Em tempos de pandemia da Covid-19, alimentar-se bem e de forma saudável ganha ainda mais importância. Uma alimentação rica em vitaminas, minerais e fibras é essencial para manter a saúde do organismo e diminuir o agravamento da doença, sobretudo daqueles(as) que fazem parte do grupo de risco.
67% dos(as) brasileiros(as) que dependem exclusivamente do SUS são negres e portadores(as) de doenças como diabetes, hipertensão e doença renal crônica, de acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Por consequência dessas enfermidades, há o risco do desenvolvimento de um quadro mais grave de infecção pelo novo coronavírus.
Em relação a isso, o nutricionista e mestrando em Saúde Coletiva, Osiyallê Rodrigues, enfatiza a necessidade de se ter uma alimentação saudável, sobretudo das pessoas acometidas por essas doenças. Segundo ele, “todas as frutas e verduras que a pessoa gostar devem ser consumidas, além das proteínas, especialmente peixe, frango e as de origem vegetal; e as gorduras provenientes do azeite de oliva, abacate, castanhas, coco e amendoim”, recomenda.
Reforço da imunidade
Ainda não há alguma comprovação científica de que algum alimento possa prevenir ou curar a infecção pela Covid-19, mas Osiyallê afirma que o consumo de certas frutas e oleoginosas podem fortalecer o organismo. Todavia, o profissional ressalta que isso não impede de contrair o vírus.
Para o fortalecimento da imunidade, o nutricionista indica o consumo de frutas cítricas, ricas em vitamina C – benéfica ao sistema imunológico – como laranja, limão e acerola; de abacate, rico em tocoferol e vitamina E, os quais auxiliam na ação antioxidante; e das castanhas, pois são ricas em selênio, mineral importante para as enzimas que atuam nesse processo.
“Variar o consumo deles é interessante neste momento. E fazer receitas com eles é super bem-vindo para diversificar a forma de consumo e não enjoar”, sugere.
Cuidados com a saúde mental
Para Osiyallê Rodrigues, a saúde mental é “um equilíbrio entre mente, bem-estar, vontades e desejos que te façam bem”. E a alimentação pode ser um fator auxiliar para isso. “Neste sentido, acredito que o alimento que te deixe bem consigo mesmo(a) em um momento específico, ainda que calórico, contribuem para o seu bem-estar e, consequentemente, para a sua saúde mental”, destaca.
No entanto, o contexto da pandemia e distanciamento social podem ser gatilhos para a ansiedade, a qual pode gerar como consequência a compulsão alimentar, principalmente de doces. O nutricionista destaca algumas estratégias para lidar com esse problema, sendo evitar a compra de alimentos calóricos a principal delas.
“Outras duas estratégias interessantes para a ansiedade é diminuir o intervalo entre as refeições para que a sensação de estômago vazio não esteja presente, o que aumentaria a compulsão. E, quanto aos doces, pesquisar e fazer receitas com frutas maduras, como a banana, pode promover uma ‘redução de danos’ nesses momentos”, propõe.
Saúde do cérebro
Além disso, o nutricionista também destaca alguns alimentos que são benéficos para a saúde e o bom funcionamento do cérebro. “O ômega-3 de origem animal (peixe) e vegetal (como a linhaça), contribuem nas sinapses [conexões] do cérebro, facilitando nosso aprendizado e induz o funcionamento adequado do cérebro”, exemplifica.
O mesmo também aconselha o consumo de gorduras boas, ideais para a manutenção das funções cerebrais, a exemplo do amendoim, abacate e azeite de oliva.
Ademais, Osiyallê frisa a importância do consumo de alimentos ricos em glicose, principal fonte de energia cerebral, sendo o aipim, banana da terra, batata doce e inhame exemplos de boas fontes desse carboidrato.
Higienização dos alimentos
De acordo com Osiyallê, a lavagem dos alimentos deve se tornar um hábito, durante e – principalmente – após a pandemia, devido ao risco de contaminação pelo coronavírus e também por outros microrganismos que podem estar presentes nas frutas e folhas.
A higienização deve ser feita da seguinte forma: fazer a primeira lavagem em água corrente para eliminar sujidades e poeiras em excesso; em seguida, colocar os alimentos em uma panela ou bacia grande com 1 litro de água e 1 colher de sopa de água sanitária (ou 4 gotas de solução de hipoclorito vendida em supermercados); deixar os alimentos nesta mistura por 10 a 15 minutos. Após esse tempo, deve-se lavá-los novamente em água corrente e colocá-los para secar.
Por fim, o nutricionista ressalta a importância de armazenar as frutas e folhas apenas quando estiverem secas, pois “a água ali presente pode aumentar o crescimento microbiológico, promovendo o apodrecimento mais rápido das suas compras”.
Foto de capa: Nathan Cowley/Pexels.