Neste domingo, 14, Lewis Hamilton, 36, ganhou o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1 e chegou à 101 vitórias na carreira. Mesmo depois de ter recebido duas punições (cinco posições por trocar uma unidade do motor e desqualificação da classificação realizada na sexta-feira), o piloto inglês fez 25 ultrapassagens no fim de semana, que, no final das contas, garantiram a ele o lugar mais alto do pódio (e uma onda de carinho do público brasileiro presente em Interlagos).
Ainda na sexta-feira, Hamilton garantiu a primeira posição na classificação, à frente do adversário direto no campeonato, o holandês Max Verstappen, 24. Contudo, horas depois, o carro do britânico ficou sob investigação dos comissários da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) porque a asa traseira não cumpriu com os 85 mm máximos de abertura. Apenas na tarde de sábado veio a decisão: Hamilton largaria do último lugar para o Sprint Qualifying, corrida rápida que definiria o grid de largada da corrida no domingo.
Nesse meio tempo, Verstappen também ficou sob investigação, mas por outro motivo: um fã brasileiro que estava na arquibancada filmou quando o holandês tocou justamente na asa traseira do carro de Hamilton, o que não é permitido por regra quando os veículos estão no parc fermé (parque fechado). Max foi apenas multado em 50 mil euros e, com a punição de Lewis, herdou o 1º lugar para a classificação sprint.
Durante as 24 voltas da classificação, Hamilton teve um desempenho impecável e ultrapassou 15 carros, chegando em 5º lugar. Nas três primeiras colocações estavam Valtteri Bottas, 32, companheiro de equipe do inglês, Verstappen e Carlos Sainz, 27, da Ferrari.
No entanto, Lewis Hamilton já sabia que perderia mais cinco posições no grid, após trocar uma unidade de potência do motor. Ou seja, de 5º colocado, novamente ele cairia, dessa vez para o 10º lugar. Mas, depois do desempenho de sábado, o sentimento era de que o domingo reservava uma excelente corrida, daquelas que só Interlagos consegue proporcionar.
Na largada deste domingo, Hamilton ganhou algumas posições. Algumas voltas depois, após três entradas de safety car, ele já estava em 3º, atrás apenas de Verstappen e seu companheiro de equipe, Sergio Perez, 31. Ao longo de toda a corrida e depois dos pit stops, o piloto inglês parecia ter um desempenho muito superior ao dos rivais. Ele e o holandês travaram uma disputa incrível na pista, com Hamilton levando a melhor nas voltas finais e disparando na liderança, para o delírio da torcida presente no circuito.
Lewis Hamilton colocou mais de 10 segundos de diferença entre seu carro e o de Verstappen e cruzou a linha de chegada em 1º, consagrando sua terceira vitória no Brasil. Foi então que o momento mais emocionante do dia aconteceu: Lewis pegou uma bandeira do Brasil e a ergueu dentro do carro, assim como seu ídolo Ayrton Senna (1960-1994) fazia em suas vitórias. Uma cena simbólica que trouxe boas lembranças a quem viu Senna em ação e deixou os novos fãs de automobilismo completamente maravilhados. Um amor que transborda fronteiras.
Agora, Hamilton continua em 2º lugar no campeonato de pilotos, 14 pontos atrás de Max Verstappen, com três corridas para o fim. Se o octa vem, não sabemos, mas Lewis vai dar o seu melhor até o último minuto.
Até hoje, nenhum piloto tinha vencido a corrida em Interlagos largando depois da 8ª posição. Mas Hamilton o fez largando de 10º, superando mais uma marca, em um país pelo qual tem tanto carinho. Em entrevista à jornalista Mariana Becker, da Band, Lewis falou que gosta do Brasil por ter pessoas parecidas com ele. “Aqui eu não me sinto uma minoria”, disse. Também falou que percebeu que foi mais vaiado em corridas ao redor do mundo depois que passou a se posicionar mais a favor daquilo que acredita.
Mas aqui, não. Aqui, Lewis recebeu todo o amor e respeito que um heptacampeão mundial que já fez tanto dentro e fora do esporte merece. E nós não podíamos estar mais gratos em ver grandiosidade e história sendo escrita na nossa terrinha. Obrigada, Lewis. O Brasil te ama.
Foto de capa: Divulgação/Twitter.
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Jornalista graduada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Editora-adjunta do Site Negrê e autora do livro-reportagem “Passa a Bola pra Elas” (2021). Apaixonada por basquete, automobilismo e futebol; produz conteúdos sobre a vivência de atletas negros e negras no esporte.
