Pouco antes de Barack Obama, 59, deixar a Casa Branca, após oito anos como o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, era lançado no cinema o filme Barry (2016). O longa-metragem é uma narrativa da história do ex-presidente antes de se tornar político, e muito antes de conhecer Michelle Obama, 56, e compartilhar com ela todo o carisma.
A narrativa de Barry é centrada no contexto dos Estados Unidos dos anos 1980, quando o jovem Obama, vivido pelo estreante Devon Terrell, 28, chegava a Universidade de Columbia, em Nova Iorque.
Distante da personalidade carismática reconhecida no ex-presidente norte-americano, Barry, como era conhecido na juventude, é um jovem introspectivo, devido a todos os traumas que já viveu. Filho de mãe branca norte-americana e pai negro queniano, Barack Obama nasceu no Havaí e foi criado apenas por sua mãe. Ele nunca conheceu seu pai.
O filme perpassa por essa relação trágica vivida por Obama, que no filme, troca cartas com uma tia queniana, que lhe comunica a morte de seu pai que nunca conheceu, ao mesmo tempo em que tenta escrever uma carta tardia ao pai. Além da tragédia familiar e da difícil relação de não ter tido a presença paterna em sua formação, o filme mostra como a personalidade de Obama foi moldada e como os temas referentes aos direitos civis, defendidos em seu discurso, foram sendo inseridos em sua dinâmica social.
Em Barry, o jovem Obama está sempre se questionando “qual seu lugar no mundo”, devido a sua ascendência branca e também negra. Criado por sua família branca, ele tem poucas referências negras antes de entrar para a Columbia, onde passa a transitar no famoso bairro do Harlem, em Nova Iorque. E se questiona, afinal, onde ele se encaixa?
O Harlem é hoje em dia um dos mais famosos bairros norte-americanos, onde a cultura afro-americana é predominante. Historicamente, muitos negros saíram dos estados do Sul e se estabilizaram no bairro. E foi sua residência no Harlem que colaborou com sua formação, ao conviver com a cultura afro-americana e o racismo presente diariamente.
O filme não traz a presença de Michelle Obama, pois a narrativa acontece muito antes do encontro do casal, que ocorreu em 1992. Barry tem um relacionamento com uma branca, que não é uma personagem biográfica e que, de fato, esteve presente na vida do ex-presidente. Segundo o diretor Vikram Gandhi, 42, a personagem Charlotte (Anya-Taylor Joy) é a união de várias namoradas que Obama já teve.
O relacionamento com Charlotte é um motor para Obama se questionar ainda mais sobre seu lugar no mundo. Enquanto ele demonstra ter mais interesse em arte – mesmo discutindo filosofia e a sociedade americana durante suas aulas – Charlotte se interessa por política e acompanha todos os debates. É a partir do relacionamento inter-racial e após conhecer a família de sua namorada, que Obama começa a comparar suas vidas e perceber as diferenças na realidade dos dois. Ao lado da família de Charlotte, ele é o único homem negro no ambiente. Já Charlotte, a única mulher branca ao lado dos conhecidos, amigos e no bairro.
Barry é um filme que vale a pena assistir, pois além de tratar de parte da biografia de Barack Obama, traz importantes debates sobre racismo, paternidade, relações inter-raciais e também sobre descobertas. No final, o jovem Barry conclui: “Sou de muitos lugares, mas moro aqui agora”.
O filme foi lançado em 2016 no Festival Internacional de Toronto (Canadá) e, atualmente, está disponível na Netflix. Recebeu indicações aos prêmios de melhor roteiro no Prêmio Independent Spirit de Melhor e NAACP Image Awards. E foi bem recebido pela crítica, tendo 80% das aprovações no Rotten Tomatoes (agregador de críticas).
Confira o trailer:
Ficha técnica
Barry
Ano: 2016
País de origem: Estados Unidos
Gênero: Ficção/ Drama
Duração: 104 minutos
Direção: Vikram Gandhi
Roteiro: Adam Mansbach
Produção: Vikram Gandhi, Ben Stillman, Teddy Schwarzman, Dana O’Keefe
Elenco: Devon Terrell , Anya Taylor-Joy , Jason Mitchell , Ashley Judd , Jenna Elfman , Ellar Coltrane , Avi Nash e Linus Roache
Disponível: Netflix
Foto de capa: Divulgação/Netflix.
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Formada em Jornalismo e com especialização em mídias digitais, a baiana tem dedicado sua carreira ao mercado audiovisual há oito anos, quando iniciou na área. Já atuou como produtora executiva em obras para a televisão e em diversas funções dentro da produção de uma obra. Apaixonada por filmes e séries, se considera uma viciada que assiste mais de seis obras por semana.