Atlântico

Líder de oposição decide suspender de forma temporária sua campanha em Uganda

O atual líder de oposição Robert Kyagulanyi, 38, mais conhecido como Bob Wine, suspendeu de forma temporária a sua campanha política nas pré-eleições de 2021 durante manifestação contra a violência policial em Uganda. Isso ocorreu após os policiais terem feito uso de gás lacrimogêneo e munições reais em vários comícios de Wine. As informações foram disponibilizadas pela Agência Lusa nesta quarta-feira, 2.

O País é localizado na região Oriental do Continente Africano e vivencia um dos seus maiores momentos de agitação social e política. Estão ocorrendo protestos na Capital ugandesa, Kampala. E o que vem motivando é a prisão de Bobi Wine, um dos principais opositores do atual presidente Yoweri Museveni, 76, do partido Movimento de Resistência Nacional (MRN). 


Divisão Central de Kampala, capital da Uganda. Foto: Hassan Omar Wamwayi/Unsplash.

Com as eleições programadas para fevereiro de 2021, o então presidente Yoweri Museveni pretende chegar ao seu sexto mandato em sua carreira política, segundo informações do portal DW Africa. O autoritarismo de Museveni vem tornando as campanhas eleitorais de modo desigual ao seu adversário. Essa é uma das principais denúncias de Bob Wine nos protestos.

Entenda

Artista e empresário, Bobi Wine se filiou ao Partido de Unidade Nacional (NUP) em 22 de julho deste ano e é candidato a presidente nas eleições de 2021. A declaração oficial foi feita no dia 24 de julho de 2019. Wine entrou na política em abril de 2017 e, desde então, tem inspirado a juventude ugandesa dentro das campanhas políticas que vem atuando. Além disso, sua própria campanha de porta em porta tem chamado atenção da comunidade internacional.

Para além de sua carreira artística, em 2018, Wine ganhou um pouco mais de visibilidade e reconhecimento público ao apoiar a vitória de candidatos que fizeram campanha nas eleições parciais contra candidatos do partido Movimento de Resistência Nacional (MRN) e o partido de oposição, Fórum para Mudança Democrática (FMD). Isso fez com que ele tivesse mais apoio popular, vindo principalmente dos jovens. No entanto, Wine já foi torturado, de acordo denúncias locais.

Desde 2019, o líder opositor foi preso várias vezes. Ele foi denunciado por estar a frente de protestos contra a taxa de mídia social (em vigor desde julho de 2018) e acusado ainda de desobediência civil. Na prisão ocorrida em 2 de maio, a Anistia Internacional resolveu interferir e solicitar ao governo de Uganda a soltura de Wine. E com isso, ele recebeu fiança e foi proibido pelo tribunal a continuar liderando manifestações determinadas como ilegais. 

Protestos nas ruas de Uganda. Foto: Anonymous/Twitter. 

Seu manifesto da campanha foi divulgado no último dia 6 de novembro em Mbarara, cidade situada na região oeste de Uganda. Bob Wine se reuniu numa aglomeração e sob acusação de não respeitar as exigências da Lei de Gestão Pública em relação à pandemia do Covid-19. Ele foi preso de modo arbitrário na quarta passada, 18. Um total de 350 manifestantes também foram presos. A polícia de Uganda contabilizou cerca de 16 mortes durante os confrontos violentos que ocorreram na quinta passada, 19. 

Protestos nas ruas de Uganda. Foto: Anonymous/Twitter.  

Em três dias de movimentações e protestos nas ruas, cerca de 45 mortes foram registradas na segunda-feira passada, 23, segundo a Agência Lusa. Ainda no mesmo país, há uma confirmação de 11.767 casos de Covid-19, conforme números do site do Ministério da Saúde de Uganda. 

Foto de capa: Getty Images/SOPA Images.

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