A pele negra (com sua maior concentração de melanina) tem suas particularidades e peculiaridades e é preciso sempre estarmos todos atentos aos cuidados que devemos ter para um bem-estar desejado. Pensando nisso, o Site Negrê decidiu entrevistar a médica dermatologista pós-graduada em Dermatologia e Medicina Estética Hadassa Barros, 40.
Especializada e apaixonada pela pele negra, como ela mesma diz, a médica baiana é formada há 12 anos e atua em Salvador (BA) e Região Metropolitana. Confira a entrevista na íntegra com suas principais recomendações!
Negrê – Quais são os tipos mais comuns de problemas dermatológicos de pessoas negras? Há problemas específicos em peles de pessoas negras retintas (pele mais escura)?
Hadassa Barros – As principais queixas dermatológicas de pacientes negros são: discromias (manchas escuras e claras), hirsutismo, foliculite, quelóide, vitiligo e acne. Sim, existem problemas que são mais comuns em pessoas de pele negra, como alopecia de tração e quelóides. A forma como as patologias se apresentam na pele negra podem ser diferentes devido às características histológicas, biológicas e estruturais.
N – Popularmente, as pessoas costumam dizer que quem tem a pele negra, possui menos riscos à doenças dermatológicas, e não precisam de proteção solar devido ter a pele “mais resistente”. Quais as explicações para essa “crença popular”? Considerando o Nordeste e a forte incidência do sol por praticamente o ano todo, há alguma vantagem na pele negra, ela está livre de algum problema?
H.B. – A pele negra conta com uma proteção natural à radiação ultravioleta em torno de FPS 13,4. Essa proteção natural já ajuda sim a evitar as patologias de pele relacionadas à exposição aos raios UV e ao envelhecimento cutâneo. Porém, isso não isenta a necessidade do uso do protetor solar já que não é uma proteção completa. Outra situação que devemos prestar muita atenção é que a pele negra tem mais tendência às manchas e, por isso, também o uso do protetor solar é tão importante.
N – Procedimentos tais, como peeling ou outros tratamentos para clarear e uniformizar o tom da pele oferece algum dano ou exige mais atenção em pessoas negras? Quais?
H.B. – Exige mais atenção porque todo processo inflamatório da pele negra pode evoluir com mancha, que chamamos Hiperpigmentação pós- inflamatória. Porém, se realizado com a técnica e produtos corretos, é possível sim realizar esse tipo de procedimento. No caso da pele negra, é melhor pensar em menos agressividade e mais sessões.
N – Qual é a rotina de cuidado básica que as pessoas negras e não-negras devem ter com a pele? Há uma diferença entre pessoas negras de pele mais clara e mais escura? Quais especificamente?
H.B. – Existem 3 passos básicos na rotina de cuidados com a pele: limpeza, hidratação, proteção solar. Estas 3 etapas devem ser personalizadas de acordo com cada tipo de pele e com as situações individuais que cada pessoa apresenta, como por exemplo: manchas, acne e dermatites. Em cada etapa, podem ser associados ativos diferentes de acordo com a necessidade da pele. Existem alguns diferenças como a quantidade de melanina na pele e suas consequências com relação a resposta ao sol e o aparecimento de manchas. Outras células também podem responder de forma diferente, como os fibroblastos e as glândulas sudoríparas e sebáceas.
N – Quais outros aspectos, em relação às características e/ou cuidados com a pele negra, a senhora gostaria de ressaltar? Fica o espaço para as suas considerações finais.
H.B. – A pele negra tende a ser uma pele mais oleosa na face e mais ressecada no corpo por características histológicas, biológicas e estruturais. Claro, que cada caso é um caso e devemos analisar a pele e as suas peculiaridades. As mesmas características da pele negra que são super positivas nos protegendo dos raios UV, do envelhecimento cutâneo, da flacidez, também podem ser os grandes vilões quando falamos sobre manchas e queloides. Então, tudo é questão de uma boa orientação e, principalmente, dos cuidados diários com a pele.
*Com colaboração de Larissa Carvalho
Foto de capa: Arquivo pessoal.
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Cofundadora do Site Negrê, o primeiro portal de notícias e mídia negra nordestina do Brasil. Comunicadora Social/Jornalista graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e Assessora de Comunicação em eterno aprendizado.
