O Banco do Brasil (BB) pediu perdão ao povo negro pela participação no processo de escravização de pessoas negras no país durante o século 19. O anúncio ocorreu, no último sábado (18), atendendo uma determinação do Ministério Público Federal (MPF) expedida no final do mês passado, após reunião entre representantes das duas instituições.
O encontro foi motivado por inquérito civil instaurado após um grupo de 15 professores e universitários divulgarem uma pesquisa apontando a negação e o silêncio sobre a participação das instituições brasileiras na escravização de pessoas negras.
Os cientistas apuraram que havia uma relação de “mão dupla” do Banco do Brasil com a economia escravista da época. Além de se beneficiar de recursos vindos da arrecadação de impostos sobre embarcações dedicadas ao tráfico de pessoas escravizadas, a pesquisa aponta ainda que o Banco do Brasil estaria relacionado ao financiamento de despesas públicas para viabilizar a manutenção do tráfico de pessoas, adiando “qualquer tentativa de sua abolição e protegendo-o contra as pressões inglesas”, escrevem os procuradores Jaime Mitropoulos, Julio José Araujo Junior e Aline Caixeta.
“Neste contexto, o Banco do Brasil de hoje pede perdão ao povo negro pelas suas versões predecessoras e trabalha intensamente para enfrentar o racismo estrutural no país. O BB não se furta a aprofundar o conhecimento e encarar a real história das versões anteriores da empresa”, afirmou em nota a presidente da instituição, Tarciana Medeiros.
Parte significativa dos sócios e da diretoria do banco na época era formada por pessoas ligadas ao comércio clandestino de africanos e à escravidão. O pedido de perdão foi anunciado juntamente com um conjunto de medidas para promover o combate ao racismo estrutural e a igualdade étnico-racial no Brasil.
Entre as medidas anunciadas, estão a inclusão de cláusula de fomento à diversidade em contratos com fornecedores; parceria para encaminhar jovens egressos de seu programa Menor Aprendiz do BB para o mercado de Trabalho – 66% deles são negros; workshops sobre a promoção da diversidade, equidade e inclusão com estatais e fornecedores; investimento, em parceria com a Fundação BB e a Faculdade Zumbi dos Palmares, em pesquisas científicas relacionadas à temática racial e que apresentem mecanismos de aceleração da representatividade e combate à discriminação no Brasil.
Foto de capa: Marcelo Camargo/Agência Brasil