Radar Negro

Conheça as jogadoras negras da Seleção Brasileira Feminina de Futebol

Atualizado às 21h42 do dia 29/07/2021

A Seleção Brasileira de Futebol Feminino estreou nas Olímpiadas de Tóquio com goleada sobre a Seleção da China por 5 a 0, na última quarta-feira, 21. E em seu segundo jogo neste sábado, 24, empatou por 3 a 3 contra a equipe da Holanda.

Com boa apresentação nas duas partidas até agora, o time treinado pela sueca Pia Sundhage, 61, está em busca do inédito ouro olímpico para futebol feminino brasileiro. Com a classificação encaminhada, confira as atletas negras que atuam nos Jogos de Tóquio 2020, representando o Brasil.

Formiga

A baiana Miraildes Maciel Mota, 43, mais conhecida como Formiga, chegou nas Olímpiadas de Tóquio 2020, como recordista em participações no jogos representando a camisa amarela e verde. Até o momento, disputou sete edições e conquistou duas medalhas de prata.

Formiga, 43. Foto: Sam Robles/CBF.

Em 9 de Junho de 2019, na Copa do Mundo Feminina disputada na França, foi a jogadora mais velha a entrar em campo. Perto de sua aposentadoria, a volante atuará pela última vez em Jogos Olímpicos e também irá defender o clube São Paulo.

Ela é uma das maiores representantes do futebol feminino dos últimos anos. A camisa 8 é a a atleta que mais atuou pela seleção brasileira, segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Dados que incluem a modalidade feminina e masculina.

É para representar todas aquelas que foram proibidas naquela época. Não pode ser em vão os esforços delas. Temos que dar continuidade. Eu fico feliz de poder falar: obrigada meninas, por suportarem tudo. Por darem oportunidade de tantas jogarem futebol. Estou aqui representando vocês”, declarou Formiga.

Marta

Dispensando apresentações, a alagoana Marta, 35, é seis vezes campeã da Bola de Ouro (cinco de maneira consecutiva), como melhor jogadora do planeta. Atualmente, joga pelo Orlando Pride (EUA).

Marta, 35. Foto: Sam Robles/CBF.

A rainha é vice-campeã mundial e tem duas medalhas de prata em Olimpíadas (em Atenas, 2004, e em Pequim, 2008). Ela disputa sua quinta edição de Jogos Olímpicos e é a mulher de mais sucesso no futebol feminino.

A camisa 10 da seleção iniciou sua carreira na base do CSA e, em 1999, foi contratada pelo Vasco da Gama, onde jogou pela equipe profissional de 2000 a 2002. Com a verde e amarela, Marta possui duas medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos, 2003 e 2007. Também tem um vice-campeonato na Copa do Mundo realizada na China.

Na estreia em Tóquio contra a China, a atacante se tornou a primeira jogadora de futebol a marcar em cinco edições seguidas dos Jogos Olímpicos. Em 2019, após a seleção brasileira ser eliminada pelas donas da casa, na Copa do Mundo da França, ela também ficou marcada por sua fala emocionada no fim da partida.

A gente pede tanto, pede apoio, mas a gente também precisa valorizar. A gente está sorrindo aqui e acho que é esse o primordial, ter que chorar no começo para sorrir no fim. Quando digo isso é querer mais, treinar mais, estar pronta para jogar 90 e mais 30 minutos e mais quantos minutos forem necessários. É isso que peço para as meninas. Não vai ter uma Formiga para sempre, uma Marta, uma Cristiane. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Pensem nisso, valorizem mais. Chorem no começo para sorrir no fim”, declarou a rainha.

Andressa Alves

A ponta-esquerda, Andressa Alves, 28, nasceu em São Paulo (SP) e joga pelo clube Roma, na Itália. Em 2016, foi a primeira brasileira a ser contratada pelo Barcelona, da Espanha.

Andressa Alves, 28. Foto: Sam Robles/CBF.

Aos 18 anos, iniciou sua carreira no Juventus (SP) e já atuou na Copa Libertadores Feminina e na Copa América nos anos de 2014 (em que foi campeã) e 2018. Também foi convocada para os Jogos Pan Americanos em 2015 e Jogos Olímpicos em 2016.

Na lista original para as Olímpiadas, Andressa estava como uma das quatro suplentes. Mas depois que as organizações do Jogos mudaram regras da competição, que permitiram a inscrição de mais quatro jogadoras, Pia chamou as quatro, entre elas, a atacante paulista.

Estamos chegando bem preparadas, claro que têm seleções que são favoritas, mas quando a gente veste essa camisa do Brasil temos sempre que lutar pelo primeiro lugar”, evidenciou a atacante.

Bárbara

A goleira Bárbara, 33, nascida em Recife (Pe), está disputando a sua quarta Olímpiadas. A pernambucana defende atualmente o clube Avaí/Kindermann, mas começou sua carreira no Sport de Recife.

Bárbara, 33. Foto: Sam Robles/CBF.

Pela seleção brasileira tem o vice-campeonato do mundial de 2007, bicampeonato pan-americano em 2007 (Rio de Janeiro) e 2015 (Toronto). Tem também a medalha de prata no Pan de 2011 (Guadalajara) e nas Olimpíadas de 2008 (Pequim).

É minha quarta e última Olimpíada e espero que seja com a medalha de ouro. É muito difícil chegar até a seleção, mas permanecer é bem pior. Quem já passou por aqui e quem ainda está aqui sabe bem disso. A primeira luta é para estar aqui, e mais uma vez eu estou tendo essa oportunidade de disputar mais uma”, disse a goleira.

Geyse Ferreira

A alagoana Geyse Ferreira, 23, já vestiu a camisa do Corinthians, mas atualmente joga na Espanha pelo clube Madrid CFF, e também já teve passagem pelo Benfica, no Portugal.

Geyse Ferreira, 23. Foto: Sam Robles/CBF.

Estreando nas Olímpiadas, Geyse começou sua história no futebol nas areias de Maragogi (AL), sua cidade natal. Em 2019, a atacante nordestina disputou pela primeira vez, na seleção principal, a Copa do Mundo Feminina, que foi realizada na França.

Passei por várias dificuldades em todos os aspectos, como sofrer lesão e não ter assistência. Tenho amigas que jogam e treinam todos os dias após o trabalho, pois não conseguem viver do futebol”, contou em uma entrevista ao jornal Extra. “Conheço meninas que recebem propostas, largam tudo, não recebem o combinado e fica tudo por isso mesmo. É horrível ter descaso. Somos guerreiras”, disse a atacante.

Ludmila

Estreando nos Jogos Olímpicos, Ludmila, 26, tem se destacado na seleção feminina nos últimos anos. Ela nasceu em Guarulhos (SP) e, atualmente, é atacante do Atlético de Madrid, na Espanha, sendo a primeira brasileira a atuar no time espanhol. No clube, ela é bicampeã espanhola com conquistas nos anos de 2018 e 2019.

Ludmilla, 26. Foto: Sam Robles/CBF.

A jogadora iniciou sua carreira no Juventus de São Paulo e foi convocada convocada para a seleção brasileira pela primeira vez em 2017, pela técnica Emily Lima, 40. A atleta começou no esporte praticando atletismo durante a adolescência, mas não demorou muito a seguir para o futebol.

Esse é o sonho de todas as meninas que vêm, desde pequenininhas, vendo Marta, Formiga e Cristiane nas Olimpíadas, na Copa do Mundo. Para mim, não é diferente. Estar aqui realizando esse sonho é uma conquista enorme, não só para mim, mas para minha comunidade. É mostrar para as crianças da favela que a gente pode chegar longe, sonhar alto”, disse Ludmila sobre as Olímpiadas.

Maria Eduarda

A meia Maria Eduarda, 26, nasceu em Araçoiaba, no Recife (PE). Ela atua no São Paulo e é a vice artilheira. São 9 gols em 14 jogos, superando a quantidade e a média de 2020. Foi convocada pela primeira vez para seleção brasileira em 2019, pela técnica Pia Sundhage.

Maria Eduarda, 26. Foto: Sam Robles/CBF.

No início da carreira, teve passagens por Vitória de Tabocas (PE), XV de Piracicaba (SP) e São Francisco (BA). Antes de assinar com o São Paulo em 2020, a meia jogou no Avaldsnes IL, da Noruega, entre 2018 e 2019. A jogadora se mostrou muito feliz por sua primeira Olímpiadas. E já foi um dos destaques nos dois primeiros jogos.

“É muita felicidade! Eu sou muito grata por tudo, principalmente, por essa oportunidade. Estou muito feliz pela confiança das minhas companheiras e isso me ajudou muito nessa partida. Eu acho que é um bom começo, espero ter mais oportunidades”, destacou a Maria Eduarda emocionada em sua estreia pela seleção em dezembro de 2019.

Poliana

A lateral-direita, Poliana, 30, é de Ituiutaba (MG), está em sua segunda Olímpiadas e atualmente joga no Corinthians. Iniciou sua carreira no futebol no Rio Preto de São José do Rio Preto (SP).

Poliana, 30. Foto: Sam Robles/CBF.

Pela camisa da seleção brasileira, foi campeã da Copa América de 2014, e vice do mesmo torneio em 2018. Foi ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2015. Também disputou os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro (RJ) e duas Copas do Mundo Feminina.

Pelo Corinthians, é atual campeã do Campeonato Brasileiro Feminino A-1.

É um sentimento único receber a convocação, poder representar a seleção em mais uma Olimpíada. O sentimento é igual à Copa de 2002, porque me senti igual criança”, afirmou ela.

Bruna Benites

A cuiabana Bruna Benites, 35, é defensora do time feminino do Internacional e está em sua terceira Olímpiadas. Começou sua carreira no Mixto Esporte Clube em 2007, no Cuiabá (MG), e foi campeã da Copa Mercosul de Futebol Feminino em 2008.

Bruna Benites, 35. Foto: Sam Robles/CBF.

Em 2014, pelo São José Esporte Clube, conquistou sua tríplice coroa: o Campeonato Paulista, a Libertadores da América e Mundial de Clubes. Com a camisa verde e amarela, a zagueira foi campeã da Copa América em 2014 e quarto lugar nos Jogos Olímpicos de 2016.

A gente só entende o que a Olimpíada quando está lá. A Pia poderia ter escolhido qualquer outra atleta e escolheu essas 22. É um privilégio. Tenho 35 anos e estou aqui. Procuramos passar para as meninas mais novas o tamanho do privilégio que é”, disse a defensora.

Fotos de capa: Sam Robles/CBF.

LEIA TAMBÉM: Conheça 5 atletas negras brasileiras que vão participar das Olimpíadas neste ano

Ouça o episódio #18 – Pretas nordestinas: Pesquisa Científica:

Apoie a mídia negra nordestina: Financie o Negrê aqui!

Compartilhe: