Milton Gonçalves foi ator, diretor e ativista brasileiro, nascido em Monte Santo de Minas (MG), em 1933. Reconhecido como um dos mais importantes do Brasil pelo pioneirismo no cinema e nas telenovelas como ator negro, deixou sua marca no cenário nacional das artes cênicas não só por meio da atuação, como também da representatividade. Faleceu na última segunda-feira, 30, em sua casa no Rio de Janeiro, após complicações causadas por um AVC, aos 88 anos.
Gonçalves teve diversas profissões antes de encontrar a paixão pela atuação. Em São Paulo, para onde se mudou com a família ainda jovem, trabalhou como alfaiate, gráfico e sapateiro, até chegar à plateia de um teatro. Ali, ficou maravilhado ao ver um peça ao vivo e a cores. A partir daquele momento, Milton passou a fazer parte de um grupo de teatro amador e desenvolveu habilidades no palco.
Sua primeira atuação profissional foi num teleteatro, na peça dirigida por Augusto Boal, “Ratos e Homens”, de 1957. Em 1960, fez uma participação na séria “O Vigilante Rodoviário” pela TV Tupi, dando início à carreira na televisão brasileira. Milton Gonçalves fez parte do primeiro grupo de atores da Rede Globo, sendo por um longo período o único negro da emissora. Atuou em grandes sucessos da TV como “Sinhá Moça”, novela indicada ao Emmy Internacional. Por meio de sua atuação, também transformou a visão do homem negro na sociedade, ao interpretar o papel de um psiquiatra na telenovela “Pecado Capital”, tipo de personagem em que se cabia apenas o estereótipo branco.
Obras icônicas da televisão e do cinema brasileiro como “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, “A Grande Família”, “A Favorita”, “Carandiru”, “O Tempo Não Para” e “As Filhas do Vento” também contaram com o trabalho de Milton Gonçalves.
Além de ator e produtor, Gonçalves era um ser político, que se preocupava em trazer visibilidade e criar lugares para o povo negro no Brasil. Chegou até a se candidatar como governador no Rio de Janeiro em 1994.
“Quebrei barreiras minha vida inteira”, disse Milton Gonçalves em entrevista à revista Quem. E, de fato, o ator e ativista mineiro abriu caminho para muitos outros atores negros que vieram depois dele no cinema, na televisão e no teatro brasileiros. Seu legado nunca será esquecido.
Foto de capa: Divulgação.
LEIA TAMBÉM: Turnê Maracacongo estreia em Recife nesta terça-feira
Ouça o episódio #01 do Saúde Preta podcast – Por que falar sobre saúde da população negra?
Apoie a mídia negra nordestina: Financie o Negrê aqui!
Durante toda a minha formação, o ler, o escrever e o dialogar sempre me causaram entusiasmo; logo percebi que comunicar e trocar vivências me faz crescer, e por que não profissionalmente? Desde que aproximei meus laços com minhas origens, sou interessada principalmente em questões étnico-raciais e anseio colaborar com um Jornalismo que traga voz às narrativas pretas. Graduanda em Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM), estagiei em uma agência de comunicação, produzindo e revisando textos publicitários.