A Futurismos Ladino Amefricanas (F.L.A), plataforma idealizada pela feminista negra, pesquisadora, produtora cultural e multiartista Sanara Rocha, lançou sua primeira revista digital sobre perspectivas negras e indígenas urbanas do Brasil, a Nzila Apó, na quarta-feira passada, 24. Com o objetivo de transformá-la em uma mensagem para o futuro, a publicação ficará disponível, de forma permanente, no site Yumpu, com link de acesso disponibilizado no Instagram da F.L.A.
Por meio de ensaios poéticos sobre a terra e com referência ao conceito “Ladino Amefricanidade”, da intelectual negra Lélia Gonzalez, a Nzila Apó foca em reflexões sobre o Brasil através do olhar futurista, com fotografias e escritos de Sarana Rocha, Tina Melo, Laís Machado, Diego Alcântara, Xan Marçal, Laura Franco e Luiz Guimarães.
“Como Lélia nos lançou essa mensagem-conceito na garrafa lá na década de 70 e nos apontou que o Brasil precisaria reparar também o silenciamento das narrativas indígenas, se livrar do imperialismo norte-americano e se entender muito mais negro e indígena do que latino ou ibero-americano se quisesse realmente ser livre, fincamos nossa revista como um caminho, como pistas futuristas desse aquilombamento”, explica Sanara Rocha.
Além disso, os autores, em suas escrevivências, trazem seus territórios, como os entendem e como refletem em suas artes, extensões das suas estéticas de vida. Há também a abordagem de temas como mestiçagem, branquitude, gênero, colonialidade, disputas narrativas dentro da linguagem popular, entre outros, a partir desse aldeamento entre essas artistas(es) nordestinas e nortistas, que trazem para o centro do debate as questões e tensões estruturais, sexistas e racistas.
Sobre a Nzila Apó
A Nzila Apó é mais uma iniciativa da F.L.A, que abriu convocatória para artistas negres e indígenas e a subsequente exposição online Abre O Olho – Jikula Ô Messu. A partir de 5 de abril, o projeto traz a obra multilinguagem A Mulher Sem Cabeça, uma performance-ensaio rito-musical dividida em dois experimentos audiovisuais: uma vídeo-performance intitulada Corpo Ebó, prenúncio para uma ficção futurista amefricana audiovisual intitulada A Mulher Sem Cabeça.
Com editoria e curadoria textual de Maria Paim e Sanara Rocha, a publicação reforça a coletividade como força motriz para fortalecimento dos símbolos e construção da memória de pessoas diversas, complexas e com particularidades culturais que formam e são a cara do Brasil, que ainda pode e é reinventado através das ressignificações afro-indígenas.
A Nzila Apó é contemplada pelo Prêmio Anselmo Serrat Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Matos, Prefeitura de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.
Saiba mais:
Futurismos Ladino Amefricanas (F.L.A):
Instagram: @futurismos_la
Facebook: Futurismos Ladino Amefricanas
Acesse a Revista Nzila Apó aqui.
Foto da capa: Caboclo de cobre/Divulgação.
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Sou um emaranhado de sonhos! Escrevo para me transformar e transformar o mundo! De amor e conexão pela escrita, escolhi o jornalismo como profissão. Hoje, sou Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) com o objetivo de contribuir, cada vez mais, para que a Comunicação e o Jornalismo sejam antirracistas.