Bem-estar Covid-19

Saúde na quarentena: 5 hábitos para uma mente mais saudável

A pandemia do Covid-19, incluindo o distanciamento social promovido pela mesma, afetou a todes*. Houve a necessidade de se ajustar a esse atual contexto e, para isso, práticas precisaram ser inseridas e/ou adaptadas à rotina e demandas do dia-a-dia. E a soma de todas essas mudanças podem afetar a saúde mental.  

1. Autoconhecimento

Para a psicóloga e pós-graduanda em psicologia humanista com foco na saúde mental da população preta Amanda Henrique, esse momento de distanciamento social é um convite para o autoconhecimento. “Começamos a visitar vários espaços do nosso eu e perceber sentimentos, emoções e sensações antes nunca vistas”, explica.

A psicóloga e pós graduanda em psicologia humanista, Amanda Henrique. Foto: Arquivo Pessoal.

O contexto de pandemia e distanciamento também pode desencadear a ansiedade. Sobre isso, Amanda pontua que “todes nós somos ansiosos, em uma escala de menor para maior”, mas também alerta sobre os cuidados e a atenção que se deve ter com a ansiedade, sobretudo quando essa deixa de ser apenas uma sensação, pois, “se não tratada, pode desencadear crises de pânico”.

Como forma de diminuir a ansiedade, a psicóloga sugere que “elaborar a rotina diária e semanal, meditação, exercícios físicos e fazer psicoterapia será libertador”.

2. Detox de informações

Além da pandemia, o cenário econômico e social do Brasil, ainda há, para as pessoas pretas, o racismo como agravante. Diariamente, são vários crimes de racismo noticiados pela imprensa e/ou publicados nas redes sociais que podem impactar ou, até mesmo, despertar gatilhos.

Como forma de amenizá-los, a psicóloga Amanda Henrique afirma que diminuir o consumo de informações é o mais recomendado para evitar certos gatilhos, mas também ressalta a psicoterapia como parte do processo. “Os gatilhos existem. Se ele incomodou é porque precisa ser trabalhado”, sinaliza.

Para diminuir a frequência nas redes sociais e/ou telas, a psicóloga indica atividades como: leitura de livros, atividade física, meditação, vídeo-chamadas com amigues, escutar música e assistir filmes/séries com protagonismo negro. Em relação ao último, a mesma salienta que “nada de filmes ou séries nos quais vemos os nossos irmãos sofrendo”.

Ler é uma oportunidade de aprofundar o conhecimento, aperfeiçoar a escrita e também de conhecer e entender novos assuntos. Foto: Nappy.

Ademais, Amanda também evidencia a importância de negros e negras cuidarem da sua saúde mental. “Para a luta precisamos estar saudáveis”, enfatiza.

3. Saúde mental e trabalho

O home office se apresentou como uma solução para as empresas manterem as suas atividades, assim como a segurança dos(as) seus funcionários(as). No entanto, a soma da pandemia mais a demanda de trabalho resultaram num aumento de 37% nos casos de doenças psiquiátricas ou distúrbios emocionais, segundo o estudo Gente em Perspectiva realizado pela consultoria Falconi, divulgado no último mês.

Para evitar a exaustão física e mental que podem ser promovidas pelo trabalho, Amanda destaca que se priorizar é a melhor atitude. “O mais indicado é estar atento a sua carga horária, estipular uma rotina diária, priorizando o horário de almoço, e estabelecendo limites aos supervisores ou gestor. Ao fim do expediente, não acompanhar grupos de conversa e outras plataformas relacionadas ao trabalho”, recomenda.

Segundo a psicóloga, inserir alongamentos e cinco minutos de meditação por dia podem fazer a diferença na relação com o trabalho. Foto: Jakayla Toney/Unsplash.

4. Ajuda profissional

Nesse contexto de incertezas, procurar um(a) profissional também pode ser um passo importante para o bem-estar mental. De acordo com o Google Trends, a busca por atendimento psicológico no início da pandemia chegou a 88%, sendo mais que o dobro registrado em setembro de 2019 – mês no qual geralmente ocorre maior busca pelo serviço, em razão da campanha de prevenção do suicídio promovida pelo Setembro Amarelo.

Segundo a psicóloga Amanda Henrique, terapia é para todes, e significa “ir em busca do equilíbrio em vida, autoconhecimento e autorealização, além de aprender a lidar com as emoções consigo, com o outro e com o mundo”, acentua.

Amanda também frisa sobre a importância de pessoas negras serem assistidas por psicólogos negres. Para a psicóloga, duas palavras representam o motivo disso: representatividade e Dororidade – conceito elaborado por Vilma Piedade que traduz a empatia das mulheres negras ligada pela dor comum em decorrência do racismo e machismo. 

5. Zelo com os amigues

Além do autocuidado, também é importante estar conectado(a) e atento(a) ao outre. Segundo a psicóloga, o exercício da escuta é fundamental neste momento. “Precisamos estar com a escuta sensível e saudável para quem precisar”, frisa. 

Para manter as amizades e outras relações presentes no cotidiano durante esse período, no qual manter o distanciamento ainda é preciso, Amanda Henrique evidencia que “fazer vídeo-chamadas com frequência, incentivar a dar continuidade ou a iniciar a psicoterapia, e amor! O amor cura e podemos sentí-lo a quilômetros de distância”, assinala.

*Linguagem inclusiva. O site Negrê opta por utilizar o “e” para neutralizar o gênero da palavra e incluir àqueles que não se identificam com feminino ou masculino.

Foto de capa: Cottonbro/Pexels.

LEIA TAMBÉM: Saúde na quarentena: quatro hábitos para ter uma alimentação mais saudável

Compartilhe: