O psicólogo e colunista do Negrê, Paulo Gonzaga, 30, lançou a segunda edição do curso “Introdução ao campo das masculinidades negras” nesta terça-feira, 3. As inscrições estão abertas e as aulas ocorrerão nos próximos dias 20 e 27 de janeiro, de 18h às 21h. Com material incluso, a formação online foi desenvolvida para ser um espaço de ensino, convidando os integrantes às reflexões e trocas sobre pilares e nuances que constroem a temática.
Em entrevista para o Negrê, o colunista enfatiza a importância e urgência desse assunto. Ele denuncia que o genocídio do povo preto está associado também à construção do homem. “Muitos de nós somos construídos através de traumas, do racismo e do patriarcado. É preciso compreender que o patriarcado branco não nos serve, não nos privilegia. Na verdade, ele é um braço do genocídio da população preta. A gente não pode colar nas nossas costas o ideal do homem branco, que é colar nas costas a nossa morte”.
Confira os sub-temas do curso:
• A história das masculinidades
• Igreja Católica e discussões de gênero
• Masculinidade hegemônica
• A colonização e as masculinidades
• Masculinidades negras
• A naturalização da masculinidade
• A virilidade masculina
• Os homens negros no Brasil
• Homem negro e teorias higienistas
• Homem negro e a mídia televisiva
• Caminhos possíveis para construir novas formas de existir
Além dos temas apresentados, o curso oferece diversos materiais sobre
masculinidades negras, além dos materiais inclusos nas aulas. Das 20 vagas disponíveis, cinco pessoas pretas poderão usufruir da modalidade “pague quanto puder”, preenchidas por ordem de inscrição.
Um diálogo necessário
A masculinidade imposta aos homens negros afeta não apenas a liberdade,
individualidade e expressão desses indivíduos, bem como suas afetividades, ou seja, todos os envolvidos na vivência desses homens.
Em suas colunas no portal do Negrê, o psicólogo dissertou diversas vezes a respeito do tema, considerado por ele como o mote para a grande maioria de suas escritas. “A ideia de ministrar esse curso surgiu quando eu comecei a escrever sobre isso e acessar diversos homens pretos que vinham conversar comigo e trazer suas questões. E várias mulheres pretas que falavam sobre a relação com esses homens”.
Paulo é um homem negro baiano de Axé. As exigências sobre seu sexo, sua cor e suas origens atravessaram sua vida desde muito cedo. “Na minha juventude eu comecei a me questionar, o que é ser homem? Qual é o meu lugar enquanto homem negro na sociedade? Eu não conseguia me ver nessa perspectiva do homem negro, de um homem forte e viril, nem na lógica do homem branco”, disse.
Questionar a construção do masculino em justaposição às expectativas do negro na sociedade brasileira se mostra necessário. Jovens negros se deparam desde cedo com um modelo criado para eles, mas que precisa ser questionado e reavaliado. Sobre isso, Paulo conclui: “É importante que, enquanto homens negros, construamos estratégias pra exercer nossa masculinidade de uma forma afetiva e cuidadosa, que não nos mortifique e não mortifique os nossos”.
Confira detalhes
Curso “Introdução ao campo das masculinidades negras”
Datas: 20 e 27/01/23
Horário: 18h às 21h
Formato: online
Investimento: R$ 80 (modalidade 1) / Qualquer valor a partir de R$ 10 (modalidade 2 – exclusiva para pessoas negras)
Inscrições: aqui!
Material incluso
Foto de capa: Emmanuel Ikwuegbu/Pexels.
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Durante toda a minha formação, o ler, o escrever e o dialogar sempre me causaram entusiasmo; logo percebi que comunicar e trocar vivências me faz crescer, e por que não profissionalmente? Desde que aproximei meus laços com minhas origens, sou interessada principalmente em questões étnico-raciais e anseio colaborar com um Jornalismo que traga voz às narrativas pretas. Graduanda em Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM), estagiei em uma agência de comunicação, produzindo e revisando textos publicitários.