Desde o início da sua carreira artística, o pernambucano Afroito reverencia a cultura popular pernambucana através de canções que centralizam o afeto e a negritude. Após o sucesso do seu álbum de estreia, “Menga”, e dando continuidade a sua trajetória, o cantor e compositor lançou, na última sexta-feira (8), o disco “LEBARON”.
O trabalho chega às principais plataformas de streaming inaugurando uma nova fase artística de Afroito, que também produziu o disco além de compor todas as canções, e apresenta como ritmo principal da obra o brega.
“No processo de construção do LEBARON eu usei as reflexões do meu campo afetivo e de como a minha vida amorosa funcionava a partir dos meus marcadores sociais, da pessoa que eu sou. Então, é uma obra que nasce de uma forma mais analítica articulando uma poética que faz sentido a partir do lugar de onde eu venho e da forma como eu quero me comunicar. É também uma forma de provocar o público a analisar seus próprios sentimentos junto comigo”, disse Afroito ao declarar que o álbum vem sendo idealizado há três anos.
Nascido na cidade do Recife (PE), o artista vivenciou toda sua formação de sociocultural em Olinda (PE), onde vive até hoje. Com isso, Afroito utiliza da arte da música para construir narrativas que possam causar um efeito de representatividade através de um reconhecimento daqueles que experimentam um contexto social semelhante ao seu.
Com dez faixas autorais, o álbum “LEBARON” traz narrativas sobre experiências amorosas vivenciadas pelo artista embaladas por um som envolvente que convida o público para dançar e apreciar as letras também através de uma harmonia com o corpo. A obra inicia com a canção “Cêsabe”, seguida por “Me Apaixonei”, “Fetiche”, “Vício”, “Delírio”, “Desejo”, “Lábio Inferior”, “Flagrante”, “Fantoche” e “Retinto”.
Das canções que compõem o álbum, “Retinto” e “Desejo” foram as escolhidas para serem os singles e estrearam nas plataformas de streaming dias antes da obra completa. Ambas contam com um material audiovisual produzido por Afroito e disponíveis no Youtube do artista.
A faixa “Fantoche” é a única do disco que possui um featuring com a cantora e compositora baiana Majur. Sendo um dos principais nomes da música brasileira na atualidade, Majur tem um trabalho artístico influente na MPB e no R&B e suas canções apresentam como temas principais relações afetivas e empoderamento negro.
As afinidades entre os trabalhos de Majur e Afroito ficam evidentes na canção que compõe o LEBARON com uma composição que tem como foco a sedução e a sensualidade. Como os títulos das canções sugerem, a história criada e narrada por Afroito no disco sintetiza os encontros marcados por desejos, paixões, sensualidade e decepções amorosas, sentimentos conhecidos e compartilhados pelos amantes do brega pernambucano e da música brasileira.
Seja para dançar agarradinho ou individualmente, para ouvir no último volume ou cantar a plenos pulmões, “LEBARON” é uma obra artística que envolve o público e cria uma ambientação que articula uma nostalgia do brega com aquilo que há de mais atual da música negra brasileira.
“Eu escolhi trazer o brega para esse álbum porque é a música que eu mais tenho familiaridade, é a música que mais toca na periferia. E o brega é um gênero musical capaz de traduzir vários sentimentos, existe um brega para tudo, para sofrer, para dançar, para comemorar. É algo que todo mundo escuta e que influencia diversas gerações, então esse disco também é uma forma de homenagear o brega e mantê-lo atual”, declarou Afroito.
A capacidade do artista em produzir músicas diversificadas também é algo que marca o novo disco, uma vez que o álbum traz também em suas composições elementos do R&B, Rap, Trap e outros ritmos do universo afrodiaspórico que inspiram o trabalho de Afroito.
No dia 21 de outubro, Afroito apresentou o show de lançamento de LEBARON no palco do Festival no Ar Coquetel Molotov, que neste ano completou 20 anos. “Tocar no Festival Coquetel Molotov é o meu sonho de artista há muito tempo, então, para mim não existe uma maneira melhor de lançar um novo trabalho falando de cultura popular senão em um dos maiores festivais de música independente do país”, afirmou Afroito. O artista foi o único representante de Pernambuco a ocupar o palco principal do festival.
Foto de capa: UHGO.
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