Preta, mãe solo, formada e ganhadora de uma bolsa de estudos. A analista Mariana Santos, 25, moradora de Teresópolis, no Rio de Janeiro, lançou vaquinha para bater a meta de R$ 20 mil da bolsa para o curso de Designer Thinking and Innovation, na California State University Northridge, em Los Angeles (EUA).
Em entrevista para o Negrê, Mariana falou sobre suas expectativas e sonhos. “Esse curso tem tudo a ver com o que eu faço, com o que eu trabalho. Ia me ajudar muito a explorar essa carreira. A bolsa muda muito a minha vida, mas não tenho como pagar por ela sozinha. É um preço muito fora da minha realidade”, disse ela.
Mariana entrou para o curso em Pedagogia na Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2013, aos 17 anos. Saía às cinco da manhã, e pra se manter na faculdade, estagiava desde o início. “Eu morava longe, então saía às cinco e voltava meia-noite, mais ou menos. Às vezes tinha aula pela manhã, Às vezes pela noite, e houveram momentos onde estagiei em dois lugares ao mesmo tempo”.
A analista perseverou entre dois estágios, a filha que veio aos 19 anos, um relacionamento abusivo e a faculdade. “Eu passei por muita coisa, vivi coisas muito difíceis. Na minha gravidez, fui agredida, quase assassinada. Isso me fez querer ir além pela minha filha, mostrar para ela que eu podia superar aquilo”.
Mariana recebeu apoio incondicional da família, e após se formar, decidiu fazer Matemática. Posteriormente se encontrou na Engenharia de Software, curso que estuda atualmente, com o auxílio de uma bolsa.
Passar para a bolsa da universidade estadunidense pareceu um sonho, mas cheio de obstáculos. “Mas aí eu vi fotos dos estudantes que passaram pra bolsa e não tinham negros. Você vê e pensa: porque é tão desigual?”.
A inserção de Mariana na área da tecnologia também a fez perceber o segregacionismo dentro do ambiente. “Eu tenho que conseguir porque quando eu consigo, eu levo outras pessoas comigo. Eu posso mostrar pra uma menina que tá estudando, batalhando, que ela pode também”.
A vaquinha de Mariana está disponível aqui e o Twitter dela é este. Por mais pretas formadas e vencedoras, sempre!
Foto de capa: Arquivo Pessoal.
LEIA TAMBÉM: Jovem baiano é aprovado em escola na Bélgica e lança vaquinha para pagar viagem
Graduanda em Jornalismo pela UFMA, mulher negra nordestina. Estuda relações raciais na América Latina, o papel revolucionário da imprensa negra e alternativa, e movimentos sociais. Também ilustradora e amante da cultura maranhense.
