É extremamente reconfortante sentar numa cadeira enquanto outra mulher preta trança seu cabelo, sem violência, com cuidado. Uma troca que envolve afeto, conversas sobre a importância do nosso cabelo, sobre autoestima, nossas vidas e tudo mais que significa ser preta. Há algum tempo me peguei refletindo sobre a ideia que associa beleza, procedimentos estéticos e sofrimento. […]
Autor: Rayssa Okoro
Rayssa Okoro (Ada Okoro - nome Igbo) é médica formada pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), co-fundadora do coletivo Negrex de estudantes e profissionais negres da medicina. Maranhense e nordestocêntrica. Filha de Raimunda, brasileira, e Samuel, nigeriano, Igbo. Vive em constante processo de aprender a cuidar do nosso povo. Estuda questões relacionadas à saúde e subjetividades, principalmente o que se relaciona à saúde da população negra. Tem uma paixão especial pela intersecção desses temas com saúde mental e uso de álcool e drogas. Existe e resiste politicamente, exalta a beleza da subjetividade enquanto mulher preta, acredita que afeto pro povo preto é revolucionário e fala disso o tempo todo. Admira o movimento do corpo humano, alimentação e espiritualidade. É aprendiz de pole dancer e yogi nas horas vagas.
A que(m) serve o meu corpo?
Aprendi bem cedo que precisaria atender a certos critérios físicos para ser “aceita”. Na adolescência, convivi com a necessidade de atender ao padrão de beleza da mulher (magra, esbelta, com curvas). Musculação, corrida, horas e horas de atividades físicas sem qualquer orientação profissional e dietas mirabolantes montadas com base em colunas de revista para mulheres […]