O grupo de extensão Meninas e Mulheres nas Ciências, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), produz uma série de materiais didáticos e lúdicos que permitem entrar em contato com trajetória e conquistas de mulheres negras cientistas.
O machismo, o racismo e a invisibilização das mulheres negras na ciência disseminou a ideia de que produção cientifica, pesquisa e ciência são exclusivas da masculinidade branca.
Todavia, isso não passa de mais uma das falácias oriundas das opressões dentro da sociedade, pois muitas pesquisadoras pretas ocupam espaços louváveis e importantes em diferentes áreas do conhecimento.
Entendendo isso e com o intuito de divulgar o grupo de extensão Meninas e Mulheres nas Ciências, da UFPR, produziu materiais didáticos e criativos que possibilitam o conhecimento das trajetórias e conquistas de algumas dessas mulheres. O projeto objetiva romper a barreira dos papéis sociais machistas impostos, que delimitam quais espaços e profissões seriam “de mulher”.
Conheça os projetos
O livro de passatempos online Cientistas Negras Brasileiras é um exemplo. Com ele, por meio de um caça-palavras, é possível conhecer a história de Sônia Guimarães, 63, primeira mulher negra brasileira a ser doutora em Física e primeira professora negra do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Além disso, o projeto também possibilita a aproximação de Enedina Alves Marques (1913-1981), primeira engenheira do Brasil, da obra antirracista e feminista de Lélia Gonzalez (1935-1994), assim como conhecer a produção de Sueli Carneiro, 70, Katemari Rosa, Conceição Evaristo, 74, Neuza Santos Souza, 73, Rita de Cássia dos Anjos, Luiza Barros (1953-2016) e outras.
O grupo também desenvolveu um Jogo da Memória online com ilustrações das cientistas negras, de autoria de Marcelo Jean Machado, para que seus rostos e suas produções se tornem cada vez mais conhecidos.
Acessibilidade no projeto
Além da apreciação e valorização que o projeto proporciona, o conteúdo é apresentado de maneira interativa e didática. Desse modo, pode ser utilizado individual ou coletivamente, sem restrição de público.
Organizadoras do projeto afirmam que a linguagem acessível e convidativa tem atraído um publico vasto e diverso, de diferentes idades, perfis e níveis de escolaridade.
Covid-19
O livreto Mulheres cientistas: Coronavírus é outra produção das Meninas e Mulheres na Ciência, que conta com um caça-palavras dentre outros passatempos que narram a trajetória de pesquisadoras que contribuíram no combate à pandemia do Covid-19, na atualidade ou na história.
Esse material aborda um resgaste histórico de trabalhos que foram fundamentais para que a doença e a estrutura do vírus fosse conhecida e descrita, assim como a atuação de profissionais contemporâneas.
A brasileira Ester Sabino, médica, professora e pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que juntamente com sua equipe, conseguiu sequenciar o genoma do novo coronavírus em dois dias é uma das homenageadas. Assim como a biomédica Jaqueline Goés de Jesus, 31, uma das jovens pesquisadoras que integra o grupo de Sabino.
A obra mostra ainda o trabalho da virologista June Almeida (1930-2007), que descobriu o primeiro coronavírus no ano de 1964 em Londres (Reino Unido), entre outras profissionais que ajudar a construir esse legado.
Mais informações
No site das Mulheres e Meninas nas Ciências, é possível acessar conteúdos publicados semanalmente sobre as pesquisadoras e cientistas.
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Foto de capa: Marcelo Jean Machado.
Ouça o episódio #01 – Conheça o Site Negrê:
Jornalista em formação pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e afropesquisadora. Atualmente, estuda movimento negro e juventude em Minas Gerais, mas já aprofundou em racismo institucional e racismo e mídia. Também se interessa por cultura, música (principalmente rap nacional!) e política, sobretudo pelo modo que essas pautas dialogam com negritude no Brasil. É fotógrafa nos horários vagos (com a percepção e admiração pela maneira que a fotografia e o fotojornalismo narram realidades e perspectivas). Além disso, também é militante pelo Levante Popular da Juventude, comunicadora e coordenadora de cultura do Coletivo Negro KIANGA.