Chegou, finalmente, o dia e os resultados da 63ª edição do Grammy Awards, a cerimônia muito aguardada pelo público por ter sido adiada de 31 de janeiro para o último domingo, 14 de março, devido ao agravamento da pandemia de Covid-19 em Los Angeles (EUA). O humorista sul-africano Trevor Noah, 37, foi o anfitrião da noite, a cantora norte-americana Lizzo, 32, e uma das indicadas, a cantora americana Jhené Aiko, 33, estiveram no rol dos apresentadores.
A maior cerimônia da indústria fonográfica internacional, considerada um dos quatro principais prêmios anuais de entretenimento americano, tem 83 categorias. No entanto, no show televisionado só são apresentadas nove, dentre elas, quatro são as principais: Revelação do Ano, Gravação do Ano, Canção do Ano e Álbum do Ano. Elas são conhecidas como The Big Four.
Muito se falou que a edição deste ano era das mulheres e tudo indica que sim, pois o Big Four ficou entre elas. Inclusive, com duas artistas negras, a rapper norte-americana Megan Thee Stallion, 26, e a cantora americana H.E.R., 23, vencendo nas categorias de “Artista Revelação” e “Música do Ano”, com I Can’t Breathe (Eu não consigo respirar). A canção é intitulada com as últimas palavras de George Floyd (1973-2020) e fala sobre a luta do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).
Ainda sobre Megan Thee Stallion, indicada pela primeira vez ao Grammy este ano, a rapper venceu três das quatro categorias para as quais foi indicada: Melhor Performance de Rap, Melhor Musica de Rap, Artista Revelação. E ainda teve o gramofone de “Gravação do Ano” dedicado a ela pela cantora estadunidense Billie Eilish, 19. Isso sem falar na apresentação icônica de WAP ao lado da rapper americana Cardi B, 28, onde as duas surpreenderam jogando um funk do brasileiro Pedro Sampaio, 23, para driblar a censura. Definitivamente, Megan teve um ano em ascensão.
Mas o ano é de Beyoncé, 39, pois a cantora norte-americana fez história nesta edição quebrando seu próprio recorde de vitórias e superando qualquer outro artista. Ela se consagra como a artista com maior quantidade de indicações (79) e vitórias (28) num Grammy. Apesar de ser a favorita da premiação, Beyoncé ainda não venceu uma categoria de prestígio, “Álbum do Ano”. Seu álbum The Lion King: The Gift (2019), embora excelente, nem sequer foi indicado, pois foi lançado antes do período de elegibilidade. Contudo, seu álbum visual Black is King (2020) concorreu a “Melhor Filme Musical” e perdeu. Queen Bey chegou perto em 2017 com o álbum Lemonade (2016), mas ficou apenas com uma dedicatória da cantora inglesa Adele, 32. A derrota foi considerada uma grande injustiça.
Falando de injustiças no Grammy, há anos, vários artistas denunciam a falta de sensibilidade racial da premiação, com suas categorias exclusivas para negros, como “Música Urbana” e “R&B”. Este ano, a tensão racial ficou inegável com a exclusão do cantor canadense The Weeknd, 31, da lista de indicados. Pois, mesmo o álbum After Hours (2020) tendo sido aclamado pela crítica e o sucesso Blinding Lights (Luzes Ofuscantes), sendo a primeira música a passar um ano inteiro no Top 10 da Billboard Hot 100, o artista não foi indicado a nenhuma categoria. Em uma entrevista para a revista Billboard do mês de janeiro, The Weeknd deu a entender que os “shows de premiação” estariam ficando ultrapassados. Por tudo isso, Beyoncé decidiu não se apresentar este ano.
Em resposta a esta crise, o presidente interino da Academia de Gravação, o produtor Harvey Mason Jr, 52, fez um pronunciamento durante o show ao público e à classe artística, dizendo que a academia está ouvindo as reivindicações por mais diversidade, representação e transparência nas indicações. Ele ainda convidou a comunidade da música a trabalhar em conjunto e não contra a Academia.
Assista ao discurso:
O Grammy deste ano inovou nas apresentações, transformando o show da premiação em uma série de performances muito criativas, com várias mudanças de cenário. As projeções audiovisuais também foi um recurso muito utilizado. No início de cada apresentação, era exibido uma animação com um pequeno depoimento no qual os artistas tinham a chance de contar um pouco da sua história até então.
Entre as performances de abertura, o duo musical de soul psicodélico norte-americano Black Pumas apresentou o blues Colors (Cores) em uma espécie de galpão com um conjunto de palcos onde várias bandas ficaram isoladas, mantendo o distanciamento social. Em seguida, foi a vez dos rappers norte-americanos DaBaby, 29, e Roddy Ricch, 22, se apresentarem com Rockstar no palco principal. Depois de um breve intervalo, o rapper reaparece na apresentação de Levitating ao lado da cantora inglesa Dua Lipa, 25.
Sem muita ostentação de cenário, mas numa das performances mais elogiadas da noite, o grupo Silk Sonic, de Bruno Mars, 35, e Anderson Paak, 35, trouxe um num clima retrô no estilo Jackson Five com a canção Leave The Door Open. A banda também executou Long Tall Sally e Good Golly, Miss Molly prestando uma homenagem eletrizante a Little Richard (1932-2020), que faleceu devido a um câncer em maio do ano passado. O cantor e produtor norte-americano Lionel Richie, 71, e a cantora americana Brittany Howard, 32, também emprestaram suas vozes para homenagear músicos que nos deixaram no último ano no momento in memoriam do Grammy.
O setor musical foi muito abatido pela pandemia do Covid-19. Por isso, o Grammy também homenageou casas de espetáculos importantes para a cultura do país, que permaneceram fechadas durante 2020. Um destes locais é o lendário Apollo Theatre, no bairro do Harlem, na cidade de Nova Iorque (EUA), que foi o primeiro teatro para negros.
A artista musical Mickey Guyton, 37, também fez história no Grammy, ela é a primeira mulher negra a ser indicada na categoria de country. E ao cantar Black Like Me, ela se tornou a primeira a representar o estilo musical no show. Por fim, a encenação de The Bigger Picture, música do rapper norte-americano Lil Baby, 26, que retratou a violência policial racista nos EUA e lembrou da execução de George Floyd (1973-2020) e Breonna Taylor (1994-2020) e teve a participação do ator americano Kendrick Sampson, 33, e da ativista estadunidense Tamika Mallory, 40. Os artistas, o norte-americano Roddy Ricch, 22, o porto-riquenho Bad Bunny, 27, a norte-americana Doja Cat, 25, e a americana Mickey Guyton, também se destacaram na cerimônia.
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Foto de capa: Divulgação.
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Quando criança, sonhava em ser escritora. Hoje, é graduada em Letras e Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. Produtora cultural, simpática, TCC nota 10 e faz tudo.