A estudante de engenharia civil na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba (MG), Ana Luiza Nascimento, 23, lançou uma vaquinha online para bater a meta de R$ 30 mil da bolsa para o curso de Business English e Management (Inglês Empresarial e Gerenciamento), na Universidade de Ohio, nos Estados Unidos.
Ana Luiza foi aprovada pela Universidade de Ohio em 19 de outubro e contemplada com uma bolsa de 50% pela Latin America Institute of Business (LAIOB) Experience para realizar o curso durante duas semanas em julho de 2021. Entretanto, mesmo com o desconto de 50%, Nascimento terá que pagar R$19.552,50* (USD 3950,00) para realizar o curso, além dos gastos com as passagens e a emissão de documentos (passaporte, visto e seguro saúde) que juntos totalizam R$ 30 mil.
Segundo Ana Luiza, realizar o curso em Ohio é uma forma dela conseguir o primeiro emprego após se formar em março de 2021. “Como estou me formando, agora estou na jornada do primeiro emprego. Atualmente, estou prestando processos seletivos de estágio ou trainee em áreas relacionadas à Engenharia Civil. Muitos dos cargos exigem inglês avançado e envolvem habilidades de liderança. Então, por isso, o curso de Inglês Empresarial e Gerenciamento, em uma universidade americana, é um diferencial bem grande no meu currículo e pode me ajudar e muito a abrir portas”, explica.
Filha de mãe solo, Ana Luiza é a primeira da família a cursar o ensino superior. Sua mãe e outras mulheres pretas da sua família trabalham com serviços domésticos e Ana Luiza vê o seu ingresso na universidade também como uma forma de ‘escapar’ desses serviços. “Minha mãe trabalha com serviços domésticos assim como várias outras mulheres pretas da família. Hoje, eu vejo que existe uma relação quase hereditária entre as mulheres da minha família e esse tipo de serviço”, enfatiza.
Ana Luiza contou ao site Negrê também que, durante a graduação, trabalhou fazendo faxinas a fim de ter uma renda extra para pagar um curso de inglês e ir ao VTEx Day 2019, após ser selecionada pelo Movimento Black Money, e poder assistir a palestra do Barack Obama, 59, primeiro presidente negro dos EUA.
Ao realizar um curso de inglês público, no qual precisava fazer um percurso de oito quilômetros a pé, uma vez por semana, Ana Luiza começou a sonhar em fazer um intercâmbio. Quando ingressou no ensino superior, em uma universidade pública em sua cidade, a estudante tentou se inscrever em diversos processos seletivos para mobilidade acadêmica, mas não conseguiu.
Sendo a primeira mulher negra eleita para um cargo de liderança da empresa júnior da Engenharia Civil, Via Jr Consultoria e Projetos, da UFTM, Ana Luiza fez vários estágios, atividades extracurriculares e voluntariados, como na Fundação Estudar e atualmente na Village Marie Haiti. Uma Organização Não-Governamental (ONG), que atua reconstruindo comunidades no Haiti, com o objetivo de ingressar no mercado de trabalho após se formar.
A estudante finaliza falando sobre a importância de ter sido aprovada na Universidade de Ohio. “Ser aprovada para cursar essa especialização na Universidade de Ohio, para mim, significa estar quebrando um padrão. Significa permitir que minhas filhas e netas possam trilhar caminhos diferentes do serviço doméstico, contribuir para que no futuro elas não sejam as únicas mulheres negras nos espaços que frequentarem. Significa que consegui pegar o pouco recurso que tive e transformar em algo grande, pelo fato de ter sido ensinada a ser resiliente e persistente. Significa recompensar os esforços que minha mãe teve na vida. Enfim, significa muito, mas muito mesmo! Não só pra mim, mas pra outras mulheres como eu”.
Saiba como ajudar
A vaquinha da Ana Luiza está disponível aqui.
Instagram: @analuizanascimentto
Twitter: @_analuizansm
LinkedIn: Ana Luiza Nascimento
*O valor do curso está variando de acordo com a cotação do dólar.
Foto de capa: Ana Luiza Nascimento/Arquivo Pessoal.
LEIA TAMBÉM: Mulher preta lança vaquinha para bolsa de universidade em Los Angeles
Sou um emaranhado de sonhos! Escrevo para me transformar e transformar o mundo! De amor e conexão pela escrita, escolhi o jornalismo como profissão. Hoje, sou Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) com o objetivo de contribuir, cada vez mais, para que a Comunicação e o Jornalismo sejam antirracistas.