer o público pegar fogo neste Coquetel Molotov. A dupla é composta pelas multiartistas Isma Almeida e Vita Pereira, que constroem suas músicas a partir de influências transpretas e ritmos como o funk. Já se apresentaram em eventos como o Boiler Room, Festival Arti e o Bloco Meu Santo é Pop.
Deekapz
Conhecida por fundir estilos de global bass com melodias tropicais e ritmos brasileiros, Deekapz é uma dupla de Campinas (SP). O duo transita entre grooves e referências de um cenário mais conceitual, clean, com beats mais limpos e envolventes. A presença do Deekapz nas pistas do Brasil inteiro com suas produções originais, remixes e flips já é tão grande que o som deles saiu do território nacional e atingiu o internacional, com um público fiel na Europa e nos Estados Unidos. Já assinaram faixas com nomes como Pabllo Vittar, Criolo, Tropkillaz e Arnaldo Antunes.
Jacquelone
A DJ carioca Jacquelone tem como principal influência o hip-hop, viajando em singulares mixagens pelos infinitos territórios dos gêneros e subgêneros da música preta underground eletrônica. Em 2023, ficou entre os vencedores do AIAIAI HÖR DJ Mix Challenge, concurso que premiou os três melhores DJs sets com uma viagem a Berlim.
BADSISTA
Foi se jogando no mundo que BADSISTA tornou-se produtora, cantora, DJ, compositora e multi-instrumentista. Sua explosão criativa, que apoia e celebra a comunidade LGBTQIA+, atinge um equilíbrio sedutor entre sons experimentais e comerciais. A artista já se apresentou nos festivais Glastonbury, no Reino Unido, e Nyege Nyege, na Uganda.
Boneka
Ainda representando a abundância de ritmos, Maria Boneka leva o selo “Baile da Boneka” ao evento. Contrariando estatísticas e tendo seu local de fala vindo da favela, Boneka enxerga no seu corpo preto, trans e favelado a potência que estimula curar sonoridades com produções pretas e de maioria femininas, relacionadas ao hip-hop, R&B, rap, trap, ragga, dance hall, brega funk, funk e reggae.
RHR
O rapper RHR também marca presença na programação, trazendo uma sonoridade focada no dark electro, baile funk e guetto tech. O músico busca inspiração nos ritmos brasileiros e elementos periféricos, com os quais já traçou uma conexão ao longo de sua carreira.
Batalha da Escadaria
A programação conta ainda com a Batalha da Escadaria, duelo de MC’s existente desde 2008 no Recife. Que é realizado na primeira e terceira sexta-feira de cada mês, na escadaria no centro da capital pernambucana próximo ao Beco da Fome, famoso ponto de encontro dos integrantes do movimento Hip Hop na cidade. Os MC’s se inscrevem meia hora antes do início e as rimas são feitas no estilo Freestyle onde cada participante tem 45 segundos para duelar. O intercâmbio entre os MC’s que acontece no evento é de suma importância para a criação de uma rede que visa fortalecer ainda mais o Hip Hop local.
Serviço:
Festival No Ar Coquetel Molotov – 20 Anos
Sábado, 21 de outubro de 2023, 15h
Local: Campus da UFPE – Cidade Universitária – Recife/PE
Ingressoshttps://www.sympla.com.br | Ponto físico no Recife: Casa Moinho (Rua do Futuro, 177, Graças)
Mais informações: www.coquetelmolotov.com.br | @noarcm
Foto de capa: Henrique Falci/Divulgação
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Quando criança, sonhava em ser escritora. Hoje, é graduada em Letras e Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. Produtora cultural, simpática, TCC nota 10 e faz tudo.