Bahia

Julho das Pretas: Pescadoras e Marisqueiras da Bahia fortalecem saberes em fitoterapia

O Conselho Pastoral de Pescadores Bahia-Sergipe realiza desde terça-feira, 23, até esta quinta-feira, 25, o curso “Formação e Troca de Saberes Fitoterapia – Julho das Pretas”, no Centro de Treinamento da EBDA (CTN), no bairro Itapuã, em Salvador.

Durante os três dias de formação, pescadoras e marisqueiras estão aprendendo na teoria e, na prática sobre os processos de colheita, higiene, armazenamento, controle de contaminação das plantas, assim como, da argila (geoterapia). Além disso, aprendem os benefícios e aplicação da babosa (erisipela), repolho (edema e dor), da argila (sinusite, processos inflamatórios e feridas).

Pensando neste processo formativo e de luta por melhores condições de vida para mulheres negras, o CPP Ba/Se realiza nesta quarta, 24 de julho, a roda de conversa “O Poder das Águas: a trajetória de luta das Mulheres Negras”, a partir das 19h, na CTN EBDA, com a participação de Mãe Jaciara (Ilê Axé Abassá de Ogum), Eliete Paraguassu (Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais – MPP), Gicélia Cruz (Coletivo Negro Evangélico) e Simone Alves (Coletivo Mahim), o qual serão compartilhadas as trajetórias de mulheres negras na luta contra o racismo, contra a intolerância religiosa e pela proteção de seus territórios

Já no dia 25 de julho, às marisqueiras e pescadoras irão participar da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que terá concentração na Praça da Piedade, a partir das 14h, e segue em direção ao Terreiro de Jesus. As ações integram também a Semana Mundial dos Manguezais. 

Julho das Pretas

O dia 25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Afro Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional da quilombola Tereza de Benguela e das Mulheres Negras. Criada em 1992, a data foi reconhecida através da lei nº 12.987/2014, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, no dia em que também são celebradas Tereza de Benguela e a Mulher Negra.

Mulheres da Pesca

Em sua maioria as pescadoras são mulheres negras e toda a invisibilidade, desvalorização do seu trabalho, da sua contribuição econômica, política e cultural se relaciona com o racismo estrutural e institucional que assola a sociedade brasileira.

“Estas mulheres negras das águas seguem com maestria enfrentando o racismo e o machismo de cada dia e liderando as lutas das comunidades na defesa do território, do modo de vida e de suas famílias, sonhando com a transformação das suas condições de vida”, declara Zezé Pacheco

O CPP vem refletindo nos processos de formação e na sistematização de sua metodologia sobre estas intersecções do racismo, com o sexismo, o machismo, e que essas ações se dão no cotidiano da vida das mulheres negras pescadoras e/ou agentes pastorais.

“Para garantir um futuro melhor e justo precisaremos enfrentar o racismo e o sexismo que juntos determinam as desigualdades já relatadas e coloca um contingente imenso de mulheres brasileiras em situação de vulnerabilidade social”, enfatiza Zezé Pacheco.

Foto de capa: Dani Souza

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