Escrita Negra

Aos nossos

Aos nossos
O resto dos outros
É o que resta pros nossos?
Cansado das dores já naturais, mas ainda sim me choco
Óbvio, triste de viver com a dor do óbito
Da dúvida do caminho que é certo e do que é lógico
Vida real, sem game, sem controle analógico
Parcela a vida em vezes que não vale os impostos
É um descaso, desgraça em claro, é notório
Quem deveria se importar, é importante de carro importado, e assim só eu me importo
Sei bem que tal preocupação nunca existiu mais apagada do que um fóssil.
A eles não recorro, mas também não corro, e assim eu cobro.
Porque esse sangue que sangre
Sangra em diversos corpos
Corpos como os nossos
Sangue dos nossos
Numa guerra que não é nossa
Mas quem guerreia é o nossos
Das armas que não são nossas
Mas armados são os nossos
Cheios de bala, mas sem vidas
Porque quem morre também são os nossos
Na dívida insistente que quem paga é os nossos
Sempre o povo nosso
Só dores aos nossos
Só ódio aos nossos
Não amor ao nossos
Pra eles carne de primeira
E o que resta pros nossos
São ossos…
E o que será de nós
Se não for nós
ao lado dos nossos?
Tentam apagar tudo,
Chances, vitórias, histórias dos nossos
E pra que não reste somente nossos ossos
Que seja eu por você, você por mim
E nós pelos nossos!

Foto de capa: Shantum Singh/Pexels.

LEIA TAMBÉM: Jornalistas negros participaram de intercâmbio profissional nos Estados Unidos

Ouça o episódio #01 do Saúde Preta podcast – Por que falar sobre saúde da população negra?

Apoie a mídia negra nordestina: Financie o Negrê aqui!

Compartilhe: