Um dos nomes mais comentados do futebol feminino nos últimos dias é Barbra Banda. Nascida em Lusaka, capital da Zâmbia, a atacante de 21 anos (que, apesar de jovem, é a capitã da seleção zambiana) faz a primeira participação em Olimpíadas e está pavimentando uma bela história: é a primeira jogadora a marcar dois hat-tricks consecutivos no torneio e, com isso, também carrega a artilharia da competição feminina, com seis gols.
A avalanche de acontecimentos dos últimos dias são apenas a ponta de uma trajetória ligada ao futebol, que teve início desde cedo. Aos seis anos de idade, mais precisamente. E a maior inspiração da infância era o próprio pai, que a levava para jogar. Até que outra paixão entrou de vez em sua vida durante a adolescência e dividiu as atenções com o futebol: o boxe.
Barbra disputou alguns torneios amadores no esporte e alcançou bons resultados. Segundo a própria atleta, ela nunca perdeu uma luta. Para tudo isso, também tinha uma grande inspiração: a boxeadora de Zâmbia Catherine Phiri, primeira africana a conquistar o título de peso-galo do Conselho Mundial de Boxe.
As maiores pretensões no boxe foram ficando de lado quando Banda foi convocada para participar da Copa do Mundo de Futebol Feminino Sub-17, em 2014, na qual Zâmbia faria sua primeira aparição. No torneio, a seleção caiu na fase de grupos.
Em 2018, a atacante foi morar na Espanha para jogar profissionalmente no Logroño. Quando Barbra chegou, a equipe fazia sua estreia na elite do futebol espanhol e surpreendeu com boas campanhas nas temporadas seguintes (11º lugar em 2018/19 e 7º lugar em 2019/20, com direito a um vice na Copa da Rainha). Por lá, Banda marcou 15 gols em 28 jogos. Em 2020, transferiu-se para o Shanghai Shengli, da China.
Barbra Banda não faz história somente a nível individual; ela também faz parte da primeira equipe de futebol feminino da Zâmbia que se classificou para as Olimpíadas. Esse é o 5º país africano a participar do torneio, que abriu espaço para o futebol de mulheres apenas em 1996 e tem a Nigéria como participante mais recorrente, com três aparições (2000, 2004 e 2008).
No primeiro duelo olímpico, as Cooper Queens enfrentaram a Holanda na partida com mais gols da história do futebol feminino nos Jogos: 10 a 3 para as holandesas. Mas o que fez com que o mundo voltasse os olhares para Barbra foi justamente o fato de ela ter marcado os três gols de Zâmbia do confronto.
No jogo seguinte, Banda ampliou sua vantagem na artilharia ao marcar mais três gols no empate em 4 a 4 com a China. Com isso, ela se tornou a primeira jogadora a anotar dois hat-tricks na história das Olimpíadas.
Contra o Brasil, Banda não conseguiu fazer muito, pois foi muito bem marcada pela defesa, que aparecia em peso para desarmá-la e impedir a progressão da jogada. A derrota por 1 a 0 contra as brasileiras, apesar de ter decretado a eliminação de Zâmbia das Olimpíadas, é um jogo que deve ser exaltado por tudo o que foi feito pelas atletas africanas, que estavam com uma jogadora a menos ao longo de quase toda a partida.
Com a determinação, a faixa colada no braço e o faro de artilheira, Barbra Banda certamente seguirá escrevendo outros excelentes capítulos de sua história no futebol feminino mundial.
Foto de capa: Getty Images.
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Jornalista graduada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Editora-adjunta do Site Negrê e autora do livro-reportagem “Passa a Bola pra Elas” (2021). Apaixonada por basquete, automobilismo e futebol; produz conteúdos sobre a vivência de atletas negros e negras no esporte. É ainda repórter do Novo Basquete Brasil (NBB) em Fortaleza (CE).