Bahia

Estudante quilombola recebe prêmio PIBIC 2023 da UFBA

O estudante de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Batista Ferreira da Silva, 35, teve sua pesquisa sobre Direito Quilombola premiada em primeiro lugar pelo PIBIC/UFBA. A cerimônia aconteceu nessa terça-feira, 29, no salão nobre da reitoria da UFBA e foi organizada pela pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação

João faz questão de se afirmar como homem negro, afro-religioso, militante quilombola, homossexual. Bacharel Interdisciplinar em Humanidades pela UFBA em 2019, atualmente está no 6º semestre de Direito na mesma instituição, além de ser pesquisador. O trabalho acadêmico consistia em traçar um perfil jurídico da comunidade Quilombola da Rocinha, localizada no município de Livramento de Nossa Senhora (BA), onde João nasceu.

João conta com exclusividade ao Negrê como se sente: “Ganhar o prêmio PIBIC UFBA 2023, e ter o meu trabalho reconhecido, é motivo para mim de muito orgulho e felicidade. A cerimônia de premiação foi muito linda e emocionante. Eu chorei. Aconteceu na reitoria da Universidade, um lugar muito simbólico. Lá estavam presentes autoridades, como o Reitor da UFBA, Paulo Miguez, Diretores de faculdades, como o prof.Dr. Julio Rocha, diretor da faculdade de direito- FDUFBA, representantes de instituições de apoio a pesquisa parceira da UFBA, a CAEED/PROAE; a defensora pública estadual da Bahia, dr. Vanessa, meu namorado Juraci, meus amigos e pessoas muito importantes na minha vida“.

Sob orientação do professor Dr. Júlio Rocha, o bolsista pode utilizar como referencial teórico autores negras, negros e latino-americanos, fazendo um resgate de conhecimentos, geralmente vistos com descrédito na academia. Assim, se destacando num contexto hegemônico de um curso elitizado como o curso de direito, ainda muito branco e cheio de referências ocidentais (europeias e estadunidenses).

Foto: Divulgação.

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Estou muito orgulhoso com a minha trajetória. Mas, ainda precisamos de mais trabalhos afro-indígenas, na universidade, fazendo assim uma troca entre o saber acadêmico e tradicional. Precisamos descolonizar o Direito. Trabalhos como o meu e outros sendo premiados de negros, quilombolas, indígenas, LGBTQUIAPN+, é a resposta que damos da importância das cotas étnico-raciais e as ações afirmativas”. É o que pontua.

No quesito educação, João Batista se tornou uma referência por onde passou. Ele é o primeiro da sua família no ensino superior e um dos primeiros da sua comunidade a estudar em uma universidade federal. Desde 2014, ele atua no movimento quilombola. Junto com outros estudantes da UFBA, ele criou o Coletivo de Estudantes Quilombolas (CODEQUI) da UFBA. Posteriormente, surge também o Movimento Nacional de Estudantes Quilombolas

No meu quilombo, também desenvolvo várias ações, como cursos, seminários, palestras e eventos diversos em conjunto com toda a comunidade que sempre me apoia. Atualmente, estou como coordenador do Fórum de Educação Quilombola e como Coordenador de Juventude, ambos pelo Território Sertão Produtivo”. É o que revelou João sobre o impacto positivo que busca levar a sua comunidade.

Foto de capa: Divulgação.

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