Em todo fevereiro, é comemorado o Mês da História Negra nos Estados Unidos. O evento celebra a realização e as conquistas dos afro-americanos. Durante os 28 dias do segundo mês do ano, diariamente telejornais norte-americanos fazem lembretes, homenagens às pessoas negras e contam marcos importantes da história do povo, que compõe mais de 13% da população do país. Mas quando e como começou esse feito?
No ano de 1969, dois estudantes americanos negros propuseram, juntamente com a União dos Estudantes Negros da Universidade De Kent, na cidade de Kent, estado de Ohio (Estados Unidos); um mês dedicado anualmente a história negra e afro-americana. A celebração começou a ser realizada em fevereiro de 1970 e vem acontecendo até os dias de hoje, só que a verdade é que nem sempre foi assim. Na realidade a ideia inicial foi uma semana dedicada à história, e não um mês e o responsável; sendo o historiador Carter G. Woodson (1875-1950), lá em 1926.
Carter lutou e conseguiu que a segunda semana de fevereiro se tornasse a “Semana da História Negra”, ou em inglês, Negro History Week. A escolha da data não foi em vão, uma vez que coincide com o nascimento de dois importantes nomes para a história negra dos Estados Unidos. Abraham Lincoln (12/02/1809-15/04/1865) e Frederick Douglass (14/02/1818 -20/02/1895).
Relevância
O objetivo do historiador Carter G. Woodson era trazer para as escolas públicas americanas a história preta no país, mostrando a todos a importância de ensinar as novas gerações as lutas e os feitos realizados no passado. Sua ideia não só deu muito certo, como acabou se perpertuando por todo o país, virando pauta de diversos jornais da época, popularizando-se nas décadas seguintes; e despertando, anos depois, não só o interesse em transformar a Semana da História Negra no Mês da História Negra. Assim como também provocou em prefeitos dos Estados Unidos o desejo de transformar a data em feriado.
Infelizmente, algumas pessoas se opuseram, alegando que, como o objetivo era acrescentar a história negra nas escolas americanas, não havia a necessidade de dedicar um mês a isso. Todavia, mesmo com tais contraposições, fevereiro tornou-se o momento dedicado a história preta no país.
Países, como Reino Unido, Canadá e República da Irlanda também aderiram posteriormente a data. De fato, esse é um marco muito grande para os americanos. A prova disso é que, em 2020, a Mattel lançou uma edição especial com barbies pretas de diversos estilos em homenagem. Durante fevereiro, mesmo em meio à pandemia do Covid-19, diariamente os enunciados mostravam eventos realizados por todo o país.
Da cidade de Miami ao Texas, por toda a América, era possível encontrar eventos artísticos rodeados por milhares de pessoas negras, que, mesmo à distância, orgulhavam-se e sentiam-se, depois de décadas de humilhação e sofrimento, devidamente representados.
*Rhaissa Sousa foi correspondente internacional do Negrê para os EUA entre julho de 2020 e junho de 2021
Foto de capa: Cottonbro/Pexels.
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Com o coração dividido entre Jornalismo e Turismo, sempre teve na escrita a terapia mais relaxante. Já morou em três países, visitou quatro, mas seus pés estiveram presentes em oito. Ama viajar e é altamente ligada a projetos sociais, tendo sido voluntária por quase um ano em uma creche comunitária. Recém mãe de primeira viagem, tem como objeto principal fazer a filha crescer em um mundo melhor para os negros. Atualmente, está fazendo um intercâmbio na Flórida (EUA), onde ficará por um ano e usará dessa experiência uma ótima oportunidade para mostrar que os pretos(as) podem viajar, trabalhar e usufruir do lado bom da vida.