Atlântico

Alemanha vai devolver artefatos saqueados por britânicos para a Nigéria

A Alemanha será o primeiro país a devolver artefatos saqueados por britânicos para a Nigéria. Os famosos Bronzes de Benin contam com mais de mil peças e levantaram interesses de museus e colecionadores de toda Europa e até dos Estados Unidos. Mas desta vez, os artefatos que estão nos museus alemães, voltarão às suas origens a partir de 2022. O comunicado de devolução foi feito pela ministra de cultura da Alemanha Monika Grütters, 59.

A rainha tem o típico penteado chamado “bico de galinha”, recoberto com contas de coral e está acompanhada de damas, guerreiros e servidores reais. Dois leopardos, símbolos do poder do oba, estão na frente do grupo. Rainha-mãe e sua corte, latão, 33 x 30,5 x 23,5 cm, séc. XVIII, Edo/reino de Benin, Nigéria. Foto: Reprodução/Museus Nacionais da Escócia.

As peças foram saqueadas, no ano de 1897, decorrente de uma invasão dos militares britânicos na região Ocidental da África. Possivelmente, os objetos foram roubados dos palácios reais para garantir os custos da operação. Hoje, as peças estão em maior concentração no museu britânico, mas a Nigéria segue negociando a devolução dos itens, ainda sem muito sucesso. 

A Iyoba Idia usa um penteado “bico de galinha” revestido de uma rede feita de contas de coral. É uma das mais célebres imagens de rainha africana. Cabeça da rainha-mãe Idia, latão, 51 cm de altura, séc. XVI, Edo/reino de Benin, Nigéria. Foto: Reprodução/Museu Etnológico de Berlim.

No período do saqueamento, quando chegaram em Londres, os artigos reais do Reino do Benin, fascinaram os especialistas pelo requinte e pela perfeição das peças, todo o domínio que já existia na criação e em especial nas peças de metal. Muitos escultores e pintores ficaram maravilhados com as formas e linhas da arte africana e estas foram influência para o movimento Modernista. 

O obá Esigie, no centro, montado a cavalo em uma procissão real, tem os braços amparados por servidores jovens enquanto outros dois protegem sua cabeça. Seus pés estão apoiados sobre um servidor anão. O rei usa coroa e colares de coral que lhe cobrem a boca. Latão, 48 x 39 x 2 cm, séc. XVI-XVII, Edo/Reino de Benin, Nigéria. Foto: Reprodução/ Museu Etnológico de Berlim.

Neste momento, a nova decisão volta à tona os debates sobre os verdadeiros pertencentes das obras. Não apenas sobre os Bronzes de Benin, mas as riquezas culturais que foram tomadas por colonizadores europeus. Entram nesses debates: Egito, Grécia e países pré-colombianos, na tentativa de recuperar seus objetos de direito.

A ministra de cultura Monika Grütters, em reunião com peritos da área, disse: “Encaramos uma responsabilidade moral e histórica de lidar com o passado da Alemanha. Os Bronzes de Benin são um exemplo desse processo”.  

Em meio ao processo de devolução, a Alemanha deve apresentar um plano de logística para retornar com os artefatos até o fim de junho deste ano. Serão listados as primeiras peças para a devolução a partir do ano que vem.  

*Com informações do portal Veja e da plataforma Ensinar História

Foto de capa: Reprodução/Ensinar História.

LEIA TAMBÉM: Nigéria recebe artefato roubado que foi encontrado no México

Ouça o episódio #11 – Os impactos da pandemia nas trabalhadoras domésticas:

Apoie a mídia negra nordestina: Financie o Negrê aqui!

Compartilhe: