Chamada está aberta para obras cinematográficas dirigidas por realizadores/as negros do Brasil e de toda a Diáspora Africana
O cineclube alagoano Mirante Cineclube abriu chamada pública para filmes dirigidos por realizadores/as negros/as do Brasil e de toda a Diáspora Africana para a programação da II Mostra Quilombo de Cinema Negro, que acontece entre os dias 7 e 21 de novembro, deste ano. Para a inscrição dos filmes é necessário que a obra tenha no máximo 30 minutos; ter sido produzida a partir de 2017, além de idioma e/ou legenda em português. As inscrições se encerram no dia 20 de setembro.
Por causa da pandemia do novo coronavírus, o evento será realizado virtualmente. A proposta desta edição é contemplar as narrativas feitas por aqueles que fazem parte do Atlântico Negro. Segundo os organizadores do evento, é um termo pensado pelo historiador Paul Gilroy, que caracteriza um lugar de trocas voluntárias e involuntárias entre os povos onde é possível vivenciar a diáspora negra.
“No estado onde o Quilombo dos Palmares foi fundado, propomos exibir os filmes daqueles onde ‘os corpos que foram especulados se tornaram corpos especulativos’, segundo o crítico cultural Tavia Nyong’o. E é por isso que a Mostra Quilombo continua, agora em formato virtual, sendo uma parte desse cinema negro em movimento”, diz trecho do release enviado à imprensa.
De acordo com o cineclubista e curador da mostra, Janderson Felipe, o evento nasceu do desejo do cineclube no qual é integrante de ver e discutir o cinema negro, principalmente o brasileiro. “Trazer essa discussão é para além do que só se vê em tela, que já é muito importante, mas de se ver novas formas de se fazer e pensar cinema que se mostram muito potentes e muitas vezes são subalternizadas pelos grandes festivais e mostras no Brasil. Também é múltipla: na edição anterior tivemos exposições de artistas visuais, saraus de poesia e apresentações musicais”, pontua Felipe.
Já o rapper do grupo alagoano, Reles No Rules, Diego Verdino participou da primeira edição da mostra que aconteceu em novembro de 2019 e marcou as celebrações do Dia da Consciência Negra. À época, a empreitada contou com mais de 90 inscrições com filmes de todo o Brasil e teve três datas com participações de diversos artistas negros e negras locais. “Foi massa poder tocar no espaço do cinema. A primeira vez tocamos no hall, na segunda tocamos na sala de cinema. Acho que é sempre importante o intercâmbio das artes que buscam libertar a gente das algemas visíveis e invisíveis… culturais e estruturais”, destaca.
Participaram da primeira edição o grupo musical Reles no Rules, o músico Mestre Gama e a discotecagem de Eloh, os poetas Ana Iris, Isis Florescer, Lucas Litrento, Geovani Ursulino, Richard Plácido, Karol Moraes, Jean Albuquerque e Amanda Duarte, os artistas visuais Gutemberg Nascimento, Mariana Marques, Fabbio Cassiano, Rebeca e Miguel Nogueira (Midrusa). Houve também o lançamento do curta alagoano Ilhas de Calor (2019), de Ulisses Arthur.
Inscrições
Para realizar a inscrição, é necessário preencher o formulário até o dia 20 de setembro. Qualquer dúvida relacionada a inscrição, entrar em contato pelo e-mail: mirantecineclube@gmail.com ou pelas redes sociais do Mirante Cineclube no Instagram e Facebook.
Foto de capa: Leonardo Amaral.
É Jornalista e escritor. Morador da periferia. Autor de “Os deuses estão embriagados de uísque falsificado” (Sirva-se edições alternativas – Oxenti Records, 2019). Vencedor dos prêmios: IV Concurso de Poesias Jorge de Lima, Secult – AL – 2018, Arte como Respiro, Itaú Cultural – 2020. Editor do site: O que os Olhos Não Veem. Estudante de Letras – Português, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Acredita no jornalismo independente, pautado pela diversidade e pelos direitos humanos.