São raças tituladas
Pelas roupas usadas
Pela forma falada
E até na “mania andada”.
De forma descontrolada, eles pensam:
“Esse aí não vale nada!”.
E sempre agem desse jeito
Sem um pingo de respeito
Por eu ser do gueto
Me rotulam desse jeito
“Saiam do meio
Porque é só mais um preto do gueto
Sendo preto, com esse cabelo crespo
Que não merece um pingo de respeito”.
Pois muito prazer, sim, sou eu mesmo
O próprio negro!
Vestido por dentro e por fora em 50 tons de preto
São 50 marcas
50 formas faladas
50 histórias contadas
São 50 jeitos pra dizer que sim
Eu sou da raça!
Não só mais um “pretinho vadio” pelo mundo
Com o passado obscuro
Que muitos rotulam como VABAGUNDO!
Eles falam sem pensar
Agem sem raciocinar
Só em me ver na rua, passam pro outro lado achando que eu vou assaltar
E eu sigo tranquilo…
É menos um no meu caminho
Pra não me tratar como bicho
Ou até mesmo como lixo
Porque no mundo dessas pessoas não existe a ideia de RESPEITO.
Pra eles isso é difícil
É mais fácil eles criarem um PRÉ-CONCEITO
E me conceituam de formas mais “criativamente”
Mas é engraçado que pra essas pessoas eu só não sou GENTE!
Hashtag EU NÃO SOU MACACO! Isso é coisa de louco!
Agradeço a cada um que deve ter usado tal tag,
mas quem foi chamado de macaco,
não quer ser chamado de novo.
Ou foi lá no Facebook e postou #TamoJuntoMaju
Mas quando vocês vê os preto na rua, vocês julgam de 1 por 1
Coisa incrível, mas anormal.
Já percebeu que pra polícia
preto sempre vai ser o suspeito principal?
E ainda há quem diga que não existe racismo no Brasil
Mas aqui se morre portando o celular, furadeira,
e até o guarda-chuva vira fuzil!
E a matemática na prática é que todo dia morre preto
Em números é um verdadeiro holocausto negro!
Mas sorrisos e lágrimas ao povo que tem a pele pintada de dor e de beleza
Ao lindo cabelo que tem em sua cabeça
E velhice que quase não chega
Coragem pra falar, coragem pra andar
E muita força que a gente tem pra esse mundo enfrentar
Então salve a todos os pretos!
Mandela, Luther King, Ali
Marielle, Dandara, Zumbi
Entre tantos, Jesus
Porque se esse não fosse preto, nem teria ido pra cruz!
Mas é assim, onde tem preto, tem felicidade
Como diz o samba: negro é a raiz da liberdade.
E como canta Crioulo, também tenho orgulho em cantar:
“Eu, tenho orgulho da minha cor
Do meu cabelo e do meu nariz
Sou assim e sou feliz
Índio, cabloco, cafuzo, criolo
SOU BRASILEIRO!”.
E pra todo aquelas que ainda me olham com maldade
Eu me apresento:
Sou, Michael Rizzi, Preto!
O ladrão de mau-caráter.
Foto de capa: Igor Barbosa.
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Rapper, MC e poeta cearense. Junto de amigos, produziu um evento de hip-hop chamado “Um Bom Lugar”, no bairro Curió, em Fortaleza (CE). Fez parte do movimento #tamojuntocurio, na época da grande chacina de Messejana. Já fez alguns trabalhos como educador social, pela Central Única das Favelas (CUFA-CE). Participa de rodas de conversas e palestras sobre vários temas, em especial sobre racismo. É MC no “Baile de Favela 4town”, uma festa de artistas que visa mostrar a diversidade e as potências das favelas, como também levar diversão. Já foi apresentador de um programa de TV chamado “Na’zaria” pela na TvC/CE, que mostrava um pouco da história, das lutas e dos movimentos de favelas de Fortaleza.
