No mundo em que vivemos, o talento do povo negro é ocultado pelo racismo e preconceito, seja nas grandes instituições empresariais ou no meio artístico. Muitas vezes, o sonho de jovens negros é interrompido pela violência devido à cor da pele. Sentimos necessidade de nos apegar à inspiração de negros que fizeram e fazem sucesso, driblando o racismo e conquistando um espaço de destaque.
O Negrê fez uma lista de cinco documentários sobre personalidades negras de sucesso, como artistas da música, como empresários e conselheiros, e que não deixaram de ser também ativistas nas questões raciais. Alguns até mesmo são artistas que foram iludidos e sofreram muitas perdas.
Os documentários listados abaixo falam sobre vitórias, mas também apresentam as difíceis jornadas percorridas por essas personalidades, que, como todo negro, vivem o racismo diariamente, ainda que velado pelo status de classe.
Todos as obras estão disponíveis na Netflix e falam de artistas internacionais. Infelizmente, não encontramos, no streaming, documentários sobre artistas negros brasileiros.
What Happened, Miss Simone?
O documentário lançado em 2015 narra a trajetória de uma das maiores artistas da música, Nina Simone, a partir das diferentes fases da vida da artista, desde a infância nos Estados Unidos durante a segregação racial, a descoberta do talento até a explosão no mundo da música.
Nina Simone sempre sonhou ser pianista de música clássica, mas para custear seus estudos na Julliard (maior escola de música dos Estados Unidos), começou a tocar e cantar num bar e foi assim que se descobriu cantora. Além da música, foi uma grande defensora dos direitos do povo negro e colocou a sua luta nas letras das canções.
Com 102 minutos de duração, o documentário foi lançado durante o Festival Sundance de Cinema e concorreu ao Oscar de Melhor Filme Documental em 2015.
O Diabo na Encruzilhada: A História de Robert Johnson
O filme de 48 minutos narra a história de um dos maiores músicos do blues, Robert Johnson, e o mistério em torno de um grande mito sobre sua carreira: diz a lenda que o artista conseguiu talento e fama ao vender sua alma ao diabo na encruzilhada entre as rodovias 61 e 49 da cidade de Clarksdale, nos Estados Unidos.
Em 2011, o músico alçou a posição 71 na lista dos 100 melhores guitarristas da história mundial, eleito pela revista Rolling Stone. Além disso, é reconhecido como uma das grandes influências para os artistas contemporâneos.
O documentário faz parte de uma série sobre mistérios em torno da morte de alguns músicos, intitulada de ReMastered.
O Rei Leão e o Músico Esquecido
O documentário narra a história de um artista negro bastante injustiçado, Solomon Linda. O músico nasceu em 1909, na África do Sul, tinha um grupo musical que se apresentava e, às vezes, gravava na única gravadora local. Lá, ele compôs a canção Mbube, verdadeiro nome da famosa canção do Rei Leão, que foi intitulada como The Lion Sleeps Tonight.
Solomon foi enganado e coagido a vender os direitos da música por apenas dois dólares. Anos depois, ela foi regravada nos Estados Unidos pela banda The Weavers, que a intitulou como Wimoweh e fez bastante sucesso. Já em 1955, ela foi novamente regravada, desta vez por David Weiss. Todos os artistas brancos, inclusive a própria Disney, ganharam milhares de dólares e fama com a canção, enquanto Solomon Linda morreu sem o reconhecimento devido.
O jornalista sul-africano, Rian Malan, passou anos em busca de restabelecer a verdade e provar que a autoria da música pertencia a Linda. Recentemente, ao lançar o álbum Black is King, a cantora Beyoncé utilizou um trecho da música e deu os devidos créditos ao autor da música.
Confira o trailer do documentário.
Who Shot the Sheriff?
Em 1976, Bob Marley decidiu fazer um show gratuito na Jamaica, numa tentativa de diminuir a tensão entre os grupos que disputavam as eleições presidenciais no país. No entanto, dois dias antes da realização do show, o músico sofreu um atentado, quando homens invadiram sua casa atirando. Mesmo atingido com um tiro no braço, realizou o show.
Quase 40 anos após o atentado, a Netflix lançou o documentário Who Shot the Sheriff, apresentando depoimentos de amigos e familiares e reforçando a teoria da conspiração de que agentes da Central Intelligence Agency (CIA, ou Agência Central de Inteligência, na tradução para o português) foram enviados pelos Estados Unidos.
Além do atentado, o documentário apresenta um registro da situação política da Jamaica na época, quando o candidato da oposição era pró-EUA. A obra concorreu na 40ª edição do Emmy.
O Pai da Black Music
O documentário de duas horas conta a história do empresário norte-americano Clarence Avant. Chamado de o “Poderoso Chefão”, nos Estados Unidos, ele não é apenas empresário, mas ativista. Em toda a carreira, revelou grandes artistas negros, na música e no cinema.
A trilha sonora do filme tem uma canção original composta por Pharrell Williams, intitulada Letter to my Godfather (Cartas para meu Poderoso Chefão), e traz depoimentos de importantes personalidades, artísticas e políticas, como Bill Clinton, Barack Obama, Snoop Dogg, Quincy Jones e muitos outros.
Foto de capa: Getty Images.
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Formada em Jornalismo e com especialização em mídias digitais, a baiana tem dedicado sua carreira ao mercado audiovisual há oito anos, quando iniciou na área. Já atuou como produtora executiva em obras para a televisão e em diversas funções dentro da produção de uma obra. Apaixonada por filmes e séries, se considera uma viciada que assiste mais de seis obras por semana.