O Programa de Intercâmbio Sul-Sul “Caminhos Amefricanos” será lançado pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR) na próxima segunda-feira, 31, a partir das 14h, no Palácio Cristo Rei, Praça Gonçalves Dias, Centro, em São Luís (MA). O projeto tem como objetivo promover a socialização de conhecimentos, experiências e políticas públicas que contribuam com a redução e superação do racismo no Brasil a partir da Cooperação Sul-Sul em intercâmbios de curta duração, particularmente, em países africanos, latino-americanos e caribenhos.
A iniciativa visa estimular o intercâmbio de curta duração no exterior em países africanos, latino-
americanos e caribenhos. O Ministério também informou que vai assinar um protocolo de intenções com a Universidade de Brasília (UnB) para oferecer bolsas de mestrado para sete estudantes no Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais da UnB. A secretária-executiva do Ministério, Roberta Eugênio, destacou o pioneirismo da iniciativa. “É o primeiro programa de pós-graduação voltado para populações quilombolas”.
Marcelle Decothé, assessora especial de assuntos estratégicos do MIR, falou sobre os primeiros passos do Caminhos Amefricanos. “A gente pretende mobilizar no seu primeiro eixo, os professores, estudantes de licenciatura. Vamos fazer essa articulação junto com a Colômbia em um memorando de entendimento, um acordo com operação para um intercâmbio de professores quilombolas, aqui no Brasil”, disse.
O programa tem o intuito de fortalecer a Lei nº 10.639 de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira. Isso é uma forma de ressaltar a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira, desde a diáspora negra, com o deslocamento forçado de africanos ao Brasil.
Mulheres no exterior!
Neste mês de julho, ainda como parte das políticas de ensino superior para a equidade racial, o MIR lançou o programa de bolsas de doutorado e pós-doutorado sanduíche no exterior para mulheres negras, quilombolas, indígenas e ciganas. Serão investidos aproximadamente R$ 7 milhões; resultado da parceria entre o Ministério da Igualdade Racial (MIR), da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), das Mulheres, dos Povos Indígenas, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A iniciativa faz parte do Programa Atlânticas – Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência, do MIR. O lançamento oficial ocorrerá no próximo dia 31 de julho.
A ministra Anielle Franco, 39, destacou a importância de investir na educação dessas mulheres. “Nós, mulheres negras, precisamos estar em todos os espaços de decisão. Várias vezes o sistema diz que não é pra gente, mas a gente tem exemplos de mulheres como a professora Zélia Amador (professora emérita da UFPA), e tantas outras, que abriram caminho pra nós”, declarou. A declaração foi dada no lançamento do programa realizado em Belém do Pará, na quinta-feira passada, 20.
Inspiração
O nome do projeto homenageia a pesquisadora negra sergipana Beatriz Nascimento (1942-1995). A ativista do movimento negro criticava a postura considerada por ela como despreocupada e negligente tanto da academia, quanto das pesquisas por não haver aprofundamento sobre a história do povo negro no Brasil, bem como de suas origens africanas.
A historiadora Beatriz Nascimento nasceu em Aracaju (SE), mas aos sete anos de idade, mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro (RJ). Graduou-se em História na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez pós graduação na Universidade Federal Fluminense (UFF) e, quando faleceu, estava cursando Mestrado em Comunicação pela UFRJ.
Como participar
Para concorrer ao programa de bolsas do Programa Atlânticas – Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência, é necessário que as participantes estejam regularmente matriculadas em curso de Doutorado reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ou que tenham concluído programa de pós-graduação igualmente reconhecido pela CAPES em qualquer área de conhecimento. As interessadas poderão concorrer a, pelo menos, 45 bolsas de doutorado sanduíche e de pós-doutorado oferecidas no exterior.
*Com informações da Agência Brasil e do Ministério da Igualdade Racial
Foto de capa: Luna Costa/MIR.
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