Pretassa

Aos 39 anos, Beyoncé se consagra como uma das maiores artistas de todos os tempos

Excelência, qualidade e perfeccionismo: essas são as principais características que vêm à mente quando se fala em Beyoncé. Nascida em 4 de setembro de 1981, a cantora se consolidou nas indústrias da música e entretenimento, sendo uma das artistas com maior impacto cultural e social dos últimos anos.

Desde a infância, ser cantora já era o objetivo da artista. Mas foi em 1997 que Beyoncé começou oficialmente a sua carreira, no grupo Destiny’s Child, tendo o pai como mentor e empresário do que mais tarde seria um trio também composto pelas cantoras e melhores amigas, Kelly Rowland e Michelle Williams.

O trio se reuniu novamente durante a apresentação de Beyoncé no Coachella. Foto: Reprodução/Beyonce.com.

Em 2003, Queen B deu o pontapé inicial na carreira solo com o disco Dangerously in Love, sendo Crazy in love e Naughty Girl dois dos cinco hits do álbum de estreia que lhe rendeu 5 Grammys. Em 2006, após o término das Destiny’s Child, Bey lançou seu segundo álbum de estúdio, B’Day, o qual já dava indícios de seu interesse trabalhos visuais.

No ano de 2008, a artista lançou o seu terceiro álbum, o I am… Sasha Fierce, em menção ao seu alter ego, o qual, segundo a própria cantora, dava a ela maior confiança nos palcos. O bom desempenho do álbum e da primeira turnê mundial, a I am… World Tour, foi o bastante para colocar Beyoncé no holofote da indústria, rendendo-lhe 22 prêmios, incluindo 6 Grammys.

A artista ganhou 6 grammys numa única premiação, batendo o recorde de artista mais premiada durante uma edição da premiação. Foto: Reprodução/Danny Clinch.

Com o lançamento do “4”, seu quarto álbum de estúdio, em 2011, Beyoncé trouxe uma presença mais forte do R&B em seu repertório, demonstrando não ter medo de arriscar, e destacando sua potência vocal.

A qualidade do trabalho também lhe rendeu importantes prêmios da indústria fonográfica. Dona de 24 Grammys e 27 VMAs (MTV Video Music Awards) – maior vencedora da história da premiação -, Beyoncé se firmou como uma das maiores artistas mundiais. Mesmo após duas décadas, Bey se mantém relevante, com um impacto que reverbera por toda indústria. Confira alguns dos seus feitos na música:

Distinção na indústria

Além das suas habilidades vocais e performances memoráveis, os filmes e videoclipes também são um aspecto marcante no trabalho de Beyoncé, sobretudo pelo investimento e produção de suas obras, as quais lhe renderam o terceiro lugar da lista da Billboard dos(as) maiores artistas de videoclipes de todos os tempos, ficando atrás apenas de Michael Jackson e Madonna – primeiro e segundo lugar, respectivamente.

Em documentário sobre sua vida e carreira, Life is but a dream (“A vida é apenas um sonho”), lançado em 2013, Beyoncé já demonstrava vontade de fazer um trabalho diferente ao ditado pela indústria. “As pessoas não fazem mais discos. Elas apenas querem vender um monte de singles [música de trabalho] rápidos. (…) As pessoas não escutam mais um trabalho completo”, enfatiza em um dos trechos do documentário.

Foi em 2013, após o lançamento do quinto álbum, o auto-intitulado Beyoncé, que a artista conquistou seu patamar na indústria. De formato visual, composto por 14 faixas e 17 clipes, o álbum foi lançado de surpresa na madrugada do dia 13 de dezembro, e bateu recordes na época, alcançando mais de 800 mil vendas em três dias, e ocupando o topo dos “mais vendidos” em 104 países, incluindo o Brasil.

O álbum também foi exaltado pela crítica especializada, em razão da sua característica disruptiva tanto para a indústria da época, quanto para a carreira da própria Beyoncé.

Comprometimento com a luta racial

Em 2016, Queen B arriscou-se em um novo passo na carreira: a inclusão da temática racial em seu trabalho artístico. No mês de fevereiro, sem espera do público, a artista disponibilizou a faixa e videoclipe de Formation, no qual enfatiza a sua negritude e origem texana, além de denunciar a brutalidade policial.

A canção marcou o início da era Lemonade, segundo álbum visual e o sexto da sua carreira, lançado em abril do mesmo ano, e também a nova fase de Beyoncé enquanto artista. A faixa é a segunda música mais premiada da história, com 28 prêmios no total, incluindo o Leão de Cannes em “Videoclipe de Excelência”. Assista:  

O ativismo em prol da equidade racial foi o bastante para a direita estadunidense se rebelar contra a cantora. Convidada pelo grupo Coldplay – principal atração do Super Bowl 50 -, Beyoncé performou a canção Formation, fazendo referência a um dos principais militantes da causa racial nos EUA, Malcolm X, na coreografia da música, e ao partido político voltado para o combate à violência policial, os Panteras Negras, no figurino de suas dançarinas.

Após a apresentação no evento de maior audiência televisiva dos Estados Unidos, protestos contra a cantora e pró-polícia foram organizados em frente à sede da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL), empresa responsável pelo evento. Entretanto, o movimento foi um fracasso e, durante a manifestação, a quantidade de pessoas a favor da artista era majoritariamente superior aos seus opositores.

O episódio também foi ironizado pela própria Beyoncé. Foto: Reprodução/Beyonce.com.

E em abril do mesmo ano, Beyoncé lançou o seu segundo álbum visual e sexto de estúdio, Lemonade, composto por 12 faixas musicais e um filme, no qual a artista recita alguns poemas da britânica Warsan Shire na transição entre os 12 videoclipes que integram o longa. Alguns desses poemas abordam o fim de um relacionamento amoroso e experiências vivenciadas por mulheres negras em aspectos como amor e autoestima.

Show da Formation World Tour, na cidade de Copenhagen, Dinamarca. Foto: Reprodução/Beyonce.com.

No mesmo mês, a cantora inicou a Formation World Tour, sua primeira turnê feita em estádios, com todos os 49 shows realizados na América do Norte e Europa. Vinte deles tiveram os ingressos esgotados no primeiro dia de vendas. Com uma superestrutura, a turnê foi vista por mais de duas milhões de pessoas, rendendo à Beyoncé uma receita superior a 200 milhões de dólares.

Empoderamento na música

Beyoncé foi alvo de críticas ao decidir se posicionar contra o racismo por meio de sua arte. Na internet, a cantora foi acusada de se apropriar da pauta racial para lucrar e ter visibilidade em seus projetos. No entanto, engana-se quem acha que Formation foi o início do ativismo da cantora.

Durante os nove anos em que foi uma das integrantes do Destiny’s Child, Beyoncé já escrevia e performava canções que exaltavam o empoderamento feminino. Uma das músicas mais famosas do grupo, Independent Woman, por exemplo, destaca a importância da independência financeira das mulheres.

Nos quarto e quinto álbuns de sua carreira solo, a cantora também evidenciou a causa feminista. No álbum “4”, lançado em 2011, Beyoncé exaltou o poder das mulheres na canção Run the World (Girls), e no seu auto-intitulado, a cantora inseriu o trecho de uma palestra da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie – famosa escritora e feminista negra – no clipe da faixa Flawless

No Lemonade, as mensagens das letras ganharam ainda mais potência. A parceria com o rapper Kendrick Lamar – conhecido por também abordar a questão racial em suas letras – em Freedom, por exemplo, é um grito de liberdade ao povo preto. 

Seguindo essa mesma proposta, no dia 19 de junho – dia da abolição da escravidão nos Estados Unidos -, Bey lançou a faixa Black Parade, exaltando à ancestralidade e cultura africana nos versos da música. Além disso, a canção também foi uma forma de solidariedade às manifestações antirracistas Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), contra a brutalidade policial após os assassinatos de pessoas negras – entre elas, George Floyd e Breonna Taylor – pela polícia americana. 

O ativismo de Beyoncé não se restringe apenas à música. Através da organização BeyGOOD, a artista promove e apoia várias ações sociais ao redor do mundo, inclusive durante a pandemia do novo coronavírus. Saiba mais

Beychella
Beyoncé durante performance no primeiro final de semana do Coachella. Foto: Reprodução/Beyonce.com.

Foi como ficou conhecido o Coachella após as apresentações de Beyoncé em 2018. A artista, primeira mulher negra a ser atração principal do festival, levou ao palco principal do evento a temática Homecoming – festa de recepção dos(as) calouros(as) nas instituições americanas –, com a maioria do corpo de dançarinos(as), músicos(as) e cantores(as) composta por pessoas pretes, de diferentes corpos e habilidades de dança.

O resultado da performance pode ser conferido no documentário Homecoming (disponível na Netflix), no qual são exibidos os bastidores da apresentação, desde o ensaio até show final. Com depoimentos da própria Beyoncé, o longa também mostra os desafios que a artista enfrentou durante os oito meses de trabalho no projeto.

África em perspectiva

O último acontecimento da carreira da cantora aconteceu no mês de julho. Em parceria com o serviço de streaming Disney+, Beyoncé lançou o filme Black is King (Preto é Rei), a fim de celebrar a história negra e tradições africanas. O longa é complemento visual do álbum The Lion King: The Gift, com Beyoncé como curadora da obra, e também marca um ano de lançamento do live action de O Rei Leão . 

O filme – o qual possui direção, produção executiva e roteiro assinados pela artista – foi aclamado pela crítica e telespectadores, colocando Beyoncé em um novo patamar na indústria, no qual só uma pessoa pode superá-la: ela mesma.

Confira a cena do filme para a música Brown Skin Girl, estrelada por celebridades como Lupita Nyong’o, a cantora Kelly Rowland e as supermodelos, Naomi Campbell e Adut Akech; além da participação de sua mãe, Tina Knowles, e suas filhas, Blue Ivy e Rumi Carter:

Foto de capa: Divulgação.

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