Lideranças negras brasileiras questionam partidos mais à esquerda, como Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), sobre o compromisso com as candidaturas negras nas eleições municipais deste ano. A pressão ocorre após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impor às legendas partidárias distribuição igualitária de verba e tempo de tevê, válidas a partir de 2022, entre postulantes pretos e brancos.
O presidente da Central Única das Favelas (CUFA) Preto Zezé cobrou a esquerda brasileira compromisso com as candidaturas negras a serem lançadas em tuíte publicado nesta quarta-feira, 26.
“Como a esquerda brasileira tem compromisso com a pauta #antirracista, vai adotar logo em 2020, né? Hora do discurso ser executado da porta pra dentro”, comentou Zezé, que tem intensificado discussão de pautas sociais, como a renda básica universal, e tem realizado distribuição de alimentos e mantimentos durante a pandemia da Covid-19 em todo o País.
O Instituto Mariele Franco comemorou a decisão da Corte como vitória para o movimento negro, mas frisou que são 520 anos de atraso, e os partidos não devem esperar até as eleições de 2022 para firmar o compromisso com a população.
Veja tuíte:
Quem também questionou o compromisso das legendas foi o advogado Joel Luiz Costa. Ele tornou público o posicionamento na manhã de quarta-feira via rede social.
Veja tuíte:
Ainda tímido, o movimento se contrapõe à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que impôs aos partidos que o dinheiro do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral seja destinado de forma proporcional às candidaturas pretas. No entanto, a medida é obrigatória a partir de 2022.
O Tribunal, por outro lado, não impôs reserva de vagas aos candidatos negros nos partidos, como ocorreu para candidaturas femininas.
Por maioria, o Plenário positivou três outros quesitos:
– As formas de distribuição dos recursos financeiros e tempo em rádio e TV deverão ser na ordem de 50% para as mulheres brancas e outros 50% para as mulheres negras.
– Custeio proporcional das campanhas dos candidatos negros, destinando 30% como percentual mínimo, para a distribuição do Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
– Distribuir proporcionalmente tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão para os negros, devendo-se equiparar o mínimo de tempo destinado a cada partido, conforme o TSE entendeu para a promoção da participação feminina.
Ilustração de capa: Suellem Cosme.
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Quase jornalista pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Além do Negrê, é repórter de Cidades do Grupo de Comunicação O POVO, cobre mobilidade, saúde, meio ambiente e outros, mas tem carinho pela Educação. Entre 2013 e 2015, cursou matemática na Universidade Estadual do Ceará (UECE). Nesse período, fez parte do projeto O Círculo da Matemática, programa de ensino para crianças da rede pública, iniciativa da Universidade de Harvard em parceria com o Instituto TIM. Também deu aulas de inglês para crianças durante intercâmbio na Colômbia.