Ceará

Professora Zuleide Queiroz é a primeira parlamentar negra a assumir mandato na ALECE

A professora e parlamentar Zuleide Queiroz assumiu na quinta-feira passada, 6, uma cadeira na Assembleia Legislativa do Ceará (ALECE) pelo PSOL-CE. A pedagoga tem pós-doutorado em Educação e construiu uma trajetória marcada pela defesa dos direitos humanos. A cearense entrou, então, como suplente durante a licença de Renato Roseno, sucedendo ao período em que Léo Suricate ocupou o cargo de deputado estadual.

Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado e doutorado em Educação e pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); sua chegada ao Parlamento ocorre em um momento carregado de simbolismo, durante o Novembro Negro – Mês da Consciência Negra. Mulher negra, educadora, com raízes no interior cearense (Cariri) e atuação política na Capital (Fortaleza); ela estimula a agenda racial para o centro do debate legislativo, apoiando-se em sua experiência nas lutas coletivas do movimento negro no Ceará e no Brasil.

Foto: Divulgação.

“Estamos comemorando neste mês o Novembro Negro e Zumbi dos Palmares. É um momento importante para reafirmar a luta do povo negro. Estar na Alece significa enegrecer aquele espaço. Serei a primeira parlamentar da Casa com um mandato focado na questão racial. A população tem o direito de ver uma mulher negra representando essa pauta. Não é apenas sobre mim, é sobre abrir caminhos, ocupar espaços de poder e dar visibilidade à presença de mulheres negras”, declara Zuleide Queiroz.

Ao longo dos 30 dias de mandato, a professora Zuleide afirma que sua presença será pedagógica, territorial e ancestral, uma forma de intervenção política que se orienta pela experiência e pelo compromisso coletivo. Um dos pontos altos será no dia 25/11, quando ela participa da Marcha das Mulheres Negras em Brasília (DF), iniciativa que busca reunir 1 milhão mulheres negras para entregar suas demandas ao Presidente da República e ao Congresso Nacional.

Zuleide recebeu 20.112 votos nas eleições de 2022, sendo 5.130 apenas no Crato (CE), cidade onde, até recentemente, atuou como Secretária dos Direitos Humanos. Também trabalhava como professora pós-doutora da Universidade Regional do Cariri (URCA) e da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte (FMJ). O mandato, segundo ela, é continuidade de uma história de luta que vem de longe, e que seguirá abrindo portas para quem vem depois.

“Esse mandato é um espaço de diálogo com a sociedade, especialmente com quem historicamente foi excluído. Queremos transformar demandas em propostas concretas e atuar para construir políticas que realmente façam diferença na vida das pessoas”, afirma a professora.

Entre as iniciativas defendidas pelo mandato, estão uma educação antirracista, a ampliação das cotas raciais, o acesso de pessoas negras, indígenas, trans, quilombolas e ribeirinhas ao ensino superior e a implementação efetiva da Lei nº 10.639/03 no Ceará, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana em todas as instituições de ensino fundamental e médio.

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Sobre a professora Zuleide Queiroz

Nascida em Fortaleza (CE), no bairro Panamericano, Zuleide Fernandes de Queiroz é militante dos movimentos negros, de mulheres e sindical, com mais de 30 anos de atuação na região do Cariri. Formada em Pedagogia pela UFC, com mestrado e doutorado em Educação e pós-doutorado pela UFRN, Zuleide articula docência, pesquisa e ativismo, promovendo uma educação libertadora e contextualizada com as desigualdades de raça, gênero e classe.

Até recentemente, atuou como docente da Universidade Regional do Cariri (URCA) e da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte (FMJ), nos programas de pós-graduação em Educação e Ensino de História. Desenvolve pesquisas sobre gênero, raça, saúde e educação, com foco na experiência das mulheres negras, e integra grupos como o GRUNEC, Movimento Negro Unificado e a Frente de Mulheres do Cariri.

Foto: Divulgação.

Ela tem ampla trajetória política, destacando-se como candidata à deputada federal em 2018, à prefeitura do Crato em 2020, à deputada estadual em 2022 e à vereadora em 2024. Até outubro de 2025, exercia a função de Secretária dos Direitos Humanos do município do Crato. Sua atuação fortalece a interiorização da pós-graduação e da pesquisa no Cariri, incentiva políticas afirmativas e inspira mulheres negras e docentes de regiões periféricas a ocuparem espaços de poder, produção de conhecimento e transformação social.

Foto de capa: Divulgação.

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