A Agência Pública, através de uma apuração de dados de 8,5 milhões de pessoas que receberam a primeira dose das vacinas contra o Covid-19 aprovadas e aplicadas no país, conclui que existem mais pessoas brancas que negras imunizadas contra o Coronavírus no Brasil.
A vacinação no Brasil teve início no dia 17 de janeiro com uma mulher negra, a enfermeira Mônica Calazans, 54, que também já recebeu a segunda dose no último dia 12 de fevereiro. Na ocasião, o Brasil já registrava 210 mil mortes em decorrência da doença. No entanto, conforme a Agência Pública, há cerca de duas pessoas brancas para cada uma pessoa negra vacinada.
“A desigualdade permanece se considerarmos a divisão da população brasileira: há menos negros vacinados em relação à quantidade de brasileiros que se declaram negros quando comparada à população branca que foi vacinada”. É o que diz o relatório da Agência.
Realidade e estrutura
A realidade é esta mesmo que no Brasil, a população seja composta por 119,2 milhões de negros e 88,7 milhões de brancos, segundo os últimos dados do IBGE (2019). E ainda que, do Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde incluir populações negras dentre os grupos prioritários, a Pública apurou, no Brasil, há 3,2 milhões de pessoas que se declararam brancas e que receberam a primeira dose de uma vacina contra o Covid-19. Agora entre a população negra, esse número cai para pouco mais de 1,7 milhão.
A diferença nos números de imunização entre brancos e negros é ainda mais preocupante devido à desigualdade da mortalidade pelo Coronavírus no Brasil. Pessoas negras são o maior número entre os casos registrados de Covid-19 no Brasil e também das mortes.
As principais vítimas do racismo ambiental são as populações pobres e negras, além de indígenas e quilombolas. Questões, como raça, gênero, classe e idades são essenciais para se refletir em quem são os mais vulneráveis e que devem ser beneficiados por políticas públicas efetivas.
“A expressão máxima da soberania reside em grande medida, no poder e na capacidade de ditar quem pode viver e quem deve morrer (…) matar ou deixar viver constituem os limites da soberania, seus atributos fundamentais”. É o que diz o filósofo camaronês Achille Mbemb, 63.
Saiba mais
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Foto de capa: Gustavo Fring/Pexels.
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