O ator Jeremy Tardy, 29, intérprete do personagem Raschid Bakr, na série Cara Gente Branca (Dear White People), produção do estúdio Lionsgate para a Netflix, revelou na última sexta-feira, 11, sua saída do elenco da quarta temporada. Jeremy divulgou em suas redes sociais uma série de tuítes em que explicava sua motivações.
Segundo as informações publicadas pelo próprio Jeremy, sua equipe enviou um contraproposta para o cachê oferecido pela Lionsgate para a nova temporada, mas recebeu uma negativa do estúdio, que o informou que não haveria negociação e aquele seria o único valor disponível. No entanto, um outro ator da série, branco, conversou com Jeremy e disse que havia negociado seu cachê com o estúdio.
Após a publicação, a Netflix informou que as negociações com elenco e equipe são responsabilidade da Lionsgate. Já o estúdio emitiu comunicado oficial, por meio do site de notícias sobre TV e Cinema nos Estados Unidos Deadline, informando que a recusa da contraproposta está relacionada apenas a questões financeiras.
A nota diz: “Esta foi uma negociação puramente financeira em relação aos termos do negócio. A Lionsgate está comprometida com o tratamento igual para todos os atores, independentemente de raça, sexo, idade ou orientação sexual. Estamos muito orgulhosos de Cara Gente Branca e seu lugar no debate nacional sobre igualdade racial e justiça social. Estamos ansiosos para iniciar a produção em sua quarta temporada”.
Veja abaixo o comunicado do ator no Twitter:
“Infelizmente, não irei me juntar ao Dear White People da NETFLIX em sua quarta e última temporada, devido à minha experiência com a Lionsgate e suas práticas de discriminação racial. Depois de receber uma oferta para voltar em vários episódios, minha equipe foi notificada de que nossa contra-oferta não seria considerada e que a oferta inicial era a “melhor e final”. Esta notícia foi perturbadora porque um dos meus colegas brancos – sendo um verdadeiro aliado – revelou que também eles tinham recebido a mesma oferta inicial e tinham negociado com sucesso uma contra-oferta. Minha equipe expressou essa questão para a Lionsgate e os produtores mantiveram sua posição de que o ator branco era capaz de negociar enquanto eu não – independentemente de meus créditos e experiência. Com esta informação, seis membros recorrentes do elenco, junto comigo, se uniram na segunda-feira, 30 de agosto para repassar as ofertas iniciais da Lionsgate. Nossa postura era nos movermos poderosamente como uma unidade no processo de negociação e, mais importante, permanecer por princípio porque não se trata apenas de uma questão monetária. Todos nós estávamos cientes das notórias disparidades salariais entre pessoas de cor e nossos colegas brancos nos programas da Netflix e da Lionsgate; então isso o tornou flagrantemente óbvio. No entanto, nosso poder de negociação coletiva foi prejudicado por ofertas paralelas e falta de transparência. Essas táticas levou alguns indivíduos a fazerem negócios antes que o grupo coletivo recebesse um processo de negociação justo e equitativo.
Essas empresas recentemente divulgaram declarações e até mesmo doações em apoio ao movimento Black Lives Matter. Estou chamando suas práticas vergonhosas de discriminação e desigualdade racial em relação a como eles têm pessoas de cor historicamente subestimadas e menosprezadas.
Falar politicamente correto e gestos simbólicos não o isentam da responsabilidade diária de fazer negócios de maneira justa e equitativa. O fato de que isso ocorreu nos bastidores de um programa que pretende abordar questões sistêmicas de racismo e discriminação exibe a própria epítome da hipocrisia. Lionsgate. Netflix. Eu te vejo. Nós vemos você.”
Sobre a série
Cara Gente Branca é uma série lançada em 2017, na Netflix, inspirada no filme homônimo de 2014. A série tem três temporadas disponíveis no catálogo e uma quarta e última temporada em produção.
Cara Gente Branca acompanha Sam White e seus amigos, um grupo de jovens composto majoritariamente por negros, numa universidade onde a maioria é branca, nos EUA. Através do programa de rádio que dá título a série, eles falam sobre racismo, apropriação cultural, relacionamentos inter raciais, colorismo, e muito mais, gerando vários embates com os brancos da universidade.
Foto de capa: Adam Rose/Netflix.
Formada em Jornalismo e com especialização em mídias digitais, a baiana tem dedicado sua carreira ao mercado audiovisual há oito anos, quando iniciou na área. Já atuou como produtora executiva em obras para a televisão e em diversas funções dentro da produção de uma obra. Apaixonada por filmes e séries, se considera uma viciada que assiste mais de seis obras por semana.