Após 120 anos, o Estado do Alabama (Estados Unidos) começa a retirar palavras racistas que estão presentes na Constituição Estadual desde 1901. Ano em que os políticos escreveram o documento com uma linguagem discriminatória, tendo em vista seus posicionamentos segregadores da época até então. Ativistas locais lutavam há pelo menos 20 anos pela reformulação da legislação estadual. As informações foram divulgadas em uma publicação do jornal americano The Boston Globe.
As Leis de Jim Crow (1870-1960), que estabeleceram uma grande segregação racial na região Sul dos Estados Unidos entre pessoas brancas e negras, acabaram influenciando também na escrita da Constituição do Alabama. Estado localizado na região Sudeste dos EUA, dentre outros 50 estados. No entanto, o tempo passou e a linguagem racista permaneceu no documento.
Já havia ocorrido dois momentos de luta a favor da reformulação, após protestos dos eleitores do Alabama. No entanto, a campanha de reformulação teve início apenas neste mês de setembro, segundo o jornal The Boston Globe. Um comitê com legisladores e leigos ficou responsável pelo feito. Os defensores dessa ação apontam que a reescrita do documento é um movimento de reparação histórica.
“Parte do trabalho é entender como símbolos têm peso e como eles estão conectados aos sistemas que estruturam instituições públicas, espaços e oportunidades”, pontua o diretor do Monument Lab Paul Farber em entrevista ao The Boston Globe.
Já a política regional diretor do Southern Poverty Law Center, Shay Farley, avalia o ocorrido como uma forma do Estado mostrar a sua rejeição coletiva de supremacia branca. “Devemos remover os vestígios remanescentes de segregação racial e legalizada opressão dos negros do Alabama residentes”, escreveu ela em uma carta encabeçando a nova constituição.
Para a representante, democrata e líder assistente da minoria no Câmara dos Representantes do Alabama, Merika Coleman, ao livrar-se da linguagem racista e desatualizada, o Estado terá uma oportunidade para melhorar a sua reputação.
Foto de capa: Reprodução.
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Jornalista profissional (nº 4270/CE) preocupada com questões raciais, graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É Gestora de mídia e pessoas; Fundadora, Diretora Executiva (CEO) e Editora-chefe do Negrê, o primeiro portal de mídia negra nordestina do Brasil. É autora do livro-reportagem “Mutuê: relatos e vivências de racismo em Fortaleza” (2021). Em 2021, foi Coordenadora de Jornalismo da TV Unifor. Em 2022, foi indicada ao 16º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Jornalista revelação – início de carreira”. Em 2023, foi indicada ao 17º Troféu Mulher Imprensa na categoria “Região Nordeste” e finalista no Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira em 2023 e 2024. Soma experiências internacionais na África do Sul, Angola, Argentina e Estados Unidos.