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Pesquisadora negra organiza vaquinha para Doutorado sanduíche no Texas

A pernambucana Thayane Fernandes, 26, conhecida nas redes sociais como Antropogata (@antropogata), está organizando uma vaquinha até o próximo dia 25 de abril, para custear o curso preparatório e o teste de proficiência na língua inglesa. Este certificado é o passaporte para a próxima etapa do Doutorado sanduíche, um estágio de seis meses no departamento de Estudos Africanos e da Diáspora Africana na Universidade de Austin (Texas), nos Estados Unidos

“Para submeter ao edital da CAPES é preciso fazer um teste da língua inglesa (TOEFL) para comprovar que tenho o nível exigido. Esse exame custa um valor alto para meus padrões, além de aulas de preparação para o modelo da prova, que tem duração de duas horas e exige habilidades muito específicas”. É o que explica Thayane Fernandes.

Thayane é uma intelectual, negra, periférica, poeta, criadora de conteúdo digital, DJ, bacharel em Ciências Sociais, Mestre em Antropologia e Doutoranda pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Desde criança, é imersa no universo do conhecimento, pois a avó era professora e dona de escola, com quem aprendeu a ler e escrever desde muito cedo. Por consequência, entrou na graduação aos 16 anos e não parou mais de estudar.

Thayane Fernandes, 26. Foto: Arquivo pessoal.

Finalizou o mestrado em 2019, com uma pesquisa sobre como grupos extremistas político-religiosos se apropriam de elementos da cultura judaica, por exemplo, para distorcer o significado da bandeira de Israel. O resultado desta pesquisa foi apresentado numa Conferência Internacional na cidade de Haifa, em Israel. 

Ainda em 2019, ganhou uma bolsa do governo canadense para jovens líderes emergentes nas Américas (ELAP) para desenvolver uma pesquisa junto à uma universidade de lá. Foi então que pode aprimorar também o inglês, que aprendeu por conta própria.

Ao retornar do Canadá em 2020, foi aprovada no Doutorado em Antropologia da UFPE, no qual atualmente desenvolve uma pesquisa sobre “Artistas ex-evangélicos/as negras/os/es, memória e ferida colonial”. Thayane pretende arrecadar o valor total de dois mil reais. As doações podem ser feitas diretamente para o PIX da conta bancária dela. 

Eu sou mais uma das poucas intelectuais negras e jovens brasileiras a desejar e alçar voos maiores dos que foram previstos para mim, naquelas bibliografias todas que fui obrigada a ler durante a minha formação. E acredito que desejos são mais gostosos quando realizados coletivamente, porque a luta torna-se mais leve”, argumenta Thayane.

Saiba como apoiar

As doações estão recebidas pelo PIX de Thayane Rodrigues através da chave: (81) 997945570.

Foto de capa: Arquivo pessoal.

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