O evento “Ciclo de formação Quilombhoje: o direito à literatura e a memória como estratégia de enfrentamento ao racismo” acontecerá entre os dias 9 e 12 de novembro, numa parceria ente o Coletivo Quibombhoje, Serviço Social do Comércio (Sesc-SP) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Trazer o foco para escritores afro-brasileiros e sua cultura, por meio de uma imersão literária e discussões em torno dessas escritas, é a proposta da iniciativa.
Idealizado pelo escritor e ex-integrante do Quilombhoje, Abílio Ferreira, 62, a imersão que ocorrerá no mês de novembro, é parte de um projeto desenvolvido pelo coletivo no ano de 2020. “Quilombhoje Literatura: uma luta que nos transcende”. As atividades a serem realizadas durante toda a programação incluem mesas de reflexões literárias e históricas, e uma saída de campo para visitar memórias da literatura negra na cidade de São Paulo (SP), no último dia do evento.
Confira a agenda de atividades
09/11: Abertura institucional
Com Érika Mourão (Sesc SP) e Esmeralda Ribeiro (Quilombhoje).
Mediação: Eduardo de Assis Duarte.
Mesa 1 – O Quilombhoje como ação política de enfrentamento do racismo
Com Márcio Barbosa, Vera Lúcia Alves e Oubi Inaê Kibuko.
Mediação: Eduardo de Assis Duarte.
Esta mesa discutirá a apropriação da literatura, levada a cabo pelo Quilombhoje, como estratégia de enfrentamento e superação do racismo. Ao se autonomear a partir da aglutinação entre um substantivo de conteúdo político (quilombo) e um advérbio de tempo (hoje), o grupo conduz a resistência quilombola para além do regime escravista e do mundo rural.
10/11: Mesa 2 – O Quilombhoje como exercício do direito à literatura
Com Abelardo Rodrigues, Míriam Alves e Osvaldo de Camargo.
Mediação: Andressa Marques.
Em 1983, o Quilombhoje passaria a gerir a antologia anual de poemas e contos Cadernos Negros, publicada desde 1978. Significa dizer que, à produção e à reflexão literárias dos seus primeiros anos de existência, o grupo incorporava também a operacionalização do processo de edição, publicação e circulação de textos de autoria negra produzidos nos quatro cantos do país.
Note-se que, se, em 1988; Antônio Candido afirmava a literatura como ferramenta de humanização, na década, seguinte a Marcha 300 Anos da Imortalidade de Zumbi à Brasília se propunha a lutar “contra a opressão desumanizadora do racismo”.
11/11: Mesa 3 – O Quilombhoje como exercício do direito à memória
Com Marciano Ventura, Esmeralda Ribeiro e Jamu Minka.
Mediação: Mário Augusto Medeiros.
O tema desta mesa busca refletir nos objetivos estratégicos do Movimento Negro Brasileiro, sintetizados no parágrafo Jornal da Marcha (1995): “A realização de uma marcha a Brasília se apoia, portanto, nos referenciais mais profundos de nossa memória coletiva no Brasil: a luta contra a opressão desumanizadora do racismo”.
12/11: Saída de campo – A presença negro-literária na paisagem paulistana
Com Abilio Ferreira, Camila Andrade e Jorge Peloso.
A saída será liderada pelo escritor Abilio Ferreira, coordenador do ciclo de formação, e pelo Impulso Coletivo, formado pelo ator Jorge Peloso e pela atriz Camila Andrade que fazem parte de um grupo de teatro sediado na Vila Itororó, em pesquisa sobre território, memória e ancestralidade negro-indígena.
A atividade terá início com uma visitação monitorada da própria Vila Itororó e se encerrará com uma intervenção teatral na Ocupação 9 de Julho.
A escrita preta em evidência
O coletivo urbano Quilombhoje foi formado em 1980 por jovens escritores negros que viam a necessidade de discutir e aprofundar a literatura afro-brasileira, comumente ignorada no universo literário brasileiro. O grupo foi formado por Cuti, Oswaldo de Camargo, Paulo Colina, Abelardo Rodrigues.
![](https://negre.com.br/wp-content/uploads/sesc-vila-mariana-promove-evento-de-imersao-a-literatura-afro-brasileira-2.jpg)
Esse pequeno grupo de escritores tiveram seus primeiros encontros no antigo bar Mutamba, localizado no centro de São Paulo (SP). As primeiras propostas do grupo eram o incentivo da leitura de autores negros, bem como o desenvolvimento de estudos, pesquisas e diagnósticos sobre literatura e cultura negra. O bar Mutamba não existe mais, no entanto, as atividades e conquistas do grupo apenas cresceram ao longo das décadas.
O Quilombhoje é amplamente conhecido pela série anual literária “Cadernos Negros”, iniciada em 1978, na qual promove a visibilidade de autores pretos, tendo lançado um total de 40 volumes ao longo dos anos. Também já organizou o lançamento de diversos livros de poemas, novelas e peças de teatro. Além de debates, cursos, palestras, recitais de poesia e a manifestação cultural, Sarau Afro Mix, um espaço de protagonismo artístico da população negra.
Saiba mais
“Ciclo de formação Quilombhoje: o direito à literatura e a memória como estratégia de enfrentamento ao racismo”
Inscrições disponíveis: aqui!
Inclusão: o evento contará com um intérprete de Libras
Gratuito para o público
Foto de capa: Cottonbro/Pexels.
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Durante toda a minha formação, o ler, o escrever e o dialogar sempre me causaram entusiasmo; logo percebi que comunicar e trocar vivências me faz crescer, e por que não profissionalmente? Desde que aproximei meus laços com minhas origens, sou interessada principalmente em questões étnico-raciais e anseio colaborar com um Jornalismo que traga voz às narrativas pretas. Graduanda em Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM), estagiei em uma agência de comunicação, produzindo e revisando textos publicitários.