O drama Medida Provisória (2020), primeiro trabalho do ator Lázaro Ramos, 42, como diretor de longa-metragem, foi bem recebido pela crítica dos festivais de cinema internacionais por onde vem passando desde a estreia no 42º Festival Internacional de Cinema de Moscou, onde foi nomeado “Melhor Filme do Ano”.
De lá para cá, o filme vem se destacando nos festivais norte-americanos, sendo aclamado pela crítica dos EUA. No Indie Memphis Film Fest, o longa ganhou o troféu de “Melhor Roteiro”. Pelos críticos do Festival de Cinema Pan-Africano (Pan African Film Festival – PAFF), de Los Angeles, foi considerado “O melhor filme brasileiro desde Cidade de Deus“. Na última quarta-feira, 17, o filme foi exibido e também muito elogiado no prestigiado festival do Texas, South By Southwest – SXSW.
Sobre o desempenho de Lázaro Ramos, o crítico de cinema Ed Rampell escreveu: “A estreia de Ramos na direção marca um lançamento auspicioso de um cineasta a ser considerado no cenário internacional nos anos que virão. Os fãs de cinema devem manter seus olhos neste diretor promissor”. O longa também foi descrito como “uma produção digna e bem feita” e “um filme imaginativo e altamente recomendado”.
O roteiro é uma adaptação da peça Namíbia, Não! (2012), do dramaturgo baiano Aldri Anunciação, 43. É estrelado pela atriz Taís Araújo, 42, pelo cantor Seu Jorge, 50, e pelo ator anglo-brasileiro Alfred Enoch, 32, conhecido por interpretar Wes no seriado How to Get Away with Murder (Como Defender um Assassino). Jéssica Ellen, Emicida, Elza Soares e Maíra Azevedo também estão no elenco.
A ficção se passa em um Brasil distópico onde entra em vigor uma “Medida Provisória” para solucionar o problema racial brasileiro. A medida bane pessoas com “alta melanina”, primeiro voluntariamente, depois compulsoriamente, de volta para várias nações da África. A partir disso, Antônio (Alfred Enoch), um jovem advogado, sua esposa grávida, a médica Capitu (Taís Araújo) e o amigo do casal, o jornalista André (Seu Jorge) se tornam os líderes da resistência contra o Ministério do Retorno.
Tentando surfar na onda de sucesso da produção, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, 55, pediu boicote ao filme. Baseado em notícias falsas, Sérgio acusou o filme de ser uma crítica ao governo atual. O que não tem fundamento, pois Lázaro, que também foi co-roteirista do filme, refutou os ataques informando que a obra vem sendo desenvolvida há quase uma década.
Para quem acompanha o perfil do filme nas redes sociais, sabe que o processo de filmagem iniciou e finalizou ainda em 2019. Desde então, o público aguarda a estreia da produção no Brasil, que estava prevista para 2020, mas, devido a pandemia de Covid-19, houve adiamentos. O filme ainda não tem uma data definida de estreia por aqui, mas a previsão é de que esteja disponível no segundo semestre de 2021.
Sobre Lázaro Ramos
Após 36 anos atuando e ter se consagrado no cinema, teatro e TV, Lázaro decide apostar no papel de diretor. Recentemente, ele dirigiu o especial para Televisão Falas negras (2020), exibido no Dia da Consciência Negra. Desde os 19 anos, o ator já se experimentava como diretor teatral, inclusive já dirigiu a peça Namíbia, Não!, na qual é baseado Medida Provisória. Em entrevista para a agência de notícias Sputnik, ele revelou que a experiência foi uma renovação para sua carreira depois de tantos anos, que gostou muito de dirigir e que ainda pretende ocupar esse posto mais vezes.
Foto de capa: Mari Vianna.
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Quando criança, sonhava em ser escritora. Hoje, é graduada em Letras e Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. Produtora cultural, simpática, TCC nota 10 e faz tudo.