A KUYA – Centro de Design do Ceará apresenta no dia 17 de maio a partir das 14h , o livro “Entre traços e memórias Tremembé”, uma iconografia do povo Tremembé que vive na aldeia Córrego João Pereira e no único território indígena oficialmente homologado do Ceará.
A publicação nasce do programa de mentoria “Mutuá”, com foco no tema “design e memória gráfica indígena”, e mostra como o design pode contribuir para preservar a memória gráfica indígena e fortalecer políticas públicas voltadas aos povos originários. O evento terá uma roda de conversa com os autores Rodrigo Tremembé, Iraê Tremembé, Jaiza Tremembé e a designer Sarah de Oliveira na Escadaria da KUYA.
Durante três meses, entre agosto e outubro do ano passado, o mentor Rodrigo Tremembé, os bolsistas Iraê Tremembé e Jaiza Tremembé e a designer Sarah de Oliveira mergulharam em uma pesquisa para fazer o registro da iconografia do povo Tremembé do território indígena Córrego João Pereira, no Ceará. Juntos, eles catalogaram grafismos e pinturas, desvendando seus respectivos significados, enquanto compartilhavam uma vivência de pesquisa e produção de materiais gráficos.
O fruto de toda essa pesquisa é uma obra que aborda a origem do povo Tremembé, seu território e a herança ancestral presentes dos rituais aos grafismos. A obra recupera uma vivência coletiva que se expressa na produção em design, relacionando-as com a história desses saberes e fazeres no Ceará.

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Os grafismos e o povo Tremembé
Os grafismos são fruto de uma experiência coletivizada. Então, eles não têm uma autoria individual. A publicação, que será disponibilizada ao público na sua versão digital, dá materialidade a essa memória gráfica e coletiva do povo Tremembé e nasce como um instrumento potente para contribuir com a afirmação e reafirmação desta etnia.
Para o povo Tremembé, o grafismo é um registro atual de sua forma de ler o mundo. É uma forma de escreverem; no corpo e na vida, a própria história de resistência. Traz a memória de 26 aldeias construídas nas cidades de Acaraú, Itarema e Itapipoca, todas lideradas pelo cacique João Venâncio. Guarda também as simbologias dos “moradores d’água”, como os indígenas Tremembé ficaram conhecidos por viverem historicamente em áreas de pântanos e brejos à beira-mar.
Os traços que contam tudo isso não são estáticos e mudam para atualizar a leitura sobre a vida. É pelo grafismo que as novas gerações expressam a visão atual sobre a ancestralidade. Desta forma, registrar esses grafismos em livro num diálogo com o campo do design é também construir um caminho para que, no futuro, as novas gerações possam ver os traços das gerações que já partiram – ou, como dizem os indígenas, encantaram. Além disso, o livro é uma forma de salvaguardar, em páginas, a memória de pinturas sagradas.
Fruto do programa de mentoria Mutuá, a publicação “Entre traços e memórias Tremembé” dialoga diretamente com os pilares da KUYA – Centro de Design do Ceará, ao promover o design decolonial e político. A ação contribui com a valorização da memória indígena e a promoção de políticas públicas voltadas aos povos originários.
Veja detalhes
Apresentação do livro “Entre Traços e Memórias Tremembé”
Data: 17/05/2025
Horário: 14h às 16h
Convidados: com Rodrigo Tremembé, Iraê Tremembé, Jaiza Tremembé e Sarah de Oliveira
Local: Escadaria | KUYA – Centro de Design do Ceará
Endereço: Rua Senador Jaguaribe, 323 – Bairro Moura Brasil, Fortaleza (CE) – 60010-010
Classificação indicativa: livre
Acessibilidade: Libras
Número de vagas: 60 (por ordem de chegada)
Foto de capa: Sandy Albuquerque/KUYA.
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