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Artistas visuais lançam cartilha sobre o uso pedagógico do lambe-lambe

O lançamento da cartilha virtual Lambe-lambe como dispositivo pedagógico acontece às 19h desta quarta-feira, 28, no Instagram da plataforma Lambes Brasil. Também acontecerá uma live com os idealizadores, os artistas visuais Tácio Russo e Milla Serejo. Desde o ano passado, os arte-educadores vem assinando juntos intervenções urbanas pelo Recife (PE). O fio condutor da parceria entre ambos é refletir sobre o espaço urbano

Russo, nascido e criado em periferias da zona norte do Recife, enquanto slammer e poeta, ele cola seus poemas e outras intervenções pela cidade em lambe-lambes. Milla é do estado do Rio Grande do Norte e veio para Recife, em Pernambuco, na expectativa de poder se reencontrar com a arte e as intersecções com a cidade. Juntos, Milla e Russo criaram o Laboratório Labirinto, que pretende promover ainda mais projetos e experimentações de reflexão sobre arte contemporânea no ambiente urbano

História

A principal finalidade do lambe-lambe era publicitária. Foi criado no século XIX como mais um dos desdobramentos da Revolução Industrial (1760-1840). Mas no século XX, governos, artistas e designers também passaram a utilizar esse formato de mensagem como meio de expressão. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), esse era um dos principais métodos de difusão de ideias dos regimes políticos.

No momento pós-guerras, o lambe-lambe é incorporado mais fortemente aos movimentos de contracultura que, através deles, respondem às condições socioeconômicas em que o mundo foi deixado após os conflitos armados. É nesse momento que o lambe-lambe se adere às vanguardas artísticas da época e começa a ser incorporada à cena da arte urbana. 

Potência

Apesar da resistência de diretorias escolares em aceitar a ideia, a arte que toma as ruas da cidade é muito potente, inclusive para a relação de ensino e aprendizagem dentro das escolas. Por isso, profissionais da arte e da educação acreditam que iniciativas que inserem elementos da arte urbana em sala de aula são essenciais. 

Intervenções artísticas com lambe-lambe realizadas na comunidade do Entra Apulso (Zona Sul de Recife), na qual as moradoras fundadoras Dona Aurora e Dona Rita são homenageadas. Foto: Divulgação. 

“Quando a gente começou a desenvolver esse projeto, a gente considerou o lambe como qualquer papel que esteja colado na parede. E, a partir disso, a gente entendeu que a escola já é cheia de lambe e que é uma ferramenta efetiva. Mas, o que é que a escola escolhe colocar na parede e o que ela não permite?”, questiona Milla.

O material entrelaça a ciência da arte urbana e da pedagogia e instrui o passo a passo para execução do lambe-lambe. Esse processo é voltado para os educadores, que podem utilizar essa prática em sala de aula, online ou presencialmente. “A gente acha importante continuar pensando novas formas de diálogo entre o fazer artístico e o espaço público”, defende Russo.

A cartilha foi construída com a consultoria de Ariana Nuala, educadora e curadora; Patrícia Naia, professora, escritora e produtora cultural; Luana Félix, atriz, professora de teatro e produtora cultural; Altino Francisco, arte educador, e Alberto Pereira, artista visual e criador da plataforma Lambes Brasil. A iniciativa também teve o apoio da Lei Aldir Blanc.

Saiba detalhes

Lançamento da cartilha “Lambe-lambe como dispositivo pedagógico” e conversa com realizadores

Quando: 28 de abril, quarta-feira
Horário: às 19h 
Onde: Instagram @lambesbrasil 

Foto de capa: Divulgação. 

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