Diferente da primeira edição que lotou por três dias o Centro Cultural Arte Pajuçara, localizado no bairro Pajuçara, em Maceió (AL), a II Mostra Quilombo de Cinema Negro será realizada em formato virtual por conta da pandemia do Covid-19. Os filmes buscam fugir às simplificações étnicas, além de trazer a diversidade que é fruto da diáspora negra. As obras podem ser assistidas até o próximo dia, 25, no blog da Mostra. Ao todo, serão exibidos 19 filmes, realização de debates e bate-papos sobre audiovisual e negritude.
“É um momento bem difícil, mas temos a ciência que a Mostra Quilombo de Cinema Negro contribui para a cena artística de Maceió e não poderíamos deixar de produzir mesmo um ano marcado pela pandemia. O Mirante Cineclube assumiu a responsabilidade de trazer o protagonismo, a estética e as narrativas negras por meio desse evento”, destaca uma das curadoras do evento, Rose Monteiro.
Promovido pelo Mirante Cineclube, o evento tem como temática o “Atlântico Negro”, que remete ao conceito do historiador e escritor britânico Paul Gilroy, 64. “O oceano como elemento de travessia e correntezas, o cinema como um lugar de movimento e transformação. Movido pela inquietação e necessidade de discutir e provocar os olhares sobre a presença e a construção negra no audiovisual”, diz um trecho do release enviado à imprensa.
Além da exibição de filmes, o público pode conferir debates e bate-papos sobre cinema e negritude pelo canal do Mirante Cineclube no Youtube.
No sábado, 21, a partir das 16h, será transmitido um bate-papo com o professor, pesquisador e crítico de cinema, Bernardo Oliveira. Na segunda-feira, 23, às 20h, a pauta será a “Participação Negra no Cinema Alagoano”, com as atrizes Wanderlândia Melo e Ticiane Simões e o realizador Ulisses Arthur. Na terça, 24, com Lu Silva, montadora, mestre em Comunicação e Sociedade (UFS), curadora e membro do SERCINE – Festival Sergipe de Audiovisual e da Egbé – Mostra de Cinema Negro de Sergipe, uma conversa sobre a “A Montagem para (Re)Construir, (Re)Encenar e (Re)Escrever a memória”.
Dentre os 19 filmes, três deles foram convidados especialmente para a mostra: Tudo que é apertado rasga, com direção de Fabio Rodrigues Filho, da Bahia; Pattaki, de Everlane de Moraes, uma parceria Cuba/Brasil; e Mwany, do alagoano Nivaldo Vasconcelos. Na abertura do evento, será exibido como obra convidada o longa-metragem alagoano Cavalo, dirigido por Rafhael Barbosa e Werner Bagetti, que segue disponível até o último dia.
A Mostra recebeu nesta edição 79 inscrições de filmes de todo o Brasil. Foram escolhidos 16 curtas, divididos em três sessões: Rastros, Afluências e Devir. O público poderá participar escrevendo sobre os filmes assistidos enviando suas críticas para o portal Alagoar, parceira do evento, juntamente com a Núcleo Zero, Animal Coletivo, Tequilla Bomb e Casa Mutum.
Programação
Filmes (Exibições no blog entre 20 e 25/11)
Cavalo, dir. Rafhael Barbosa e Werner Bagetti – AL (Filme de Abertura
OBS: será necessário preencher um formulário para obtenção de login e senha
Sessão Rastros
Cajá dos Negros, dir. Israel Oliveira – AL
Joãosinho da Goméa – O Rei do Candomblé, dir. Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra – RJ
Princesa do meu lugar, dir. Pablo Monteiro – MA
Ser Feliz No Vão, dir. Lucas Rossi – RJ
Socialights | Jorge Lafond, dir. Noah Mancini – MG
Tudo que é apertado rasga, dir. Fabio Rodrigues Filho- BA (filme convidado)
Sessão Afluências
Ditadura Roxa, dir. Matheus Moura- MG
incêndio, dir. Grenda Costa – CE
Live, dir. Adriano Monteiro – ES
marvin.gif PART II, dir. Marvin Pereira – BA
Pattaki, dir. Everlane de Moraes – CU/BR (filme convidado)
Você Já Tentou Olhar Nos Meus Olhos?, Tiago Felipe – PR
Sessão Devir
Estação Aquarius, dir. Fernando Brandão, Flávia Correia, Jairis Meldrado, Levy Paz, Rayane Góes e Ticiane Simões – AL
Faixa de Gaza, dir. Lúcio César Fernandes – PB
Meninos Rimam, dir. Lucas Nunes – SP
Mwany – AL, dir. Nivaldo Vasconcelos (filme convidado)
Perifericu, dir. Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira – SP* (dia 20 a 22)
Receita de Caranguejo, dir. Issis Valenzuela – SP
Saneamento Trágico, dir. Zazo – AL
Debates e Bate-papos
21/11 – 16h – Bate-papo “Atlântico Negro no Cinema”, com Bernardo Oliveira
23/11 – 20h – Mesa “Participação Negra no Cinema Alagoano”, com Wanderlândia Melo, Ticiane Simões e Ulisses Arthur
24/11 – 16h – Bate-papo “A montagem para (re)construir, (re)encenar e (re)escrever a memória”, com Lu Silva
A exibição será pelo Youtube do Mirante Cine Clube.
Os parceiros da Amostra são Núcleo Zero, Alagoar, Animal Coletivo, Tequilla Bomb e Casa Mutum.
A curadoria do evento é composta por Beatriz Vilela, Janderson Felipe, Lucas Litrento e Rose Monteiro, todos integrantes do Mirante Cineclube. Cavalo será o único filme necessário usar login e senha para assistir. Os interessados devem preencher uma ficha que está disponível no blog.
Foto de capa: Mirante Cineclube.
LEIA TAMBÉM: Editora promove 3ª Festa da Literatura Negra de 21 a 23 de novembro
É Jornalista e escritor. Morador da periferia. Autor de “Os deuses estão embriagados de uísque falsificado” (Sirva-se edições alternativas – Oxenti Records, 2019). Vencedor dos prêmios: IV Concurso de Poesias Jorge de Lima, Secult – AL – 2018, Arte como Respiro, Itaú Cultural – 2020. Editor do site: O que os Olhos Não Veem. Estudante de Letras – Português, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Acredita no jornalismo independente, pautado pela diversidade e pelos direitos humanos.