O Festival Boca de Brasa, evento cultural da cidade de Salvador (BA), chega à sua 7ª edição com nova roupagem para enaltecer a Potência da Periferia. A programação gratuita ocupará o Quarteirão das Artes da Fundação Gregório de Mattos, no Centro Histórico de Salvador, com painéis, laboratórios criativos, apresentações artísticas, shows e feira de empreendedorismo, que potencializam a diversidade e criatividade das comunidades periféricas, realizado entre os dias 21 e 23 de março.
Ao destacar a riqueza inventiva das periferias ao longo dos anos, o Festival Boca de Brasa cresceu e agora passa a ser “Movimento Boca de Brasa”, reforçando o objetivo de abranger ainda mais a amplitude social, empreendedora, inovadora atrelada às diversas linguagens artísticas, audiovisuais, gastronômicas. Ainda maior, o novo formato ocupará diversos espaços do Quarteirão das Artes, localizado no Centro Histórico e a Barroquinha, o Teatro Gregório de Mattos, Espaço Cultural da Barroquinha, Pátio Iyá Nassô, Espaço Boca de Brasa Centro, Sala Multiuso Nelson Maleiro, Café Nilda Spencer, além do Cine Glauber Rocha e da Ladeira do Couro.
O Movimento Boca de Brasa reunirá painelistas locais e de diversos cantos do país, entre eles, o rapper, cantor e criador da CUFA, MV Bill (RJ), o coordenador artístico do Afropunk Bahia, Ismael Fagundes (BA), a fundadora e CEO da IDW Company Potyra Lavor (BA), Renata Reis, do Mercado Iaô, Guilherme Tavares, do Favela Sounds, entre outros nomes que serão divulgados conforme a grade.
Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos e anfitrião do evento, também participará de painéis ao lado de outros nomes do quadro municipal, como a vice-prefeita Ana Paula Matos, a secretária Mila Paes, Chicco Assis, Diretor de Patrimônio e Equipamentos Culturais.
Como nas edições anteriores, um momento importante do evento será a apresentação do trabalho das iniciativas culturais e criativas participantes das atividades formativas da Escolas Criativas Boca de Brasa realizadas nos Polos Cajazeiras, Centro, Cidade Baixa, Subúrbio e Valéria.
Em sua 7ª edição, o evento contará com diversas manifestações artísticas, apresentações de poesia e literatura, shows de AFROCIDADE, Quabales e Favelê com participação de Vandal, ÁTTOXXÁ, Ministério Público Sound System e outros.
De acordo com a secretária Municipal de Desenvolvimento, Mila Paes, o projeto pretende ampliar seu impacto na periferia para abordar questões relevantes e promover discussões construtivas.
“Mais do que um importante elemento de transformação social, a cultura é uma componente econômica que contribui para geração de emprego e renda. Ao oferecer uma maior qualificação artística e técnica, bem como o acesso aos meios de produção, o Boca de Brasa promove oportunidades de inserção dos jovens no mercado cultural. Ao ampliar os temas debatidos, seja nas ações formativas, seja no Festival, o Boca promove aos participantes uma visão mais ampliada sobre o fazer artístico, criativo e empreendedor “, explica Mila.
O Boca de Brasa vai muito além de um simples projeto e o festival que vai apresentar as potências das periferias, sendo um ponto de culminância das diversas ações que são desenvolvidas nas comunidades. Nesse sentido, visa em trazer não só artistas, mas também empreendedores da periferia e personagens que vivenciam essa realidade, dando maior visibilidade e intensificando a interação com outras periferias da cidade e regiões de todo país.
Ao longo dos anos, com as trilhas formativas, o projeto tem contribuído para que os jovens das periferias se tornem agentes ativos na construção de uma sociedade mais inclusiva, representando não apenas a diversidade cultural, mas a étnico-racial, religiosa, geracional e de gênero.
“As componentes socioemocionais das trilhas formativas abordam temas relacionados à diversidade, além de serem assuntos recorrentes nas apresentações artísticas realizadas nos espaços, o que contribui também para ações de mediação cultural e formação de plateia”, acrescenta Manuela Sena, Gerente de Equipamentos Culturais da FGM.
O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, ressalta como esses espaços têm se tornado agentes de transformação social, fortalecendo relações identitárias ao promover a cultura. “Os espaços Boca de Brasa funcionam como epicentros e mecanismos das ações culturais desenvolvidas nos territórios onde estão inseridos, contribuindo diretamente com desenvolvimento artístico-cultural, criativo, humano, social e econômico dessas regiões”.
“Os espaços fortalecem as relações identitárias. As transformações que ocorrem no entorno dos Espaços Boca de Brasa são notáveis, seja na quantidade de grupos e coletivos que despontam, seja pela maior participação de artistas e agentes culturais dessas regiões em editais e instâncias de participação social, como o Conselho Municipal de Política Cultural”, observa Chicco Assis, Diretor de Patrimônio e Equipamentos Culturais.
Formações artístico-culturais
O projeto Boca de Brasa chega em 2024 com a parceria entre o Instituto CEAFRO – ICEAFRO e a Fundação Gregório de Mattos, que juntos realizam as ações das novas Escolas Criativas Boca de Brasa (ECBB), atendendo os territórios das Prefeituras-Bairro Barra/Pituba e Itapuã. Com oferta de formações artístico-culturais gratuitas, as inscrições estarão disponíveis até dia 27 de março através do site iceafro.org.br.
Utilizando como lema o provérbio africano: “Se você quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado”, as ECBB ICEAFRO buscam reunir iniciativas, grupos, coletivos, espaços e organizações culturais em regiões de Salvador. Os pólos irão ofertar oficinas com ênfase em Serviços Criativos, Linguagens Artísticas e Técnicas de Espetáculos totalizando 90h de capacitação.
A ECBB ICEAFRO Itapuã, sediada na sede do Bloco Afro Malê Debalê, oferecerá os cursos de Dança Afro, Música Percussiva, Sonorização, Figurino e Adereços, Turismo Cultural e Comunitário. Já a ECBB ICEAFRO Barra/Pituba, localizada na Escola do Gantois, disponibilizará formação em Audiovisual e Fotografia, Música Percussiva, Sonorização, Contrarregragem e Gastronomia.
A iniciativa tem coordenação geral de Fabíola Aquino, coordenação pedagógica de Nazaré Lima e direção artística de Val Soriano. As ações são fruto da seleção da proposta do ICEAFRO no Edital 06/2023 Polos Criativos Boca de Brasa, financiado pela Prefeitura de Salvador, via Fundação Gregório de Mattos.
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