Ceará

Documentário de cineasta cearense resgata ancestralidade negra em Itapipoca

A ancestralidade negra no Ceará ganha um novo olhar através das lentes do cineasta Kiko Alves no documentário Um Lugar Chamado Aruanda. A obra, prevista para ser finalizada no primeiro semestre de 2025, revisita memórias familiares e coletivas de comunidades quilombolas não-reconhecidas em Itapipoca, interior do Estado do Ceará, e fica a 136km da Capital cearense, Fortaleza. O filme encontra-se em fase de edição, através da Mucambo Produções, produtora fundada pelo diretor. 

O projeto nasceu da necessidade de Kiko Alves em encontrar referências históricas negras, uma ausência que sentiu tanto na universidade quanto no audiovisual. A partir disso, começou a mergulhar em arquivos públicos e buscar a história da sua família, uma comunidade de catimbozeiros e remanescentes quilombolas

A ausência de registros genealógicos precisos, reflexo do apagamento histórico, também impulsionou o cearense a transformar sua pesquisa em documentário. A produção Um Lugar Chamado Aruanda tem como ponto de partida as histórias de sua avó, Georgina, e de seu tio-avô, Antônio, expandindo-se para um retrato mais amplo da presença negra no Ceará.

O título do filme faz referência ao conceito espiritual de “Aruanda”, ligado à umbanda e à cultura afro-brasileira. “É um lugar místico, mas também um espaço reinventado por povos negros, tanto na diáspora quanto no presente”, é como define o cineasta cearense. A produção audiovisual também marca uma nova fase no cinema cearense, em que o protagonismo negro anda mais evidente. 

Ao pensar em uma equipe majoritariamente negra e fora do circuito tradicional de produção, Alves enfatiza: “Precisamos de um cinema que traduza nossas estéticas e vivências”

Por meio da Mucambo Produções, produtora fundada pelo diretor, o filme encontra-se em fase de edição. Com o lançamento já planejado, pretende exibir na Terra Indígena Tremembé da Barra do Mundaú, no assentamento rural do Carrapato, onde fora gravado e na sala CINE+, da cidade de Itapipoca (CE). 

Ademais, ele pretende ampliar a iniciativa com um arquivo digital colaborativo, a Sala Preta, para documentar a história da região, e uma publicação impressa sobre suas pesquisas. “É para fazer com que essa pesquisa não fique presa a mim, que outras pessoas consigam utilizá-la”, finaliza o cineasta Kiko Alves.

Foto de capa: Joélia Braga/Divulgação.

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