O Maranhão apresenta aumento rápido de casos e de mortes por Covid-19 no início de 2021 e já totaliza 219.307 infectados e 5.052 óbitos, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES). No entanto, as subnotificações e os subregistros são altos, e não é possível acompanhar o número real de contaminados e vítimas fatais no Estado.
Segundo a médica infectologista Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), ao ser comparado estas informações fornecidas pela SES, com os dados de mortes por causas naturais, mapeados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), percebe-se como o governo maranhense tem perdido o número de óbitos em excesso desde o início da pandemia.
O CONASS desenvolveu um painel com linha do tempo, mostrando que apenas o Nordeste tem 82.849 mil mortes em excesso no ano de 2020, o que representa 34% a mais de mortes esperadas naquele ano.
Mortes em excesso
O Inquérito Sorológico realizado pelo governo do Maranhão, em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com o objetivo de avaliar o cenário da pandemia, indicou que no período de 20 março até 08 agosto de 2020, cerca de 40,4% da população maranhense já havia sido infectada com o vírus SARS-CoV-2. Nestes dados coletados, foi confirmada a baixa taxa de letalidade no estado.
Apesar destas informações divulgadas, quando há comparação com os números do CONASS, a infectologista Maria dos Remédios destaca que não é possível saber da real letalidade no Maranhão.
Naquela ocasião, o estado tinha 3.154 mortes por Covid-19, em dados divulgados pela SES. Já no painel da CONASS, de pessoas que morreram por causas naturais, o número era de 9.733, três vezes maior.
De março a dezembro de 2020, o governo maranhense afirmava que o total de óbitos por Covid-19 no estado era de 4.500 pessoas. Enquanto a CONASS informava que, até aquele momento, havia um excesso de 8.416 de óbitos por causas naturais no Maranhão. Ou seja, um total de 12.916 mortes poderiam ser por Covid-19.
Maria dos Remédios explica que este número em excesso pode indicar que, possivelmente, certidões de óbitos de vítimas fatais, devido a sequelas do vírus, podem não estar sendo apontadas como mortes por Covid-19.
De acordo com especialistas, pacientes graves infectados com o coronavírus, podem desenvolver uma “tempestade inflamatória” que leva à hiper-inflamação de órgãos como pulmão, coração, rins, fígado e até causar Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Em todo o Nordeste, o número de óbitos por coronavírus, mais o excesso de mortes naturais entre pessoas com 60 anos ou mais, de março até dezembro de 2020, foi de 58.202 mil, valor 33% maior que o do ano anterior, 2019.
Aumento de casos no Maranhão
De acordo com os últimos dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde do Maranhão (SES), os leitos de UTI e enfermaria da Grande Ilha – São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa -, estão no limite de ocupação.
Na última semana, pacientes do município de Imperatriz foram transferidos para a capital maranhense por falta de leitos de internação. Nas demais regiões do estado, a situação não é diferente.
No fim do mês de fevereiro, o Maranhão registrou 40 mortes por Covid-19. Número alto, considerando que a tendência de 2020 era de baixas notificações de casos e de mortes aos finais de semana, por causa de alguns laboratórios operarem somente nos dias úteis.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) tem aumentado o número de leitos para atender a atual demanda. No entanto, o sistema de saúde está no limite. Em dez dias, foram criados 19 leitos de UTI e mais 113 leitos clínicos. Entre maio e junho de 2020, o Maranhão chegou a ter 400 leitos de UTI. Atualmente, existem 335.
Além disso, a SES comunicou a confirmação de uma das novas variantes da Covid-19. O primeiro caso da P1, encontrado inicialmente no Amazonas, foi identificado em uma moradora do Paço do Lumiar, região metropolitana de São Luís.
Foto de capa: Reprodução.
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