A Festa Literária das Periferias (FLUP) começa nesta quinta-feira, 29, e segue pelos próximos finais de semana: até 1º de novembro e de 6 a 8 de novembro. Normalmente, o evento acontece na cidade do Rio de Janeiro, em territórios excluídos dos tradicionais circuitos literários. Devido à pandemia do Covid-19, a 9ª edição será transmitida no Facebook e no Youtube da FLUP. A participação é gratuita, como sempre foi o acesso à feira nos anos anteriores.
Desde a primeira edição em 2012, a festa já reuniu mais de 100 mil pessoas e 500 autores nacionais e internacionais. Neste ano, deve ter um alcance inesperado de público. “Os festivais estão perdendo uma de suas principais características, que é o lugar dos encontros, das trocas, da criação da rede de relações. Por outro lado, estão ganhando um público que nenhum festival do mundo sequer sonhou em ter”, explica Júlio Ludemir, um dos fundadores da FLUP.
A programação se divide em dois momentos durante os finais de semana. No primeiro, haverá o Ciclo Lélia Gonzalez, homenageando a autora em questão. No segundo, serão feitos painéis internacionais, com autores de seis cidades: Paris, Edimburgo, Madrid, Lisboa, Berlim e Joanesburgo.
A batalha de poesia Queer (Slam Cuir) permeia toda a programação. Na abertura de cada rodada, serão apresentadas performances de poetas de diversos países: Argentina, Colômbia, República Dominicana, Chile, entre outros. A semifinal e a final serão exibidas também no Toronto International Festival of Authors (TIFA) – o maior e mais antigo festival de palavras e ideias do Canadá. O Slam Cuir é um prévia para o Slam das Américas, competição prevista para 2021.
O Laboratório de Narrativas Negras e Indígenas para o Audiovisual é uma formação que faz parte do calendário da FLUP há três edições. Oferece 40 vagas para potenciais roteiristas, 20 destinadas a autodeclarados negros, as outras 20 aos declarados indígenas. A formação consiste em encontros virtuais semanais com alguns dos mais importantes roteiristas da TV Globo.
Conhecida pelas rodadas de debates, a FLUP traz vozes poderosas que dialogam com a população periférica. Como a do filósofo camaronês Achille Mbembe, 63, autor de Crítica da Razão Negra e Necropolítica, cujo nome também é tema da sua mesa de discussão. Outras participações que merecem destaque são Djamila Ribeiro, 40, Carla Akotirene, 36, Juma Xipaya, 24, Dorinha Pankará, 55, e Cacique Babau.
Prêmios
A iniciativa dos amigos e produtores culturais, Ecio Salles (1969-2019) e Julio Ludemir, foi reconhecida com os prêmios Faz Diferença, de 2012, oferecido pelo jornal O Globo, e com o Prêmio de Excelência, em 2016, da Feira do Livro de Londres. Em 2020, a Flup é finalista do Prêmio Jabuti, indicada na categoria “Fomento à Leitura”.
Festa Literária das Periferias (FLUP) 2020
Quando: 29, 30, 31 de outubro e 1, 6, 7, 8 de novembro
Mais informações: http://flup.net.br/
Foto de capa: Divulgação.
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Quando criança, sonhava em ser escritora. Hoje, é graduada em Letras e Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. Produtora cultural, simpática, TCC nota 10 e faz tudo.