O álbum Muganga (2023), primeiro EP autoral da DJ pernambucana Libra Lima ou IDLIBRA, debutou em todas as plataformas digitais desde a sexta-feira passada, 12. As cinco faixas são um convite à uma pista de dança repleta de uma sonoridade quente e agressiva, que mistura elementos da cultura ballroom com o bregafunk e outras vertentes da música eletrônica brasileira.
‘‘Eu nunca tive medo de experimentar com as possibilidades que existem em comandar uma pista de dança, mas colocar um trabalho autoral pro mundo é outra coisa. Só agora me sinto pronta pra decodificar essas texturas e criar algo que seja realmente meu, expondo o processo atual de uma pesquisa que continua infinitamente em aberto’’. É o que diz Libra Lima, DJ e artista audiovisual.
‘‘Muganga’’ é uma palavra originária da língua Quimbundo, presente no noroeste da África. Por consequência do processo da diáspora africana, Recife (PE) tem em sua linguagem cotidiana este termo, um adjetivo para alguém que tem trejeitos estranhos, característica que sempre perseguiu a vida da artista e agora se torna símbolo de potência em seu mais novo trabalho.
O EP Muganga propõe uma simbiose entre os marcadores políticos, estéticos e corporais de movimentos culturais, como dos funks brasileiros e da cultura ballroom, ilustra a potência da experimentação que a artista propõe em sua linguagem musical. As baterias e synths estridentes em junção com o longo trabalho de sampleamento ilustram o caráter experimental dentro da construção de todo o EP.
Vocais de MCs de bregafunk, cantoras de R&B e samples de grandes nomes da música eletrônica, como a banda britânica The Prodigy, são algumas das referências presentes nos jogos rítmicos criados em cada uma das faixas.
Sobre a artista
IDLIBRA é o projeto musical da artista transdisciplinar pernambucana Libra Lima, que atua tanto no cenário musical como em produções cinematográficas. Co-fundadora da coletiva SCAPA e curadora do palco Kamikaze do Festival Coquetel Molotov, IDLIBRA é DJ desde 2016 e, atualmente, é artista residente da festa Nbomb e dupla de apresentação da cantora pernambucana Uana.
Enquanto pesquisadora, busca mapear as sonoridades oriundas de coletividades racializadas e dissidentes pelo mundo, tendo a experiência da pista de dança como ambiente de experimentação do encontro e desencontro entre essas geografias sonoras.
A música eletrônica é base das suas seleções que flertam com vertentes do afrobeat, vogue, techno e as mais variadas vertentes do funk brasileiro, sempre buscando vestígios que resgatam marcas de ritmos afro e latinos. Já passou pelos principais festivais do seu estado, como MecaBrennand, Guaiamum Treloso, Festival Recbeat e WEHOO, e em várias cidades pelo Brasil, como São Paulo (SP), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Natal (RN) e Maceió (AL).
Assinou a trilha sonora de algumas peças de teatro, como a obra ‘‘Salto’’ do grupo Bote de Teatro e ‘‘Mar Fechado’’ do grupo Agridoce, e está presente no álbum Menga Deluxe (2021) do artista pernambucano Afroito.
Em 2022, fez sua primeira turnê europeia e passou por países, como Alemanha, Estónia e Portugal, protagonizando a música eletrônica brasileira e as possibilidades de interseção entre as mais variadas linguagens sonoras.
Ouça o álbum Muganga:
Foto de capa: Divulgação.
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Quando criança, sonhava em ser escritora. Hoje, é graduada em Letras e Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. Produtora cultural, simpática, TCC nota 10 e faz tudo.