O Parque Municipal de Belo Horizonte, no Centro da capital mineira, será palco da 4ª edição do Festival de Cultura Quilombola de Minas Gerais (Festival Canjerê) que começa nesta quinta-feira (7) e segue até o próximo domingo (10).
Realizado pela Associação Aprender e Produzir Juntos (APJ), o evento contará com apresentações culturais; cortejo de congado, irmandades e candombes de organizações quilombolas variadas, oficinas, diálogos institucionais; mesas, rodas de conversa, além da tradicional feira quilombola. Haverá também troca de sementes crioulas, manivas, plantas medicinais, e de saberes com benzedeiras, raizeiros e raizeiras.
Entre os objetivos do Festival Canjerê estão a possibilidade de intercâmbio e a organização das comunidades quilombolas, contribuir para a divulgação da sua realidade, cultura e lutas; divulgar a produção quilombola agropecuária, artesanal, culinária, medicinal
Além disso, o Festival também vai permitir que as famílias, comunidades e organizações associativas possam obter renda extra com a sua comercialização na feira do evento e estabelecer contatos para vendas regulares.
O evento conta ainda com parceria da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais (N’Golo) e Governo do Estado de Minas Gerais para sua realização e com o apoio da Prefeitura de Belo Horizonte por meio da Fundação Municipal de Cultura.
“Realizar o Festival integra a luta dos quilombolas de tornar uma política de Estado, a cultura e a produção dos quilombolas do Estado de Minas Gerais. Esse é o motivo que a gente vem lutando e realizando há quatro anos o Canjerê. Queremos que ele se torne uma política de Estado e não de governo, para que assim as comunidades possam receber as assistências e a atenção necessária”, explica Sandra Maria, Coordenadora Executiva da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ).
Outra que também atua para a realização do Canjerê é Joana Alves Louback, coordenadora Geral da Associação APJ. “Canjerê é um evento de festa, arte, cultura, comida, comercialização, troca de saberes, luta por direitos, resgate e afirmação da ancestralidade do povo preto do Estado de Minas Gerais”, completa.
Abertura – O evento começa às 9h da manhã com o credenciamento e o 14h será o início da Feira Quilombola. Às 15h e às 16h, acontecerá as apresentações culturais dos Grupos Marujada do Quilombo Quaresma Setubinha e Banda de Taquara do Quilombo Bem Posta. Minas Novas, respectivamente.
A de abertura oficial do Canjerê será realizada ás 17h e contará com representantes da Coordenação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq); da Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais (N´Golo); Associação Aprender e Produzir Juntos (APJ); da Secretaria Estadual de Cultura (Secult).
Em seguida, haverá a apresentação Cultural com o grupo Campanha Quilombo Nossa Senhora do Rosário, de Ribeirão das Neves e Show cultural com Wilson Dias.
Na sexta-feira, dia 8 de dezembro, a Feira Quilombola começa às 8h. A programação deste dia conta com apresentações do Grupo de dança (Mironé), Coral do Quilombo Caxambu, Rio Piracicaba, Samba de Kilombu e do Candombe Tambor Mata de Tição, do Quilombo Mata do Tição e Açude, além do Show cultural com Pereira da Viola, às 18h.
Programação intensa no sábado e domingo – A programação que a organização do Festival Canjere preparou para sábado e domingo promete conquistar o coração dos belorizontinos. Nos dois dias, a Feira Quilombola começa às 8h.
No sábado, dia 9 de dezembro, terá apresentações dos grupos culturais Batuque Cabloco Surubim, Quilombo Porções e Alves (Chapada do Norte), Folia de Reis e São Benedito do Quilombo Ilha, Januária; Grupo Negro por Negro, Filho de Zambi, Quilombo Arturos, Contagem, Interioranas e o dia finaliza com o Show do Sérgio Pererê, ás 18h.
O domingo será marcado por um grande cortejo com as Guardas dos Quilombos Arturos de Contagem; Carrapatos Tabatingas de Bom Despacho; Nossa Senhora do Rosário de Ribeirão das Neves; Caxambu de Rio Espera, Os Carolinos de Belo Horizonte, Materlandia, Belo Vale, Berilo e Chapada do Norte.
Rodas de conversas
Haverá ainda duas rodas conversas, uma com estudantes quilombolas do curso de Medicina das Universidades Públicas UFMG, UFVJM, UEMG, UFU e outra sobre saúde da população negra e quilombola: ações de equidade, conscientização e empoderamento da cultura afro-brasileira.
Mesas de diálogo
O Festival Canjerê contará ainda com seis mesas de diálogo. A mesa de Juventude Quilombola, por exemplo, irá debater sobre a criação de Plano Estadual e Federal de Políticas Públicas de geração de renda para Juventude Quilombola e terá participação de representantes do Ministério da Igualdade Racial, Conaq e Federação Quilombola – N’Golo, e da Secretária de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese).
A mesa sobre tombamento Constitucional de Quilombos terá representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), do Ministérios das Mulheres, Igualdade Racial (MIR), do Desenvolvimento Social (MDS).
A mesa que debaterá a saúde da população negra e quilombola e portaria 90 do Ministério da Saúde, contará com representantes da Secretária de Estado de Saúde, Ministério da Saúde.
Outra mesa importante abordará questões a serem resolvidas no Pronaf, Cadastro do Agricultor Familiar (CAF), Mercados Institucionais: PAA, PNAE e terá participação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Conaq e Federação Quilombola.
Também será debatido numa mesa, a Titulação Coletiva dos Territórios ancestrais quilombolas, conforme determina o Decreto 4887/2003 e Lei 21.147/2014. Nesse momento terá participação dos ministérios dos Direitos Humanos, Justiça, Casa Civil e Trabalho, Fundação Cultural Palmares MPMG, SPU.
Para fechar esse momento, haverá ainda uma mesa sobre Educação Quilombola e as Diretrizes Curriculares da Educação Escolar Quilombola, concurso público, Bolsa permanência, reservas de vagas na UFMG, demais universidades e Institutos Federais do Estado. Com participantes da UFMG, UEMG, Unimontes, Ministério da Educação, Secretaria Estadual de Educação, Conaq e Federação Quilombola.
Edições anteriores – A primeira edição do Canjerê foi realizada em 2015, na Funarte MG, e reuniu, ao longo de seis dias, representantes de diversas comunidades e um público de cinco mil pessoas. O festival cumpriu o papel de ser um espaço de encontros, aprendizados, debates e trocas, e contribuiu para dar visibilidade à cultura tradicional quilombola, síntese da resistência histórica de um povo e da influência da matriz africana na construção civilizatória da sociedade brasileira.
A segunda edição foi realizada na Praça da Liberdade, foram realizadas visitas a diversas comunidades para realização de diagnóstico socioeconômico e produtivo, bem como oficinas de capacitação para jovens quilombolas. A terceira edição, realizada também na Praça da Liberdade, teve como tema: os 130 anos da abolição da escravatura no Brasil.
Foto de capa: Matheus Soares
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