Neste domingo, 15, Lewis Hamilton, 35, voltou a fazer história na Fórmula 1 e no esporte mundial. Depois de largar da 6ª posição e ter alguns problemas durante a prova, o piloto inglês venceu o Grande Prêmio da Turquia, realizado em Istambul, e conquistou o 7º título mundial da carreira, igualando o recorde histórico de Michael Schumacher como os dois maiores campeões da principal categoria do automobilismo.
Desde o primeiro dia de treinos, na última sexta-feira, 13, não só Hamilton, como todos os outros pilotos tiveram bastante dificuldade no circuito, que teve o asfalto recapeado há duas semanas. Além disso, a água na pista tornou o desafio ainda maior para todos. No treino classificatório do sábado, 14, os problemas se mostraram ainda mais palpáveis, e Lewis se classificou apenas em 6º. O companheiro de Mercedes, Valtteri Bottas, único que poderia impedir que o inglês fosse coroado campeão já neste final de semana, iria largar da 9ª posição.
Pode-se dizer que, levando em consideração o desempenho nos dias anteriores, talvez não fosse esperado que as Mercedes se recuperassem. De fato, o finlandês Bottas rodou na primeira curva e fez uma corrida para esquecer, terminando apenas em 14º lugar. Mas com Hamilton, a situação foi bem diferente. Administrando bem os pneus em péssima condição de pista, travando bons duelos contra os adversários e se agarrando a uma estratégia certeira, o maior vencedor de GPs da história da F1 chegou à liderança e dela não saiu mais até o final da prova.
Pelo rádio, após receber a bandeira quadriculada, Hamilton agradeceu à equipe e disse, emocionado: “Essa vai para todas as crianças por aí que sonham com o impossível. Vocês conseguem. Eu acredito em vocês”. Como homem negro, vindo de família humilde e que sempre sonhou em apenas chegar à Fórmula 1, chegar a 94 vitórias e a sete títulos mundiais é muito além daquilo que imaginou, como ele mesmo falou nas entrevistas do dia.
Vê-lo ocupar aquele espaço, que a sociedade racista coloca como não sendo dele, e mais ainda, vê-lo dominar e ser fundamental para um esporte historicamente cheio de preconceitos, é combustível para que todos nós, homens negros e mulheres negras, consigamos sonhar ainda mais alto, por mais distante que esse sonho pareça de nós.
Foto de capa: Reprodução/Instagram Lewis Hamilton.
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Jornalista graduada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Editora-adjunta do Site Negrê e autora do livro-reportagem “Passa a Bola pra Elas” (2021). Apaixonada por basquete, automobilismo e futebol; produz conteúdos sobre a vivência de atletas negros e negras no esporte. É ainda repórter do Novo Basquete Brasil (NBB) em Fortaleza (CE).