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Psicólogo e colunista do Negrê ministra curso sobre masculinidades negras

“Introdução ao campo das masculinidades negras” ministrado pelo psicólogo e colunista do Site Negrê, Paulo Gonzaga, 29, foi lançado no dia 16 de setembro e está com as inscrições abertas. O curso online foi desenvolvido para ser um espaço de ensino, que convida os integrantes a reflexões e trocas a respeito dos pilares e nuances que constroem essa temática.

As aulas ocorrerão nos dias 30 de setembro e 7 de outubro e abordarão as seguintes temáticas:

• A história das masculinidades
• Igreja Católica e discussões de gênero
• Masculinidade hegemônica
• A colonização e as masculinidades
• A naturalização da masculinidade
• A virilidade masculina
• Os homens negros no Brasil
• Homem negro e teoria higienistas
• Homem negro e a mídia televisiva
• Caminhos possíveis para construir novas formas de existir

Além dos temas apresentados, o curso oferece diversos materiais sobre
masculinidades negras, além dos materiais inclusos nas aulas. Das 20 vagas disponíveis, cinco pessoas pretas poderão usufruir da modalidade “pague quanto puder”, preenchidas por ordem de inscrição.

Em entrevista para o Negrê, o colunista enfatiza a importância e urgência deste tema. Ele denuncia que o genocídio do povo preto está associado também à construção do homem. “Muitos de nós somos construídos através de traumas, do racismo e do patriarcado. É preciso compreender que o patriarcado branco não nos serve, não nos privilegia. Na verdade, ele é um braço do genocídio da população preta. A gente não pode colar nas nossas costas o ideal do homem branco, que é colar nas costas a nossa morte”.

Um diálogo necessário

A masculinidade imposta aos homens negros afeta não apenas a liberdade,
individualidade e expressão desses indivíduos, bem como suas afetividades, ou seja, todos os envolvidos na vivência desses homens.

Em seus textos para o Negrê, o psicólogo dissertou diversas vezes a respeito do tema, considerado por ele como o mote para a grande maioria de suas escritas. “A ideia de ministrar esse curso surgiu quando eu comecei a escrever sobre isso e acessar diversos homens pretos que vinham conversar comigo e trazer suas questões. E várias mulheres pretas que falavam sobre a relação com esses homens.”

Paulo é um homem negro baiano de Axé. As exigências sobre seu sexo, sua cor e origens atravessaram sua vida desde muito cedo. “Na minha juventude eu comecei a me questionar, o que é ser homem? Qual é o meu lugar enquanto homem negro na sociedade? Eu não conseguia me ver nessa perspectiva do homem negro, de um homem forte e viril, nem na lógica do homem branco.”

Questionar a construção do masculino em justaposição às expectativas do negro na sociedade brasileira se mostra necessário. Jovens negros se deparam desde cedo com um modelo criado para eles, mas que precisa ser questionado e reavaliado. Sobre isso, Paulo conclui: “É importante que, enquanto homens negros, construamos estratégias pra exercer nossa masculinidade de uma forma afetiva e cuidadosa, que não nos mortifique e não mortifique os nossos.”

Foto de capa: Tima Miroshnichenko/Pexels.

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