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Comunidades quilombolas estarão pela primeira vez no Censo do IBGE de 2022

As comunidades quilombolas serão recenseadas como grupo étnico no Censo demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A conquista provém do trabalho árduo feito pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) após anos de luta para o reconhecimento dessa população.

Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 6.000 comunidades quilombolas espalhadas pelo território. No entanto, aproximadamente 400 comunidades, apenas, são reconhecidas oficialmente pelo governo brasileiro. As demais, são consideradas “agrupamentos” ou “localidades” quilombolas, pelo levantamento da Agência IBGE, realizado em 2019.

Nunca houve, de fato, em 150 anos desde a realização do primeiro censo no Brasil, uma pesquisa contundente em relação as populações quilombolas, tão numéricas no território brasileiro. Isso se deve a lentidão do governo em reconhecer este grupo étnico, tornando ainda mais demorado o desenvolvimento de iniciativas que garantam a essa comunidade o gozo de seus direitos como membros da federação.

Essa demora por parte do governo, em identificar e reconhecer os agrupamentos quilombolas, não permitiu que fossem coletadas informações abrangentes a respeitos dos mesmos. Além de que esse grupo étnico tivesse voz e força para melhorar o cenário das pessoas e comunidades quilombolas no Brasil, constantemente negligenciadas. 

A CONAQ alcançou a inclusão das comunidades quilombolas como grupo étnico no Censo de 2022. Isso após diversas reuniões realizadas com os técnicos do IBGE, no intuito de buscar metodologias e estratégias para a realização dos devidos levantamentos estatísticos referente às comunidades.

No Censo Demográfico de 2022, serão usados critérios de autoidentificação para levantar dados, como a quantidade de pessoas que se identificam como quilombolas e a quantia de quilombos existentes no Brasil atualmente. O recenseamento será realizado por quilombolas treinados pelo IBGE. 

O coordenador da CONAQ, Denildo Rodrigues (Bico), conclui: “O censo quilombola é uma conquista histórica, ele é muito importante para que a gente possa se autodeclarar quilombola, já que isso influencia na criação de políticas públicas, além de identificarmos quantas comunidades e quilombolas existem no país. Foram décadas de luta. Importante dizer que essa é mais uma conquista da CONAQ entre tantas outras que a gente já conquistou ao longo do caminho”.

*Com informações da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e do Mídia Ninja

Foto de capa: Marta Antunes.

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