Gana, país localizado na região Ocidental da África, decide encerrar a exportação de cacau para a Suíça e outros parceiros comerciais, ao ver a necessidade de processar cada vez mais a matéria-prima com o objetivo de produzir mais chocolate. Gana é responsável por cerca de 45% do cacau mundial.
O fato veio a público pelo presidente Nana Addo Dankwa Akufo-Addo, 76, em visita à nação europeia há mais de 12 meses. A conversa só voltou à tona após um recente impedimento colocado por países ricos em uma proposta da Organização Mundial do Comércio (OMC). A proposta teria visto vacinas contra o Coronavírus produzidas em grandes quantidades amplamente em outros países se as empresas farmacêuticas pudessem renunciar às reivindicações de propriedade intelectual, plataforma baseada em Nova York, de acordo com o relatórios da Face2Face Africa.
Nações mais ricas como as da União Européia e também dos Estados Unidos bloquearam esta proposta, segundo o Face2Face Africa. Embora, em termos de números globais, sejam minoria. A declaração de Akufo-Addo ao Conselho Federal da Suíça é vista por muitos observadores de interesses pró-africanos, bem como pelos pan-africanistas, como uma via possível através da qual a África pode ganhar no comércio no cenário global.
A visita de Akufo-Addo foi a primeira de um presidente africano em 60 anos. “Gana é atualmente o maior parceiro comercial da Suíça na África Subsaariana, principalmente da exportação de ouro e cacau para a Suíça e a importação de produtos químicos e farmacêuticos”, disse o presidente Akufo-Addo ao Conselho Federal da Suíça, então chefiada pela presidente Simmoneta Sommaruga, 60.
“No entanto, como já afirmei em várias ocasiões, Gana não quer mais depender da produção e exportação de matérias-primas, incluindo os grãos de cacau. Pretendemos processar cada vez mais nosso cacau em nosso país com o objetivo de produzirmos mais chocolate para nós mesmos”, acrescentou.
Gana e seu vizinho, Costa do Marfim, são os maiores exportadores mundiais de grãos de cacau. No ano passado, os dois países suspenderam a venda de cacau para fabricantes dos Estados Unidos, acusando as gigantes da confeitaria norte-americana Hershey’s e Mars de evitar o pagamento de um bônus que ajudará a melhorar a realidade econômica dos agricultores pobres.
Comércio
O Coffee Cocoa Council (CCC) e o Ghana Cocoa Board (Cocobod) em um comunicado disseram que os dois maiores vendedores de chocolate do mundo não estavam pagando o diferencial de renda vital (LID).
O LID dá aos produtores de cacau um bônus de US$ 400 por tonelada, além do preço de mercado, e visa proteger muitos produtores que vivem na pobreza. O LID de US$ 400 a tonelada nas vendas de cacau para a temporada 2020/2021 foi introduzido pelos países da África Ocidental no ano passado, de acordo com o Face2Face Africa.
Essa guerra comercial não durou muito, pois Gana e Costa do Marfim venceram. Foi a segunda vez em dois anos que os dois países tiveram fabricantes para conceder acordos. Com o movimento de Gana no sentido de processar seu próprio cacau, o mundo, e não apenas a Suíça, experimentará uma enorme escassez, já que Gana é responsável por cerca de 45% do cacau mundial.
*Correspondente internacional do Negrê na África (Gana e Nigéria).
Foto de capa: Fotógrafo Presidencial Oficial.
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Novieku Babatunde Adeola é jornalista e profissional de RP freelance, de dupla nacionalidade (Gana e Nigéria). Sua paixão surge da necessidade de mudar a narrativa na África e na diáspora. Trabalhou com várias organizações de mídia locais e estrangeiras. Atua como correspondente internacional do Negrê em África (Gana e Nigéria).